Após um tempo considerável com o título, porém, devo dizer que Redemption Reapers infelizmente não alcança o elevado patamar dos trabalhos passados de seus desenvolvedores, contendo tropeços consideráveis em sua execução. No entanto, isso não quer dizer que não exista aqui uma aventura com momentos divertidos, especialmente para os fãs de seu gênero que buscam algo novo neste início de ano.
A busca pela redenção
Redemption Reapers nos conta a história de uma luta sangrenta entre a Brigada dos Falcões Cinza e o exército macabro dos Morts, criaturas parecidas com os Orcs de Senhor dos Anéis, que se destacam tanto por sua força quanto por sua violência.
Tendo aparecido de forma repentina no mundo, os Morts logo mostraram a que vieram, com seus soldados sombrios destruindo nação após nação sem deixar sobreviventes. Nesse cenário apocalíptico, a Brigada, malvista por muitos devido ao passado de seus membros, surge como uma das poucas esperanças de vitória da humanidade em uma guerra impiedosa.
Controlando a equipe, que inicia com dois membros, mas pouco a pouco chega ao total de cinco, caberá então ao jogador (você) derrotar os monstros nos mais variados cenários de fantasia medieval que os vinte e poucos capítulos do jogo oferecem.
Se a proposta parece simples, não é um engano; ela realmente o é. Mas a notória falta de ousadia na história e nas mecânicas é parcialmente amenizada por uma jogabilidade simples, mas divertida, que em seus melhores momentos exige que o jogador pense de fato para poder progredir com o pouco que tem em suas mãos.
Seguindo o manual dos SRPGs, até certo ponto
Redemption Reapers segue à risca o manual de instruções dos RPGs táticos por turnos, o que significa que qualquer um que possua um mínimo de intimidade com o gênero se sentirá em casa logo nos primeiros minutos de jogo: posicione suas unidades no mapa dividido em quadradinhos, ataque ou defenda e busque eliminar seus oponentes antes que eles façam o mesmo com você — é básico, mas funciona.
Porém, com um time pequeno para os padrões do gênero (como dito, o máximo de membros da sua party é cinco, e nem todos estarão disponíveis logo de cara), logo os problemas — temos que falar deles, não é mesmo? — começam a aparecer.
O primeiro tropeço diz respeito à dificuldade e ao balanceamento geral do título. Na maior parte do tempo, mesmo no início do jogo, você se verá em cenários que contêm muito mais inimigos que aliados. Até aí, tudo bem, se não fosse o fato de que suas unidades são consideravelmente fracas no início do jogo e de que não há opção de alterar a dificuldade geral (há somente um modo mais difícil, que é liberado após finalizar a campanha).
Essa combinação faz com que qualquer erro ou descuido possa ser fatal, criando uma perigosa sensação de injustiça que acaba acompanhando o título durante toda a sua execução. Particularmente falando, eu não tive tantos problemas em passar dos cenários apresentados na dificuldade padrão, mas consigo visualizar jogadores mais impacientes desistindo antes mesmo de tentar, ao ver as situações às quais a Brigada é submetida.
Outro ponto a se destacar é que, mecanicamente falando, Redemption Reapers é bem simples: não há morte permanente (permadeath), opções de mudança de classe, interações complexas entre os personagens ou grandes mapas para explorar enquanto se progride na história.
Suas duas grandes sacadas são: 1) um interessante sistema de combos, no qual posicionar unidades adjacentes a um mesmo inimigo resulta em movimentos bônus durante um ataque; e 2) o sistema de APs (Action Points) que regula as ações que seus combatentes podem fazer em um turno.
Tanto o sistema de combos quanto os APs exigem que cada movimento, por menor que pareça, seja pensado e planejado. Na prática, isso é capaz de render bons momentos (triunfar sobre um cenário difícil traz aquela prazerosa satisfação comum ao gênero), mas também torna o jogo mais arrastado.
Agir de forma devagar e cautelosa é, de longe, a chave mais segura para progredir em Redemption Reapers. O problema é que nem todos gostarão dessa abordagem, o que pode desembocar em frustração quando se nota que o escopo de estratégias é limitado e que a variação de inimigos e cenários não é lá tão grande assim.
Primor medieval?
É uma pena, pois Redemption Reapers acaba acertando em outros pontos significativos. Como um jogo independente, seus valores de produção acabam se destacando, com cutscenes interessantes, gráficos agradáveis e uma trilha sonora que vale a recomendação. Há até suporte a legendas em português brasileiro, mostrando carinho dos desenvolvedores com o nosso país.
Eu também estaria mentindo se dissesse que não me diverti com a jornada, apesar de seus tropeços serem claros. Há sempre algo atrativo na simplicidade, bem como na questão de “virar o jogo” contra situações adversas. Só é preciso estar ciente dos problemas para evitar frustrações desnecessárias.
Um mundo sombrio claramente imperfeito, mas cativante ao seu modo
Analisando o todo da obra, Redemption Reapers é simples demais para se destacar no cenário atual de RPGs estratégicos. Não obstante, jogadores fãs do gênero que não tenham medo de experiências imperfeitas provavelmente encontrarão divertimento. Bastará somente que as expectativas sejam dosadas.
Prós
- Jogabilidade clássica do gênero fornece familiaridade aos fãs de franquias como Fire Emblem e Final Fantasy Tactics;
- Sistema de combos entre personagens é empolgante e abre espaço para jogadas interessantes;
- Apresentação artística competente e suporte a altas resoluções no PC;
- Trilha sonora cativante;
- Possui suporte ao português brasileiro (legendas).
Contras
- Com pequena variação de inimigos e cenários, não demora para a sensação de monotonia surgir;
- Não há praticamente nada o que fazer fora das batalhas;
- Upgrades limitados;
- Sem opções de dificuldade, não é uma experiência exatamente acessível a quem não tem intimidade com o gênero.
Redemption Reapers — PC/PS4/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Binary Haze Interactive
Análise produzida com cópia digital cedida pela Binary Haze Interactive