Valkyrie Profile (PS): relembre esse revolucionário clássico do JRPG

Com seu novo capítulo Valkyrie Elysium lançado em 2022, conheça o título que deu origem a esta série.

em 24/11/2022

O lançamento de Valkyrie Elysium (que inclusive já foi tema de uma análise aqui no GameBlast) foi o retorno de uma franquia muito querida pelos fãs de JRPG e que começou com o icônico Valkyrie Profile, lançado ainda em 1999. E será justamente sobre esse título que falaremos neste Blast From The Past.

Valkyrie Profile: pouca expectativa de sucesso no Ocidente

Esse jogo foi lançado no Japão em 1999 pela Enix (ainda antes de sua fusão com a Squaresoft) e Tri-Ace. E saiu apenas como Valkyrie Profile para Playstation 1, pois foi apenas na versão para PSP que ganhou o "Lenneth" já que, naquele momento, também tínhamos o Silmeria. Um fato curioso é que o sucesso no Ocidente foi um tanto quanto subestimado, o que fez com que não tivéssemos muitas cópias disponíveis para cá. Inclusive, muitas das versões iniciais que chegaram por aqui, sequer tinham tradução, sendo todas em japonês, o que tornava quase inviável conseguir finaliza-lo.

Capa do jogo no seu primeiro lançamento
Capa do primeiro lançamento de Valkyrie Profile e seus dois CDs



Valkyrie Profile apenas recebeu o devido tratamento no Ocidente na sua versão para PSP de 2006, mas nessa época ele já contava com o status de jogo "cult" pelos fãs daqui (ainda que muitos o tenham jogado no PS1 por meios, digamos, alternativos).

A mitologia nórdica contada por uma perspectiva diferente

Hoje não é raro vermos jogos com temática voltada para a mitologia nórdica, mas esse era um tema não tão comum em jogos na época. Só que Valkyrie Profile ia além, pois trazia uma abordagem nada convencional: nos colocava na pele de uma valquíria, que é aquela que seleciona as almas dos heróis mortos (chamados einherjar) que irão lutar no Ragnarok, o crepúsculo dos deuses.

O interessante aqui é que a introdução do jogo nos mostra a vida de Lenneth antes de se tornar valquíria. Trata-se de uma menina de uma vila muito pobre e que seria vendida como escrava por sua mãe, mas que recebe a ajuda de seu amigo de infância Lucian para fugir. Ela acaba morrendo ao chegar em um campo de lírios, que tem pólens venenosos, e nesse momento é chamada por Odin. Essa cena, inclusive, é muito importante para o desenvolvimento da história, como iremos ver ao longo do jogo.

Um jogo com enredo não-linear

Depois que você inicia, você passa obrigatoriamente pelo primeiro recrutamento (de Jelanda e Arngrim) e pela primeira dungeon. Depois disso, há uma total liberdade para você fazer o que quiser, inclusive nada. São um total de oito capítulos, divididos entre 25 a 30 períodos em que as opções são: recrutar einherjar, explorar dungeons e descansar. Se não fizer nada, ao final do oitavo capítulo chega o Ragnarok e, bom... você terá um bocado de dificuldades para finalizar o jogo.
Lenneth fazendo a spiritual concentration: tanto é possível fazer as missões como deixar pra lá
 
Se você optar por fazer normalmente as missões, haverá uma limitação de eventos por capítulo. Isso quer dizer que não dará para você liberar vários guerreiros no capítulo 1, mas sim aqueles disponíveis naquele momento e o mesmo vale para as dungeons. Recrutar ou explorar os locais caberá exclusivamente ao seu interesse.

Essa é uma liberdade que se aplica até mesmo dentro das dungeons, já que graças à habilidade de Lenneth de jogar cristais de gelo, você poderá simplesmente congelar os inimigos (eles ficam rodando no mapa, de forma similar ao Chrono Trigger), então é possível evitar combates. Mas como temos um número limitado de locais para explorar, não é aconselhável desperdiçar essa coleta de experiência.

Ao final de cada capítulo, você terá a Sacred Phase, momento em que Freya aparece e lhe conta como está o andamento da guerra entre os Aesir e Vanir (Lenneth atua a favor dos aesir), o desempenho dos heróis que você enviou e os pedidos para o próximo capítulo. Atender exatamente a esses pedidos não só irá favorecer o andamento da guerra, como lhe trará melhores prêmios, já que a deusa o recompensa pelo desempenho deles.

3 finais, mas só um principal

O jogo lhe oferece três finais diferentes (alerta de spoilers adiante), sendo que o C é o famoso final ruim: acontece quando você não envia os tesouros sagrados após derrotar os chefões das dungeons, não atende os pedidos de envios de soldados, etc. Nesse momento Freya em pessoa aparece para lhe punir e matar você e os einherjar (porque você não consegue derrotá-la).

Freya não vai gostar nada se você não cumprir as missões e acredite, você não quer ver ela brava...



Temos o final B, que acontece quando você faz tudo de forma minimamente aceitável e chega para a batalha final contra Surt, o líder dos Vanir, e ao derrotá-lo, vem os créditos, sem nenhuma cena além. Finalmente temos o final A, que é o principal e só pode ser atingido ao jogar no modo difícil.

Entretanto, atingir esse final está longe de ser uma tarefa simples, pois você só chegará nele se conseguir deixar o "seal value" abaixo de um determinado valor ao final do capítulo 5 e para isso será necessário fazer diversas coisas ao longo do jogo, mas que o próprio não dá pistas para isso (o que torna essa uma tarefa um tanto quanto ingrata sem dicas, ainda que seja possível).

Com isso, você poderá presenciar Lenneth recuperando suas memórias em vida e vendo o real inimigo final do jogo, Loki. Os finais A e B oferecem boas horas de jogo (cerca de 40 horas em média), mas caso você sinta falta de mais desafios, não se preocupe, pois ao terminar você tem a possibilidade de explorar o Seraphic Gate. 

Trata-se de uma dungeon com uma dificuldade bem elevada e com dois chefes dificílimos que abusam de combos e especiais. Além de poder pegar as armas mais poderosas do game, caso você termine o jogo no difícil, também será possível recrutar os 3 personagens mais fortes do game.

Sistema de jogo inovador

Valkyrie Profile nos trouxe um sistema totalmente diferente do que estávamos acostumados até então. Apesar de ser por turnos, ele não trazia aquela lista de golpes comum aos RPGs, mas sim cada um dos personagens comandado por um dos quatro botões do controle. A partir daí era necessário que você encaixasse os golpes, formando o maior combo possível para chegar a 100 no contador no canto esquerdo da tela, e assim poder usar os ataques mais poderosos dos personagens.
Modelo do sistema de batalha do jogo, cada botão comanda um herói



Chamadas de "Purify Weird Souls", elas são as principais habilidades de cada herói e com eles você também pode alongar o combo, de forma a utilizar os quatro ataques carregados deles no mesmo turno. Mas claro, não é possível usar sempre esses golpes (especialmente no caso dos magos, que de acordo com a varinha equipada, usam as magias finais). Abaixo da vida, ficam os CTs, ou charge time, que simbolizam o tempo de recarga entre um especial e outro, ou no caso do mago, entre uma magia e outra.

Esse sistema trazia uma inovação importante, pois exigia um entendimento de como cada golpe dos heróis funcionava, para que se pudesse encaixá-los de forma correta. Junto com isso, cada arma oferecia um maior ou menor número de ataques (com um máximo de 3, para guerreiros e arqueiros) e às vezes valia mais usar uma arma mais fraca, mas que possibilitasse liberar as PWS.

Já a forma de evolução de habilidades também era diferente, já que não havia diferenciação em boa parte delas, apenas no caso dos ataques entre arqueiros, magos e espadachins. Além disso, durante o jogo, você também ganhava pontos que possibilitavam dar experiência a qualquer personagem. Isso era vantajoso, pois permitia que você colocasse um lutador novo já com experiência suficiente para não morrer no primeiro golpe.

Gráficos bons para a época e trilha sonora marcante

Os gráficos que vemos no jogo dividem-se em 3D durante o mapa-mundi e em 2D quando entramos nas fases. Os gráficos apresentavam um traço muito bonito para a época, especialmente os cenários (ainda que fossem no modelo estático ao fundo). Você tinha uma boa noção de profundidade e as construções principais também traziam qualidade no traço, tornando-o um jogo bastante agradável aos olhos.
 
Já os combates também tinham uma mescla, pois enquanto as batalhas e os PWS da maioria dos personagens seguiam o estilo de animação normal do jogo, os especiais dos magos, quando equipados com as varinhas especiais, mostravam uma animação em CG. Menção honrosa para abertura em estilo anime da versão do PS1 que, infelizmente, não vemos em outros momentos do jogo.

Em relação à trilha sonora de Motoi Sakuraba, temos um espetáculo à parte. Falamos de um dos melhores trabalhos dele e que, inclusive, fez com que ele marcasse presença nos outros títulos da série. Para que possam conhecer mais, trouxe aqui um dos meus temas favoritos do game, chamada "Ray Of Darkeness, Ray Of Light".

E hoje como jogar Valkyrie Profile?

Em um período com tantos clássicos, mesmo com certo atraso, Valkyrie Profile alcançou o status merecido de grande clássico do RPG, já que conseguiu aliar uma história cativante, com um jogo visualmente bonito e uma trilha sonora de primeiro nível. Felizmente hoje para quem quiser jogá-lo, além do próprio PSOne e do PSP, temos também uma versão disponível para Android

Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut



Guarulhense, um grande fã de games e animes. Entre seus títulos preferidos estão RPGs, Musou, ação e recentemente, os MOBAs.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.