Após cinco anos de produção, Helvetii finalmente veio a público para usar lendas celtas e gaélicas como pano de fundo para um roguelite curto, que não chega a ser punitivo como muitos outros.
Um pacto de sangue
Logo de início, podemos escolher entre três heróis distintos: Divico, que é o mais forte e o que possui mais vitalidade, mas conta com menos pontos de mana; Renart, que é veloz e consegue acertar uma quantidade de ataques críticos maior que a dos seus companheiros, mas tem poucos pontos de vida; e Nammeios, uma druida que tem seus ataques baseados em projéteis mágicos, que podem ser teleguiados, mas sua mobilidade é reduzida.
Apesar das características bem pontuadas de cada um, eles funcionam da mesma maneira, podendo realizar combos de ataques básicos, arremessar projéteis e esquivar. Além disso, eles podem fazer pactos de sangue com entidades, que aparecem para ajudá-los no meio das fases, como uma invocação. Eles só aceitam nos acompanhar na nossa jornada se sacrificarmos uma parte do total dos nossos pontos de vida.
Sempre que encontramos um altar de sacrifício, podemos fortificar nosso laço com a entidade que está conosco, o que confere algumas vantagens referentes à força e velocidade, ou abrir mão de mais uma porção de pontos de vida e trocar seu companheiro de batalha, que irá lhe conferir outras bonificações.
Não é difícil entender a mecânica e começar a combinar a invocação com nossos ataques, a ponto de criar combos extensos que ultrapassam os 200 acertos, e isso é bem divertido, pois a cada vez que aparece uma leva de criaturas, cresce a vontade de fazer combinações mais devastadoras e ininterruptas.
Os inimigos sempre atacam no mesmo padrão, o que os tornam um tanto quanto previsíveis após algumas partidas. Este tipo de funcionamento é algo bem comum para um roguelite e quem já tem intimidade com o gênero vai conseguir se virar fácil em Helvetii, mesmo nas dificuldades mais avançadas.
Para que tudo não se baseie só na perda, todo ato é dividido em duas partes e em ambas há uma lojinha, na qual o vendedor tem itens aleatórios, que podem maximizar suas barras de status e até conferir um mapa da área, para saber em qual sala está o chefão.
Mesmo assim, voltando ao ponto da repetitividade, após nos familiarizarmos com os controles, dificilmente iremos recorrer aos itens da loja, uma vez que fica bem tranquilo de passar por cada sala praticamente ileso.
Eu já passei por esse bosque, não?
Helvetii buscou um estilo artístico que lembra gravuras de um livro de história antigo, o que foi uma ótima opção, ainda mais por ser um jogo com foco em personagens de um folclore não muito explorado pelo público geral. Entretanto, os diálogos curtos e mensagens soltas entre os heróis em momentos raros mostram que essa narrativa rica poderia ter sido muito mais aproveitada.
Além disso, há o fato do jogo ter poucos atos, que podem ser finalizados rapidamente. Por se tratar de um roguelite, os ambientes são gerados de maneira aleatória, mas do mesmo jeito que os padrões de inimigos se repetem, há pouca variação no ambiente de cada ato, que reproduz o mesmo bosque, caverna ou penhasco, independente da ordem.
A trilha sonora é outro ponto que deixa a desejar. Há a falta de algo que destaque o climax de uma batalha contra os chefes ou em momentos de ação intensa. O mesmo vale para a dublagem dos heróis, que não passa muita emoção.
Curto, mas honesto
Helvetii pode não ter a intensidade insana de outros roguelites no mercado, mas por ele ter uma jogabilidade fácil de dominar e padrões que dá para se acostumar tranquilamente, ele acaba se tornando uma indicação para iniciantes que querem começar a se ambientar com esse tipo de desafio. Só é uma pena não terem aproveitado melhor as lendas gaélicas e celtas para criarem um jogo com conteúdo mais robusto e com narrativa mais densa.
Prós
- Os comandos são simples e os combos são fáceis de aplicar;
- Três protagonistas com características bem distintas;
- Sua curva de aprendizado não é tão punitiva
- Ótima escolha artística.
Contras
- Mesmo que procedural, inimigos e cenários se repetem com muita frequência;
- Curta duração;
- Não aproveita bem os elementos do folclore celta;
- Narrativa fraca;
- A trilha sonora não tem impacto.
Helvetii — PC/PS4/Switch — Nota: 6.5Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Thais Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Team KwaKwa