Tivemos a oportunidade de jogar um pouquinho do jogo antecipadamente no PC explorando a primeira história dentre os múltiplos capítulos da obra. Embora eu já estivesse intrigado com a obra desde o seu anúncio na Nintendo Direct japonesa do dia 8 de fevereiro, minha experiência com o jogo foi ainda melhor do que o esperado.
Os sete mistérios de Honjo
Inspirado em uma coletânea de lendas urbanas do período em que a cidade de Tóquio ainda era conhecida como Edo, PARANORMASIGHT conta a história de vários personagens que acabam se envolvendo com essas histórias em busca de um misterioso “Rito de Ressurreição”. Cada um deles tem motivações diferentes e a trama explora os conflitos de interesses quando eles se vêem diante da possibilidade de alcançar esse desejo profundo.No primeiro capítulo, acompanhamos a história do jovem Shogo Okiie, um rapaz sem grandes perspectivas de futuro que acaba se envolvendo com os sete mistérios de Honjo por conta de uma conhecida por quem tem bastante apreço. Durante um encontro com ela em um parque à noite, Shogo acaba tendo contato com as lendas urbanas e descobrindo que há mais por trás desses mistérios do que ele esperava.
Em vez de ficar com medo do que está acontecendo, a obra brinca com o papel ativo desse jovem protagonista como um indivíduo movido por suas ambições pessoais. Com um objetivo claro, ele se torna basicamente um “usuário da maldição”, ou seja, alguém que tenta usá-la a seu favor em vez de uma pessoa que sofre os seus efeitos.
Disputas de poderes sobrenaturais
Um detalhe que me chamou a atenção em particular é a forma como o jogo brinca com o conceito de ter indivíduos com a capacidade de eliminar um ao outro em condições bastante específicas. Cada pessoa possui uma certa restrição para ativar esse poder e o sucesso é um passo necessário para ficar mais próximo do Rito de Ressurreição.
O conceito de visual novel muitas vezes deixa as pessoas pensando em uma obra pouco interativa devido ao foco em texto, porém PARANORMASIGHT faz questão de brincar com a perspectiva do jogador e criar uma experiência diferente. Em partes, o primeiro capítulo até lembra um pouco elementos meta da série Metal Gear Solid, mostrando que há um campo fértil que ainda pode ser explorado dentro do gênero, com certa engenhosidade no design.
Além do visual sombrio, há algumas alusões a televisões de tubo nas deformações das imagens e o jogo brinca bastante com perspectiva e presença dos personagens em tela. Em comparação com o usual do gênero, temos uma obra com uma cinematografia muito rica e que explora a fundo o que dá para fazer com mudanças de ângulo, foco e zoom para a construção das cenas.
O resultado é muito envolvente, assim como os efeitos e a trilha sonora, que são fundamentais para a construção da atmosfera, como usual para obras de terror. Curiosamente, mesmo sem dublagem dos personagens, a escrita em inglês é tão fluida e cheia de personalidade que os indivíduos desenhados por Gen Kobayashi (The World Ends With You) parecem vivos e bem expressivos. As únicas vozes presentes no primeiro capítulo são de criaturas fantasmagóricas, reforçando o quão assustadora é a situação.
Brilho oculto de um jogo ainda pouco comentado
Tendo jogado apenas o primeiro capítulo de PARANORMASIGHT: The Seven Mysteries of Honjo, estou profundamente cativado pela proposta, pela atmosfera sombria muito bem conduzida e pelas possibilidades que a obra explora já na sua introdução. Fiquei honestamente surpreso com a alta qualidade de todos os seus elementos e, se a obra conseguir manter o nível até o final, teremos em mãos um belo competidor a um dos melhores jogos do ano.Revisão: Ives Boitano
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Square Enix