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Impressões: Dead Island 2 (Multi) é o retorno da franquia que os fãs esperavam

Continuação passou por quase 10 anos conturbados de produção.

em 13/03/2023

Desde seu anúncio em 2014, Dead Island 2 (Multi) esteve bem próximo da lista de jogos que nunca alcançaram a luz do dia. Muitas pessoas duvidaram, outras acreditaram; no fim, o jogo encontrou o caminho do lançamento com o trabalho do Dambuster Studio, que faz parte da Deep Silver.


No jogo podemos escolher entre seis protagonistas diferentes para adentrar uma história que gira em torno de uma Los Angeles no centro de um surto de apocalipse zumbi, com um elenco de figurões de Hollywood tentando sobreviver ou achar uma cura. Um clássico clichê de zumbi moderno.

Tivemos acesso a uma build completa do jogo, com todos os seis protagonistas e todas as missões principais e secundárias, mas os desenvolvedores fizeram a recomendação de testarmos apenas os primeiros 14 capítulos da história, pra guardar um pouquinho de surpresas no dia do lançamento. Entre muitos crânios partidos e membros cortados, fica nítido que a espera vai valer a pena para todos os fãs da franquia.

Mais sangue, mais sangue!



Logo de cara, o que mais chama a atenção em DI2 é a violência e o nível de detalhe que a equipe da Dambuster investiu na sanguinolência do massacre de zumbis. O novo sistema chamado de FLESH (Fully Locational Evisceration System for Humanoids), ou algo como “Sistema de Evisceração Totalmente Locacional para Humanóides”, permite com que os golpes causem danos de forma procedural, o que garante que cada ataque deixe um impacto grotesco, independente do inimigo.

O FLESH é um sistema que com certeza irá destacar o game e a produtora no mercado, já que o foco do jogo está bem definido em um combate ágil, divertido e MUITO violento. É possível ver claramente cada camada de pele, nervos, ossos e órgãos sendo gradualmente danificados. 

Golpes contundentes com martelos quebram e deformam, enquanto facas e espadas fazem cortes profundos. Não é raro dar um corte na barriga de um inimigo e perceber que o intestino inteiro do zumbi está lentamente escorrendo pra fora, ou atingir um zumbi com um forte impacto de marreta no crânio e perceber que isso expôs um cérebro pulsante.

HELL-A: a bela e infernal Los Angeles



Desviando um pouco do próprio título, DI2 não se passa em uma ilha, mas isso não é problema algum. A escolha de Los Angeles como o local principal do game também é um grande acerto dos desenvolvedores. HELL-A, como eles gostam de chamar esse destino infernal, é vibrante, colorida, extremamente estilosa e muito divertida.

É interessante ver como foi criado um sistema de mundo semiaberto, com várias áreas grandes para serem exploradas, mas que são segmentadas em pequenos mapas individuais, que passam por temáticas diferentes, o que torna cada nova área explorada ainda mais interessante. Por exemplo, se no começo do jogo você está nas luxuosas mansões de Bel-Air, ao seguir a história você se aventura pela praia de Venice Beach, as ruas de Santa Monica e até os estúdios de Hollywood!

Existe um claro cuidado da equipe de narrativa de tornar essa cidade (morta) a mais viva possível. Logo em meus primeiros minutos de jogatina, me perdi explorando uma mansão chamada de Curral do Bode, uma espécie de “Mansão Maromba” hollywoodiana, onde diversos influencers e youtubers criavam conteúdo. Só pelos zumbis dispostos, a forma como a casa é construída e os arquivos de texto e áudios disponíveis no local, você consegue entender claramente a narrativa de um bando de maluco que se matou tentando fazer desafios insanos durante o apocalipse zumbi. Em um ponto mais à frente na narrativa, você volta pra essa mansão para uma pequena missão paralela que agrega ainda mais à história.

Esse pequeno desvio da campanha principal foi algo que chamou a atenção em DI2. Cada localização transpira detalhes que transformam a experiência, traz o jogador para uma atmosférica mais imersiva e dá o tom jocoso e de humor negro da produção.

Novos produtores, mesmo produto



Quem está familiarizado com a indústria de games já sabe da odisséia que foi a produção do segundo título de Dead Island. O jogo original foi lançado em 2011 e alcançou rapidamente o sucesso mundial, sendo sucedido por uma DLC standalone chamada de Riptide. Depois disso, a Techland, produtora original, era a responsável pelo desenvolvimento de DI2, mas, segundo rumores, a empresa abandonou o projeto para focar no que seria o adorado Dying Light.

Depois foi a vez de a Deep Silver encontrar uma nova desenvolvedora para seu jogo. Em 2014, a Yager assumiu o projeto, só para ter sua saída anunciada em 2015, sendo sucedida pela Sumo Digital, que também não ficou fixa no projeto, que por fim acabou nas mãos da Dambuster em 2019.

Mesmo com tantas alterações nos bastidores, DI2 se mantém no nível de seu antecessor e carrega o legado da franquia de forma consistente. É visível que os devs não quiseram reinventar a roda e apostaram no seguro. Obviamente isso tira um pouco do brilho do que poderiam ser as inovações esperadas para um título com quase 10 anos de diferença do seu antecessor. Com o sistema FLESH e todas as vantagens da nova geração, a Dambuster parece ter conseguido encontrar uma unidade entre o que pode ser uma inovação segura e o local comum para o fã médio da franquia. 

O sistema de crafting de armas está de volta, mais simples e descomplicado, mas ainda extremamente útil e divertido. O clássico golpe de voadora está presente desde o início, agora tendo variações dependendo da sua build; o modo berserker demora para dar as caras no jogo, mas ele está lá melhor do que nunca; além de adições como os finalizadores, o sistema de cartas de habilidades e o uso intenso do cenário e de elementos como fogo, choque e veneno para matar as hordas infernais de mortos-vivos

Quem são os caça-zumbis?

É praxe do gênero ter opções variadas de protagonistas, e DI2 apresenta 6 opções. O mais interessante é que, além de ter passivas, opções de habilidades e builds completamente diferentes uns dos outros, cada protagonista tem uma personalidade completamente diferente do outro. Rejogando algumas partes específicas com personagens diferentes é possível perceber que as formas como eles reagem às situações da campanha podem ser completamente diferentes umas das outras.

Jacob


O personagem da capa do jogo é de longe o mais carismático de todos. Com um forte sotaque britânico, Jacob está constantemente fazendo piadas sobre tudo. Suas habilidades são voltadas para dano rápido e consecutivo.

Amy


Amy era uma atleta paraolímpica antes de o apocalipse zumbi explodir. Ela tem uma personalidade otimista e extremamente motivadora, soltando comentários motivacionais ocasionalmente nas cenas. Suas habilidades ficam no campo da agilidade e da eliminação rápida individual de zumbis.

Dani


Dani é a rockeira que abala HELL-A com um dos combos mais poderosos do game, baseado em dano contundente e pesado enquanto recupera vida matando zumbis. Punk rock dos pés à cabeça, Dani é uma das personagens mais “badass” de DI2.

Ryan


Ryan é o personagem mais “chato” dos seis. Ele não tem o humor dos outros protagonistas e se assemelha mais ao cara comum que caiu num apocalipse. Geralmente ele está reclamando de algo, ou assustado com alguma coisa. Sua build é focada no ataque em área e eliminação rápida de zumbis.

Bruno


O mais malandro dos protagonistas (e o mais parecido com o rapper Lil Pump), suas habilidades têm foco no estilo furtivo, ganhando bônus de ataque por matar zumbis pelas costas. Bruno é caracterizado por comentários sarcásticos e trocadilhos durante a matança de mortos.

Carla


Apesar de não ter um leque tão interessante de habilidades, Carla tem uma das personalidades mais fortes do jogo, sempre intercalando seus comentários cheios de energia e raiva entre o idioma inglês e o espanhol. Suas habilidades são focadas no bônus por estar em estado de vida crítica e cercada por zumbis.

De volta à matança 

Dead Island 2 com certeza tem tudo o que os fãs da franquia, e de jogos de zumbis no geral, mais gostam: muita sanguinolência, uma gameplay responsiva e ágil, regada por uma pitada de humor negro. São notáveis alguns problemas que existem também em Dying Light 2, como o HUD lotado de informações e alguns bugs irritantes, mas nada que uma pequena mudança nas configurações ou patch de day one não resolva. Foram anos de espera sendo recompensados com um trabalho sólido, feito com bastante dedicação e esmero pelos desenvolvedores.

Dead Island 2 chega em 21 de abril para Xbox Series X e S, Xbox One, PlayStation 5, PlayStation 4 e PC.

Revisão: Ives Boitano
Texto de impressões produzido com cópia de preview cedida pela Deep Silver

Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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