Foi o caso, por exemplo, de God of War (PC/PS4), The Last of Us: Part I (PC/PS5) e Marvel’s Spider-Man Remastered (PC/PS5). Anunciado juntamente com o último jogo dessa lista via State of Play, Marvel’s Spider-Man: Miles Morales é o mais recente game da empresa japonesa a chegar aos PCs, em um port muito bem conduzido e que analisamos a seguir!
Adentrando o Aranhaverso
Revelado originalmente em 2020 no evento de apresentação do PlayStation 5 (você consegue acreditar que já se passaram mais de dois anos desde então?), Marvel’s Spider-Man: Miles Morales foi uma confirmação bem-vinda, mas nem tanto inesperada, por dois motivos principais.
Primeiramente, o enorme sucesso de crítica e público de Marvel’s Spider-Man deixou claro que uma sequência seria questão de tempo. Segundamente, a introdução criteriosa de Miles Morales na narrativa do jogo — inclusive com segmentos jogáveis — foi significativa o suficiente para notar que a Insomniac Games tinha planos para o personagem.
A grande surpresa, portanto, ficou por conta da velocidade de desenvolvimento. Reutilizando grande parte das mecânicas e do mapa do jogo de 2018, a criadora de Ratchet and Clank e Sunset Overdrive conseguiu criar uma nova e divertida aventura no mesmo universo a tempo do lançamento do PlayStation 5.
Desta vez na pele do jovem Miles, cabia ao jogador assumir o legado do único Spider-Man na cidade após Peter sair de viagem com MJ para uma reportagem do Clarim Diário. Embora não sem as suas falhas, seu resultado foi muito positivo, o que torna a chegada deste título ao PC motivo de celebração para todo fã da Marvel e de aventuras de mundo aberto que prezam pela qualidade e coerência de seus elementos individuais.
Com grandes poderes, surgem grandes responsabilidades
Embora as qualidades e defeitos de Marvel’s Spider-Man: Miles Morales já tenham sido proclamadas por inúmeras matérias desde o seu lançamento — recomendo a leitura de nossa análise original, muito bem escrita pelo meu colega de redação Alexandre Galvão —, aqui vai um breve resumo do porquê você deveria ou não jogar esta obra, antes de seguirmos para a análise técnica desta adaptação.
Basicamente, o grande apelo aqui será vivenciar Nova Iorque pelos olhos do jovem Miles enquanto ele tenta entender e se adaptar à sua nova rotina de super-herói e tudo o que ela implica. Seguindo à risca o ditado que informa que em time que está ganhando não se mexe, a Insomniac inovou pouco no quesito jogabilidade de um título para o outro.
Assim, do sistema de combos à travessia pelas ruas da cidade, a nova aventura será instantaneamente familiar para todos os jogadores que passaram um bom tempo controlando o Aranha anteriormente. Sendo bem honesto, essa similaridade pode ser tanto positiva quanto negativa: se você gostou do que foi apresentado no primeiro jogo, Marvel’s Spider-Man: Miles Morales será muito bom; em caso contrário, porém, dificilmente a história do adolescente irá lhe converter em fã.
De fato, excetuando-se os poderes elétricos e a camuflagem invisível de Miles, tamanhas são as semelhanças entre antecessor e sequência que é possível questionar-se em alguns momentos se a nova aventura não poderia ser lançada como uma expansão ou DLC — uma impressão reforçada pela sua curta duração frente ao jogo original.
Sobre isso, é preciso mencionar que o novo jogo é substancialmente maior e mais bem produzido que os conteúdos adicionais lançados para a primeira obra, especialmente se você mirar os 100% de conclusão. Além disso, a brevidade da narrativa acaba jogando na maior parte do tempo a favor do título: com menos atividades secundárias e momentos filler, Miles entrega uma aventura por vezes mais ágil e empolgante que a de seu mentor.
Aliás, com abundância de sequências cinematográficas de tirar o fôlego, personagens carismáticos, belos gráficos e uma trilha sonora ainda mais espetacular que a do primeiro título, não é exatamente um susto ver algumas pessoas defendendo que este spin-off é inclusive melhor que o jogo de 2018.
Não é o meu caso, particularmente — ainda acredito que o título estrelado por Peter Parker se sai melhor em comparações diretas. Mas, quando se considera os dois jogos como pontas de uma única narrativa, o apresentado beira a perfeição e torna-se uma obra mais que essencial para fãs de super-heróis e jogos de mundo aberto.
Mais uma adaptação imperdível da Sony para os computadores
Analisando a parte técnica da adaptação, Marvel's Spider-Man: Miles Morales segue a louvável tradição da Sony de entregar bons ports para computadores. Assim como no caso do jogo estrelado por Peter Parker, esta versão ficou sob a responsabilidade da Insomniac e da Nixxes, que parecem ter aproveitado a expertise adquirida com o lançamento de agosto para entregar um produto ainda mais bem otimizado desta vez.
Inspecionar o menu de opções gráficas, por exemplo, revela nada menos que 24 opções ajustáveis, como qualidade e filtragem das texturas, sombras, nível de detalhes, densidade do trânsito e multidão, partículas de ambientação, campo de visão (FOV) e desfoque de movimento (Motion Blur), dentre outras.
Achou muito? Calma, porque acessar o menu de exibição permite ainda escolher a taxa de proporção do título (16:9, 16:10, 21:9, 32:9…), resolução de exibição, HDR, técnica preferida de suavização e o método de upscaling desejado — há suporte para DLSS, FSR 2.1, Intel XeSS e a solução própria da Insomniac, o IGTI.
A grande quantidade de opções disponíveis, juntamente com o suporte às alternativas exclusivas do PC frente ao PlayStation 5 (como a escala dinâmica de resolução e o NVidia Reflex), instantaneamente demonstram duas coisas: o carinho dos desenvolvedores com esta adaptação e a escalabilidade do título para funcionar bem em diversos níveis de hardware.
Convém lembrar que a aventura de Miles foi lançada como um título cross-gen no PlayStation, o que ajuda a entender a amplitude de seus requisitos nos computadores. Analisar as especificações mínimas e recomendadas, por exemplo, informa que o combo de uma GTX 950 com um i3-4160 já é capaz de rodar o jogo, ainda que em 720p e mirando 30 quadros por segundo.
Para os testes desta análise, utilizei um Ryzen 5 3600XT com uma GTX 1080 Ti e 16 GB de RAM 3200MHz, o que me colocou entre o preset recomendado e o muito alto, mas sem acesso ao DLSS ou às tecnologias de Ray Tracing, exclusivas das GPUs mais recentes da AMD e da NVidia. Ainda assim, a minha experiência foi muito satisfatória: em 1080p, na configuração “muito alta” sugerida pelo jogo, em nenhum momento a taxa de quadros ficou abaixo de 60 quadros por segundo, denotando uma jogabilidade sempre fluida e bastante agradável visualmente.
Portanto, é muito bom ver que o mesmo não se repete em Marvel’s Spider-Man Miles Morales, apesar de estarmos falando do mesmo mapa, só que com mais efeitos visuais graças ao clima natalino. Em poucas palavras, o trabalho apresentado aqui demonstra que as equipes envolvidas usaram a expertise adquirida para entregar um resultado final ainda melhor do que o visto anteriormente.
Junte a isso o já tradicional suporte às resoluções ultrawide (mesmo que você não tenha um monitor adequado); aos recursos do DualSense via USB; mapeamento de teclas e as já citadas soluções de upscaling e temos aqui uma adaptação extremamente competente ao meu ver.
Os únicos pontos negativos que tenho a acrescentar ficam por conta da ausência de cross-save (uma dor aumentada pelo fato de que é possível unir a sua conta da Steam ou Epic com a da PSN para ganhar um traje bônus) e pelo fato de que não há a opção de adquirir o novo jogo em um único pacote com desconto contendo Marvel’s Spider-Man Remastered no PC, assim como no PlayStation 5.
Digo isso porque minha recomendação final é que você jogue as duas aventuras da Insomniac em ordem, pois ambas funcionam melhor se pensadas como uma única experiência. Mas, independentemente de onde você começar a sua jornada por este Aranhaverso, que permaneça claro que as duas jornadas são essenciais para todo gamer que aprecie o gênero ou os heróis retratados.
Seja você mesmo
Estrelado por um dos heróis mais carismáticos da Casa das Ideias, Marvel's Spider-Man: Miles Morales é mais um excelente jogo da Sony a migrar com sucesso para o PC. Não se permita enganar: embora possua um escopo menor que seu antecessor e inove pouco na jogabilidade, qualidade é o que não falta nesta aventura cinematográfica. No mais, sua competente adaptação para os computadores pessoais é um aperitivo mais do que perfeito para a sequência que se aproxima ano que vem.
Prós
- História sobre amadurecimento e responsabilidades, posta em prática com o carisma de Miles Morales, é muito positiva;
- Segue o template bem-sucedido do jogo anterior, mas entrega uma aventura mais ágil e dinâmica, sem momentos filler;
- Poderes Venom e camuflagem são adições bem-vindas e que adicionam uma nova camada ao sistema de combate;
- Ângulos e sequências cinematográficas elevam a apresentação da aventura;
- Trilha sonora fantástica e que supera a do primeiro game;
- Mais um port elogiável da Sony para os computadores pessoais, com destaques como suporte a ultrawide, diversas tecnologias de upscaling e recursos exclusivos como escala de resolução.
- Nova Iorque sob o clima natalino sempre será um mapa fantástico para se explorar.
Contras
- Consideravelmente mais curto que seu antecessor;
- Inova pouco, mesmo para um spin-off;
- Ausência de cross-save com a versão de PlayStation;
- Poderia vir disponível em um pacote com desconto que incluísse Marvel’s Spider-Man Remastered.
Marvel's Spider-Man: Miles Morales — PC — Nota: 8.5
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela PlayStation PC
Análise produzida com cópia digital cedida pela PlayStation PC