Fortes, ágeis, inteligentes, com mira impecável, uma confiança invejável e uma resistência sem tamanho para seguir regras: esses são os policiais que permearam muitos filmes de ação desde muito tempo.
Bem longe disso está o pacato guarda que controlamos em Police Simulator: Patrol Officers. Em mais um simulador hipercriativo, podemos viver a agitada vida real de um guarda, que tem uma rotina de patrulha cheia de ação, aventura e adrenalina… só que ao contrário.
Servir, proteger e multar
Agora que já soltei a ironia, vamos ao que interessa. Como já é de se esperar em uma patrulha, há muita repetição.
Temos que vigiar os distritos da cidade de Brighton e sempre ficar de olho em pequenas infrações, como pedestres que atravessam fora da faixa ou jogam lixo no meio da rua, carros estacionados de maneira irregular e acidentes de trânsito.
Podemos ter nossa conduta regrada com a moral ilibada de um bom policial ou simplesmente sair aplicando multas e abordando transeuntes ao nosso bel-prazer, inclusive com direito a um choque de taser. Entretanto, o mau comportamento nos faz perder pontos de conduta e, quando zerado, temos que refazer o turno.
Não há um objetivo fixo ao iniciar o seu turno, apesar de sempre recebermos uma notificação para vigiarmos veículos acima da velocidade ou pichadores. Ao concluirmos cada patrulha, ganhamos pontos de experiência que habilitam novas habilidades e equipamentos, como viaturas e a possibilidade de usar câmeras fotográficas, armas de fogo e radares móveis.
Tudo isso é controlado por menus que são acionados durante o jogo. A quantidade de opções de ação e a liberdade de usá-las até em momentos impróprios — como algemar alguém ou dar choque em quem só atravessou a rua fora da faixa ou guinchar um carro só porque quisemos — são bem engraçadas. Só que perdemos um bom tempo checando cada opção até encontrarmos o que queremos, pois há muitas escolhas que levam a outras, que seguem para terceiras e aí sim concluímos a ação.
Loucademia de Polícia
Além da repetitividade, tanto de ambiente quanto de objetivos, temos alguns outros defeitos. Como todo bom “simulator” do mercado, não é incomum atos sobrenaturais acontecerem, como pessoas atravessarem carros, presos simplesmente aparecerem sem algemas depois de atropelados e pessoas flutuando no espaço. E é claro que temos os NPCs que passam na frente de uma cena de acidente como se nada tivesse acontecido enquanto realizamos uma apreensão.
Tudo isso acabou se tornando meio típico para jogos que emulam essas situações, tornando até esses bugs uma parte do entretenimento, mas, quando pilotamos uma viatura, a graça acaba. A performance do jogo cai drasticamente, pelo menos na versão de PS4.
Ao assumirmos o volante, já começa que o controle do carro é bem estranho e impreciso, mas piora com o passar do tempo, pois começam a ocorrer leves travamentos. Junte isso ao fato de que cada batida faz o jogo ficar estranhamente lento e a graça acaba. Mesmo se quisermos aprontar, atropelando pedestres, não é possível, pois eles atravessam o carro como se fossem fantasmas.
Por fim, as telas de loading são muito demoradas. Não que haja necessidade de pressa para começar seu empolgante turno pelas ruas de Brighton, mas também não há o que carregar tanto assim.
Se juntar tudo isso, mais a inexistência de um trabalho sonoro competente, já que o ronco dos carros lembra cortadores de grama, e o visual esteticamente questionável, temos uma experiência nada palatável. Não se torna engraçado nem pela oportunidade de fazer coisas erradas vestindo um uniforme.
Entregando o distintivo
Police Simulator: Patrol Officers tinha uma boa ideia, não nego. De maneira até meio despretensiosa, podia ser uma espécie de “GTA da Lei”, ou só mais um simulador maluco com um personagem de farda, mas a quantidade de defeitos contidos nele o torna algo totalmente esquecível e que não vale nem o meme.
Prós
- Abusar da sua autoridade é questionável, mas divertido.
Contras
- Todo o resto.
Police Simulator: Patrol Officers — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 1.5Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Astragon Entertainment