Análise: Combate Monero (PC/PS4) — Treta estranha com gente esquisita

Escolha entre mais de 20 celebridades dos quadrinhos mexicanos para cair na porrada de maneira não tão divertida e meio travada.

em 06/01/2023
Jogos de luta por si só compõem um gênero bem flexível, principalmente no que diz respeito ao elenco e história. É plenamente possível colocar uma cozinheira contra um astronauta para salvar a galáxia de uma antiga maldição suméria, por exemplo. Em outros casos, é só um pretexto para juntar personagens aleatórios e realizar uma enorme bagunça.

Combate Monero tenta misturar esses dois grupos, uma vez que os personagens dos quadrinhos mexicanos precisam salvar o planeta à pedido da deusa Deméter. Uma premissa curiosa para um título um tanto quanto pitoresco.

Um elenco culturalmente rico

O que me chamou a atenção em Combate Monero foi justamente seu elenco único. Ao todo são 27 personagens de diferentes histórias em quadrinhos do México, cada um com um estilo diferente do outro. Convenhamos que, atualmente, qualquer jogo de luta que tenha quase três dezenas de integrantes sem passes de batalha, DLCs e afins já é quase um milagre.

Além disso, a curiosidade de conhecer algo culturalmente fora da curva, pelo menos para mim que não conheço quadrinhos de origem latina, é algo interessantíssimo. O jogo não tem muitos modos de combate, restringindo-se ao Arcade, ao Treino e ao Versus local.
 
O “Quiosque” é legal: nada mais é do que uma pequena galeria, contando um pouco da origem de cada lutador e quem o criou. Lógico que tive que apelar para o Google para entender melhor o apelo de cada um deles, mas não nego que valeu a pena, ainda mais para entender como heróis de ação, como Meteorix, Koatl e Centella Azul se digladiavam com criações mais divertidas, no caso, o dragão cozinheiro Checomal, a atirada Lobaberta Sullivana ou o mal educado Buba.

Por mais que eles sejam anônimos para o público gamer, é uma apresentação minimamente bem feita de personagens tão característicos, tanto nessa breve explicação, quanto em seus movimentos e golpes especiais, que fazem um uso pesado das suas características estéticas e humorísticas. Isso nos ajuda, e a diversos outros povos, a entender que o México não se resume midiaticamente apenas a Chaves e Rebelde.

Uma estrutura pobre

Agora que já falei da parte interessante de Combate Monero, vamos ao resto, que infelizmente é fraco. Além das poucas opções de modos, o jogo carece de um polimento maior no visual, efeitos sonoros e jogabilidade.

Os visuais dos personagens são em cell shading, com uma paleta de cores bem viva, mas os efeitos de sombreado são um pouco feios, parecendo até que eles estão mais fortes do que deveriam. Além disso, na tela de versus, eles são apresentados com caricaturas em 2D, algumas bem bacanas, mas outras um pouco questionáveis.

Quanto aos cenários, eles são bem simples e tridimensionais, o que também acaba brigando um pouco com a estética do que está em primeiro plano. A parte sonora também dá uma deslizada, pois alguns personagens mexem a boca, mas não dizem nada. Por mais que as vozes ainda estejam sendo adicionadas a cada atualização, é algo que acaba dando a impressão de um bug.

Por fim, o sistema dos combates é algo que já vimos em jogos como The King of Fighters XV e Melty Blood, no qual é possível fazer combinações de praxe e um botão é responsável pelo “auto-combo” ao ser pressionado repetidamente. Os comandos dos ataques são simples e fáceis de executar, mas algumas respostas são um pouco tardias, o que prejudica qualquer ação do jogador.

Além disso, é um pouco confuso entender quem tem prioridade em qual momento do jogo, uma vez que a CPU parece estar pronta para rebater TODOS os seus ataques, independente da dificuldade selecionada. Isso fica ainda mais evidente ao tentarmos aplicar um golpe especial, pois além da dificuldade de resposta dos controles, eles são facilmente evitados.

A movimentação truncada daqueles que possuem um corpo mais caricato também é algo que atrapalha. Ou seja, é um pouco mais complicado jogar com dragões, gatos, cachorros e personagens com bracinhos curtos — e sim, tem exemplares de cada um deles no elenco.

Curioso, mas nada instigante

Se você realmente é um entusiasta de jogos de luta e quer algo curioso, suspendendo sua vontade de algo mais fluido, então Combate Monero pode até quebrar seu galho, ainda mais porque seu custo é bem baixo para o gênero. Entretanto, ele não agrega nada de fato para o gênero.

Prós

  • Elenco de 27 lutadores bem distintos entre si, com uma apresentação de cada um, explicando sua origem;
  • Os golpes fazem alusões aos universos de cada personagem.

Contras

  • Os estilos dos personagens conflitam com os cenários tridimensionais;
  • As caricaturas em 2D dos personagens tem um estilo bastante “alternativo”;
  • Nenhuma presença sonora;
  • Alguns personagens não têm voz;
  • Movimentação truncada;
  • A área de acerto de lutadores com corpos mais diferentes é confusa;
  • Comandos não respondem direito.
Combate Monero — PC/PS4 — Nota: 3.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Thais Santos
Análise feita com cópia digital adquirida pelo redator

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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