Project Colonies: Mars 2120 é um metroidvania brasileiro situado no século 22, em um cenário no qual a humanidade está sofrendo com uma superpopulação e o esgotamento dos recursos naturais da Terra. Para solucionar o problema, os governos de todo o mundo assinaram um tratado para investir na construção de colônias nos planetas mais próximos, a fim de garantir o futuro da nossa espécie.
O assim chamado Projeto: Colônias produziu instalações habitadas em Marte, Vênus e Júpiter. Porém, o Projeto: Marte parou de responder aos contatos da central há várias semanas e um sinal de socorro chegou à Terra.
Em resposta, foi enviado um grupo de Fuzileiros Espaciais de Elite aprimorados para investigar os acontecimentos. Nossa protagonista é a tenente-coronel Anna “Treze” Charlotte, que tem a missão de encontrar a fonte do sinal e desvendar o que houve com a colônia marciana.
Um metroidvania com pancadaria
Logo no início da aventura, temos de fugir de um desmoronamento, um exercício que serve como um desafio de habilidade e tutorial de movimentação, na base do “aprenda ou morra”. Graças a um jetpack, nossa heroína pode fazer pulos duplos desde o início da missão, um recurso que salvará sua vida muitas vezes. O game design é muito bem pensado e introduz as mecânicas de movimentação e tiro de maneira natural.Apesar de lembrar bastante Metroid Dread (Switch) tanto no gênero quanto na ambientação futurista sombria com uma personagem feminina forte, o game brasileiro tem qualidades que o destacam. A característica da qual eu mais gostei foi a mecânica de melee, em que podemos combater os oponentes com ataques corpo-a-corpo.
Os comandos são executados de forma similar a um jogo de luta tradicional, como o Empurrão de Energia, executado com o comando do Hadouken de Ryu, ou o Rising Slash, executado com o comando Rising Tackle de Terry Bogard. Isso faz com que, apesar de ser um metroidvania, Project Colonies tenha também elementos de beat ‘em up. É absolutamente delicioso mandar os inimigos para longe com chutes e socos, ou combinar esses movimentos com as habilidades do equipamento de Charlotte.
Os golpes dos adversários possuem sinalizações que permitem ao jogador reagir adequadamente com esquivas, contra-ataques ou simplesmente correr para longe e contra-atacar com a arma de fogo.
Elemental, meu caro Watson
Como em todo metroidvania, novas habilidades serão desbloqueadas ao longo da aventura, à medida em que vasculhamos os diversos ambientes separados por setores. Durante a exploração, encontraremos núcleos de habilidade elemental que representam outra característica diferenciada desse título.Cada núcleo libera um conjunto de novas habilidades relacionadas àquele elemento, que também precisam ser liberadas encontrando máquinas específicas que ficam espalhadas pelo mapa.
Por exemplo: o núcleo elétrico libera habilidades de se teleportar através de fiações, gerar um campo de força antigravitacional e fazer um dash lateral que atravessa barreiras elétricas. O jogador pode mudar o tipo de núcleo que está equipado, alterando assim o leque de habilidades disponível.
A liberação de novas habilidades é fundamental para o progresso. Um setor pode estar bloqueado por um campo de força que só poderá ser atravessado ao desbloquearmos a habilidade de teleporte elétrico. Outros setores possuem escotilhas e portas bloqueadas, que só serão liberadas após encontrarmos o mecanismo que os destrava.
Cachecol digital
Project Colonies: Mars 2120 é jogado em perspectiva sidescroller com jogabilidade 2D, mas seus cenários são modelados em 3D. Por conta disso, em alguns estágios temos um curioso efeito de rotação tridimensional em que Charlotte circula por torres e escadarias espirais com um efeito visual bem interessante.A ambientação é futurista e sombria, e isso reflete nos inimigos e cenários. Cada área tem seu próprio tema, como cavernas geladas, laboratórios, armazéns e assim por diante. Os visuais são bastante variados, indo do natural ao tecnológico, cada qual com seus próprios desafios e inimigos.
Pelo caminho encontramos criaturas alienígenas e humanos que aparentemente estão infectados ou sendo controlados por alguma força externa. Cada tipo de inimigo tem uma fraqueza específica, alguns sendo mais vulneráveis a tiros e outros menos resistentes a combates corpo-a-corpo.
Alguns ambientes são incrivelmente escuros, realçando a estética da armadura de Charlotte, com efeitos de iluminação e um esvoaçante cachecol digital. Eu gostei bastante do design das plataformas e salas, com desafios justos e convidativos à exploração.
Algo de que eu não gostei, entretanto, é que as áreas não são contínuas como em um Castlevania. Em alguns momentos, é necessário passar por um portal e uma tela de carregamento para mudar de ambiente, algo que quebra o fluxo de jogabilidade.
Durante a gameplay, encontrei poucos bugs, como uma engraçada falha em que a protagonista continuava deitada após ser empurrada e corria deitada pelo cenário movimentando-se normalmente, mas com o corpo na horizontal. Obviamente trata-se de um produto ainda não finalizado, e esses pequenos detalhes devem ser corrigidos.
No presente momento, o jogo encontra-se com cerca de 25% do conteúdo disponível, oferecendo de 90 a 120 minutos de jogabilidade, dois chefes, habilidades elétricas e de gelo, opções de exploração não linear e suporte aos idiomas português brasileiro e inglês tanto em áudio quanto texto.
Um projeto para ficar de olho
Project Colonies: Mars 2120 tem um grande potencial, com um visual estiloso, level design inteligente com cenários criativos que convidam à exploração e um sistema de núcleos elementais com diversas habilidades que tornam a jogabilidade variada, além de uma mecânica de combate corpo-a-corpo bastante divertida, que traz elementos de jogos de luta para o gênero metroidvania. Estou ansioso para acompanhar o progresso do seu desenvolvimento e jogá-lo em outras plataformas.Project Colonies: Mars 2120 encontra-se em acesso antecipado no Steam e está previsto para lançamento definitivo em meados de 2023 para PC, Xbox Series, PlayStation 5, Xbox One, PlayStation 4 e Switch.
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela QUByte Interactive