Em Brave’s Rage estamos em uma missão para salvar a filha do Rei, sequestrada por um dragão. O título utiliza a já tradicional combinação de roguelike com construção de baralho e entrega um jogo simples, porém divertido e desafiador. No entanto, alguns probleminhas podem acabar estragando a experiência dos jogadores.
A princesa está em outro castelo
Após o sequestro da princesa pelo poderoso dragão Suva’cillathon, o Rei decide oferecer uma generosa recompensa para quem retornar com sua amada filha. Logo, oito heróis se mostram dispostos a enfrentar os perigos da Península de Taoist para resgatar a princesa.
Os heróis precisarão percorrer os mais diversos ambientes da região, como florestas, campos e desertos. Cada local possui suas particularidades visuais e inimigos próprios, que envolvem humanos, animais e criaturas mágicas. As artes feitas à mão, apesar de não impressionarem, trazem um charme especial à aventura. Em contrapartida, a interface de algumas janelas deixa muito a desejar e destoa completamente da qualidade das artes.
Após a primeira vitória contra o dragão, descobrimos que os guerreiros enfrentaram uma ilusão e agora estão presos em um feitiço que os faz ter que repetir o mesmo trajeto diversas vezes até conseguir derrotar o dragão verdadeiro e libertar a princesa.
Um combate tático que precisa de ajustes
Por ser um roguelike com construção de baralhos, Brave’s Rage apresenta muitas mecânicas já tradicionais desta mistura de gêneros, porém com algumas particularidades que ajudam a torná-lo mais interessante.
As batalhas ocorrem em tempo real e o limitador de nossos ataques é uma barra de ação que se enche com o tempo. Podemos ir para a aventura com até dois heróis, sendo que cada um possui uma característica de combate própria. Os personagens são baseados em tradicionais membros de um mundo medieval — como paladino, arqueiro, clérigo e mago — e todos possuem uma série de cartas baseadas em suas habilidades.
Há muitas cartas disponíveis e montar um deck equilibrado e compatível com as habilidades dos dois heróis que levamos para combate é uma atividade desafiadora e prazerosa. Além disso, é importante entender todas as particularidades dos inimigos, como padrões de ataque e habilidades especiais, para que as missões não sejam frustrantes.
Cito como exemplo o que talvez seja o mais comum de acontecer. Ao utilizar uma carta de combate corpo a corpo, nosso herói se movimenta até o inimigo para atacá-lo; já com uma carta de flecha, o projétil é atirado por cima dos personagens até acertar o alvo. Quando um adversário lança uma flecha, podemos utilizar uma carta de corpo a corpo para deslocar nosso personagem e evitar o dano. O mesmo vale para o inimigo, que pode atacar quando lançamos um projétil. Esse talvez seja o exemplo mais simples, mas a variedade de cartas e habilidades permite montar diversas estratégias diferentes.
Durante o jogo podemos encontrar e equipar até quatro itens em cada herói, com as mais diversas funções. Algumas delas envolvem aumentar o dano das cartas, diminuir dano recebido ou habilitar ataque especial no início da partida. Apesar de interessante, há um claro problema de balanceamento dessas habilidades.
Existe uma combinação de itens que utilizei na arqueira, por exemplo, que permitiu que ela atacasse todos os inimigos com ataque especial no início da partida, além de potencializar muito seu dano. Como resultado, eu terminava todos os duelos em menos de dois segundos, independente se era inimigo comum ou chefe. Essa combinação quebrou completamente o jogo, tornando-o simples. O pior é que essa combinação de itens é relativamente fácil de encontrar.
A tradicional repetição dos roguelikes
Ao todo, há 20 níveis que devemos concluir. Com o objetivo de agradar e incentivar a jogatina repetitiva, Brave’s Rage vai liberando os heróis pouco a pouco, dando tempo para que o jogador aprenda todas as suas particularidades. Além disso, sua dificuldade vai aumentando gradualmente ao aplicar diferentes condições para as partidas, como ganhar menos ouro — usado para comprar armas e equipamentos — ou recuperar menos vida.
Os heróis também ganham experiência e desbloqueiam novas habilidades e cartas, o que incentiva o uso constante de todos eles. Testar diferentes combinações de heróis também é uma atividade divertida, visto que a quantidade de elementos disponíveis no jogo torna cada partida única.
O que pode afastar jogadores mais casuais no início é sua curva de aprendizado. As primeiras horas de jogo são um pouco maçantes, visto que dominar todas as mecânicas e entender o potencial dos heróis é ligeiramente custoso. Após essa etapa, Brave’s Rage consegue ser um roguelike interessante e bem elaborado.
Um desafio intenso e divertido
Brave’s Rage é um roguelike que chama atenção pela variedade de cartas e habilidades que podemos combinar em nossas partidas. A tradicional repetição do gênero é mitigada pela frequente adição de heróis e as mudanças nas condições da aventura. No entanto, algumas escolhas de cartas e itens podem comprometer muito a experiência, tornando-o menos interessante aos jogadores.
Prós
- Cenários e personagens com belas artes desenhadas a mão;
- Muitas combinações possíveis de cartas, heróis e itens para tornar cada partida única;
- Combate tático bem elaborado e divertido.
Contras
- Algumas combinações de itens podem quebrar completamente a experiência do jogador;
- A curva de aprendizado é um pouco desgastante, principalmente no começo do jogo;
- Algumas interfaces são feias e completamente destoantes das qualidade do jogo.
Brave’s Rage— PC/PS5/Switch — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Thais Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Astrolabe Games
