Análise: Rytmos (PC/Switch) transforma música em um universo de puzzles exóticos

Explore estilos musicais de todo o mundo neste simples título indie.

em 28/02/2023

Em Rythmos, passeamos por gêneros musicais inusitados, como jazz da Etiópia e o gamelão da Indonésia, na forma de curiosos quebra-cabeças. A jornada por esse universo sonoro é tranquila, pois os puzzles não são complicados, uma vez que a intenção é mergulhar numa atmosfera sonora meditativa e relaxante. Além disso, o jogo envolve com seu visual colorido e exótico, mas a simplicidade exagerada torna a experiência passageira.

Construindo caminhos em quebra-cabeças surreais

Os puzzles de Rytmos são bem tranquilos de entender. Em cada estágio, o objetivo é unir diferentes caixas de som em um único caminho. Para isso, a partir de um ponto de início, arrastamos uma linha que se estende automaticamente até a borda do cenário ou até encontrar um obstáculo. A intenção é ativar todas as caixas de som, mas é perfeitamente possível completar um estágio sem passar por nenhuma delas, basta fazer um caminho fechado simples.


Conforme avançamos, surgem elementos que tornam os quebra-cabeças mais complexos. Um cubo de gelo, por exemplo, pode ser movimentado livremente pelo tabuleiro, possibilitando novos ângulos para os caminhos. Um cristal tem múltiplos usos, como preencher buracos no chão ou criar quinas temporárias. Já em outros estágios, manipulamos blocos flutuantes para alterar a disposição dos ladrilhos no solo. Nas fases mais avançadas, esses vários elementos se misturam de forma interessante.

Para mim, a simplicidade dos desafios é simultaneamente a maior qualidade e o pior defeito de Rytmos. Gostei de montar caminhos passando por todas as caixas de som dos estágios, pois os comandos são intuitivos e a atmosfera é leve, resultando em uma experiência meditativa. O desafio é baixo e a maior parte dos estágios eu consegui completar sem problemas em alguns poucos segundos. No entanto, algumas fases, em especial as últimas que misturam várias mecânicas, foram um pouco mais complicadas, mas nunca frustrantes.


O problema é que a dificuldade é tão baixa que as coisas ficam meio banais. Eu entendo que faz parte da filosofia do jogo ser acessível, mas não custava nada a inclusão de estágios mais complexos. E isso é uma pena, pois muitas das ideias e mecânicas bacanas acabam sendo subutilizadas. Além disso, o título é curtíssimo: todo o conteúdo pode ser explorado em aproximadamente duas horas.

Em uma envolvente jornada musical

O grande destaque de Rytmos é a sua ambientação colorida e estilosa. A aventura é dividida em universos dedicados a um gênero musical específico e cada área é um pequeno planeta em forma de cubo cujas faces funcionam como estágios. O legal é que a trilha sonora é construída aos poucos conforme avançamos: as caixas de som ativadas nas fases adicionam novas camadas à música, fazendo com que ela fique mais rica e complexa aos poucos.


Fiquei muito surpreso com a seleção musical do jogo, que passa muito longe do lugar comum. No título, conhecemos estilos variados e inusitados, como jazz etiopiano, música eletrônica alemã da década de 1970, composições do Havaí, o gamelão da Indonésia e a música tradicional de Zimbabwe. O visual de cada planeta reflete o estilo musical correspondente com paletas de cores vibrantes e outros elementos, como ladrilhos que lembram gongos indonésios ou o tom de verde-água suave nos estágios sobre a música ambiente japonesa dos anos 80.


Outro ponto notável é a exposição histórica e cultural sobre cada gênero. Os estágios têm um pequeno texto explicando as origens e particularidades do estilo musical em questão. Além disso, há um link para uma página com mais informações e uma playlist com composições daquele gênero. Ao terminar o planeta, ele se transforma em um instrumento interativo, sendo possível até mesmo gravar os sons em uma pequena composição. Particularmente, gostei bastante de conhecer estilos musicais tão únicos, assim como suas origens e principais características.

Um universo sonoro aconchegante

Rytmos é uma envolvente e curiosa experiência musical. Os puzzles, que exigem manipular linhas para criar caminhos passando por caixas de som, são interessantes e repletos de elementos criativos. Já a ambientação, que explora gêneros musicais pouco comuns, encanta com o uso de cores vibrantes, trilha sonora com diversas camadas e explicações históricas sobre cada estilo sonoro. O problema é tudo ser simples demais, ficando a sensação de que o jogo podia ir além em sua proposta. No geral, é ótimo mergulhar no breve e elaborado universo musical de Rytmos.

Prós

  • Puzzles agradáveis e intuitivos;
  • Engenharia de som elaborada que explora estilos musicais pouco usuais;
  • Ambientação bem trabalhada com uso de cores vibrantes e abordagem histórica dos gêneros musicais.

Contras

  • Mecânicas e ideias subutilizadas em desafios simples demais;
  • Quantidade limitada de conteúdo.
Rytmos — PC/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Floppy Club

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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