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Impressões: Diablo IV (Multi) é um retorno violento ao terror

O clássico dos RPGs volta em sua forma mais brutal e profana.

Antes de iniciar minha jornada no beta fechado de Diablo IV, confesso que eu tinha muitas expectativas e preocupações. Afinal, esse é um lançamento que não apenas carrega a tarefa de ser um bom jogo, mas também o peso de um hiato de mais de 10 anos na franquia desde seu último título principal.

Acredito que um jogo deve ser julgado por si só — sem considerar expectativas e títulos passados — mas nesse caso, também é necessário reconhecer o peso que a franquia carrega. Estamos falando do grande pai dos RPGs de ação, e seu retorno precisa ser triunfal.

Com isso em mente, já posso adiantar: pela experiência do beta fechado, Diablo IV parece trazer todos os elementos de um grande jogo, amarrados por uma temática sombria e brutal que torna explorar o mundo de Santuário uma experiência de tirar o fôlego… mas com algumas pequenas ressalvas.

O terror retorna a Santuário

A primeira coisa que se pode perceber logo de cara é que os veteranos do mundo de Santuário podem dormir tranquilos, sabendo que a franquia está de volta às suas raízes no terror. A abertura do quarto jogo é uma cinemática que já mostra tudo o que o jogador precisa saber dos rumos que essa experiência levará, incluindo visual, atmosfera e história.

O aspecto que mais me interessou em Diablo IV desde o seu anúncio foi a sua atmosfera violenta e pesada, e mesmo após completar o beta fechado, essa continua sendo a minha opinião. Esse é facilmente o maior acerto aqui, e a beleza mórbida deve agradar tanto aos novatos da franquia quanto aqueles que vieram dos antecessores. Para seu retorno, Diablo evoca a atmosfera profana de suas duas primeiras entradas e a fazer valer com um primor visual excelente.


Isso é sentido em praticamente todos os elementos do título, desde os seus mapas — todos muito bem construídos e cheios de detalhes visuais e interativos — até os diálogos e a construção das cutscenes.

A única ressalva que tenho em relação aos gráficos é que o seu personagem pode acabar se misturando com o cenário em alguns momentos. Não é nada que atrapalhe muito a experiência, e as várias opções de acessibilidade incluem colocar um contorno colorido ao redor do protagonista, caso isso seja um incômodo.

Entre espadas e feitiçaria

Entrando na jogabilidade, Diablo IV faz um bom trabalho. Os personagens têm boas animações, com movimentos fluidos e controles precisos. O combate é pesado, mas de uma forma positiva, com golpes violentos e cheios de impacto. Além disso, os inimigos e os cenários reagem aos seus ataques de maneiras satisfatórias, do balançar das árvores ao lançar uma magia a um inimigo explodindo em pedaços após o golpe de um machado.


A forma como você controla o personagem vai variar bastante de acordo com cada classe, e para esse teste, foram disponibilizadas três: O Bárbaro, o Mago e a Renegada. Em uma novidade para a franquia, o jogo traz um criador de personagens, que permite personalizar aspectos como cabelo, cor de pele e tatuagens. Não é nada muito complexo, mas dá um toque apreciado de originalidade para o seu avatar.


E por falar em dar o seu próprio toque, Diablo IV parece trazer uma boa variedade de customização de habilidades e poderes. Eu completei o teste com o Bárbaro, e fiquei satisfeito com as opções disponíveis. Nessa classe, podemos investir em diferentes tipos de habilidades e configurar cada uma delas para usar uma de suas quatro armas, em uma mecânica que me agradou bastante. 

Experimentando as demais classes por um curto período, pude sentir que elas também trazem opções interessantes, com cada uma tendo caminhos diferentes para se seguir. O Mago, por exemplo, tem opções de magias de raio, fogo e gelo, enquanto a Renegada pode usar adagas, arcos e armadilhas. 

As possibilidades se abrem a partir do primeiro ponto investido na árvore de talentos, permitindo personagem desde o começo. Você pode reiniciar suas habilidades e realocar os pontos quando quiser por um pequeno preço, o que significa que há muito espaço para experimentar com as diferentes habilidades ativas e passivas.


Por outro lado, se a árvore de talentos funcionou bem para mim, não posso dizer o mesmo dos itens. Os equipamentos que conseguimos ao longo da jornada são poucos e não muito interessantes, com características que parecem muito irrelevantes. Não dá para se empolgar com um aumento de 1,5% em algum atributo aleatório.

Felizmente, essa decepção não se aplica a todos os casos, já que pude achar itens que dão variedade à gameplay, e parece haver alguns sistemas que podem tornar os equipamentos mais interessantes e aumentar a diversidade de builds, como os aspectos, poderes que você pode adquirir e agregar às suas armas e armaduras.

Por isso, de forma geral, eu diria que a minha impressão dessa parte do jogo foi mais positiva do que negativa. Em alguns momentos, foi bastante satisfatório achar combinações interessantes de habilidades e equipamentos, mas me mantenho cauteloso. Afinal, as ideias parecem ter potencial, mas esse é o tipo de detalhe que só pode ser realmente confirmado quando o produto completo for lançado.

Salve, Lilith

Falando da história, a Blizzard deu uma atenção especial para essa área. Diablo traz pela primeira vez cenas cinematográficas dinâmicas e constantes durante toda a narrativa, e não apenas no começo e final de cada ato. Confesso que eu não esperava muita coisa dessas cutscenes, mas acabei ficando bastante impressionado.


Diablo IV não apenas tem uma história intrigante, como também sabe contá-la de uma forma excelente, com cenas bem dirigidas e bons diálogos. O teste beta inclui apenas as vozes em inglês, que são excelentes, com destaque para a voz de Lilith, que passa medo e conforto. A vilã me pareceu uma ótima adição à franquia, e estou curioso para ver o que será feito com ela e os demais personagens, que também são muito bem interpretados.

Assim, curiosidade é a palavra-chave que define a minha experiência com a trama. Ao terminar o teste, que nos leva até o fim do Ato 1, fiquei realmente interessado em ver a continuação da história e quais rumos ela tomará, e essa foi a minha maior surpresa.

Mundo aberto

A região disponível no Beta, as Cimeiras Fraturadas, apresenta uma boa diversidade de ambientes, desde montanhas geladas até florestas opressivas. Porém, apesar de cenários hiper detalhados e bem construídos, a qualidade do conteúdo do mundo aberto sofre por sua inconsistência.

Uma coisa é certa: há bastante variedade. Entre as masmorras, porões e missões secundárias, alguns conteúdos são bons e outros são desinteressantes. Não é nada que tenha me incomodado de verdade, mas essa diferença em qualidade existe e às vezes é notável.


É bem comum sair de uma missão secundária com uma boa história apenas para entrar em um porão com meia dúzia de inimigos, sem nada chamativo. Porém, esse é um sacrifício quase inevitável ao expandir a franquia para o mundo aberto, e de forma geral, as recompensas desses objetivos parecem boas o suficiente para incentivar a sua realização.

Sobre o multiplayer, além do tradicional modo cooperativo, você também pode encontrar outros jogadores enquanto anda pelo mapa, com exceção de masmorras e zonas da campanha. É uma adição que pode até tirar um pouco a imersão, mas também abre possibilidades legais para interações e conteúdos diferentes.

Diablo IV parece estar tentando ser um jogo de serviço, o que já pode causar uma preocupação em muitos jogadores, inclusive em mim. Não que eu não goste desse estilo, muito pelo contrário, as esse é um tipo de design que domina a experiência do jogo e influencia todas as suas partes, e se for mal-executado no produto final, até os trechos ótimos, como a campanha, podem ser afetados. Porém, não há nenhum grande sinal na demonstração que indique que esse vá ser o caso, o que é animador.

Aterrorizante e promissor


Apesar das críticas, eu adorei cada segundo da minha experiência com Diablo IV. O combate violento, a história e a excelente direção de arte me passaram uma imagem muito positiva de como será explorar Santuário em sua versão final.

Mesmo que alguns sistemas me tragam preocupação, os elementos cumprem bem o seu papel e não devem atrapalhar o jogador. As diferentes mecânicas interagem muito bem entre si, permitindo sentir o peso dos equipamentos e habilidades em golpes brutais e explosões de sangue. É um combate ótimo, lado a lado com um mundo muito bem construído e uma história bastante intrigante.

Falando por mim, mal posso esperar para voltar a Santuário em seu lançamento. Diablo IV chega em 6 de junho de 2023 para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X.

Revisão: Davi Sousa
Impressão feita com cópia digital cedida pela Blizzard.
 
 


Estudante de Jornalismo que é entusiasta de quase tudo envolvendo videogames, jogador de PC e (provavelmente) o maior fã da From Software que você vai encontrar por aqui.
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