Eternal Hope é um belo jogo de puzzle em plataformas 2D desenvolvido pelo estúdio brasileiro Doublehit Games, sediado em Curitiba. Claramente inspirado no clássico Limbo (Multi), esse indie inova com uma mecânica em que o personagem pode transitar entre mundos, usando elementos de cada realidade para superar os obstáculos que surgem em seu caminho.
Um acordo com as trevas
Nessa história estamos no papel de Ti’bi, um jovem rapaz com uma vida solitária e vazia até que em suas andanças pelo mundo encontra uma garota de sua espécie. A convivência ao longo do tempo converte-se em amor e o mundo triste do protagonista agora é cheio de felicidade.
Em um dia de tempestade, porém, uma fatalidade toma a vida de sua amada. Novamente sozinho, Ti’bi ouve uma voz que lhe propõe uma barganha. O Guardião das Almas revela-se e conta-lhe que, quando a garota morreu, sua alma foi despedaçada e os pedaços espalharam-se pelo mundo. Por algum motivo, esse estranho evento enfraqueceu o guardião, que não pode recuperar os fragmentos por conta própria.
A criatura sinistra então faz uma proposta: se Ti’bi ajudá-lo a coletar os fragmentos da alma dela e de outras almas em seu caminho, sua amada será trazida de volta à vida como recompensa. Para ajudá-lo em sua tarefa, o Guardião das Almas cede um pouco de seu poder para o jovem.
O novo poder concede a Ti'bi a habilidade de navegar entre as dimensões liberando passagens secretas, plataformas ocultas e criaturas do Mundo das Sombras que poderão ajudá-lo em sua jornada. Porém o efeito só dura por um breve período de tempo, marcado por uma barra no canto superior da tela, forçando o protagonista a retornar para a realidade mundana quando a energia se esgota.
Em sua aventura, Ti’bi encontrará novos aliados como a fada falante Heli e os amistosos An’mu, dispostos a ajudar o herói. Porém muitos perigos e reviravoltas também o aguardam. Será você capaz de coletar todos os fragmentos e levá-los até o Templo das Almas?
Puzzles de outro mundo
A jogabilidade de Eternal Hope consiste em controlar o personagem por plataformas horizontais e resolver puzzles que bloqueiam seu avanço. Algumas passagens são desafios de destreza, como pular em plataformas móveis, balançar-se em cordas, encontrar passagens ocultas e interagir com objetos de forma a superar os obstáculos.
Embora se pareça bastante com Limbo até aqui, a mecânica de transição entre mundos adiciona novas possibilidades e desafios para o jogador acostumado com puzzles de plataforma convencionais. O Mundo das Sombras oferece criaturas, objetos e passagens que não são normalmente visíveis, mas só podem ser usados por um curtíssimo limite de tempo. A barra de energia das sombras regenera-se rapidamente ao retornar para o mundo normal.
Na metade da aventura Ti’bi ganha a habilidade de planar usando seu cachecol, pulando de lugares altos com segurança ou aproveitando correntes de ar para alcançar plataformas mais altas.
Cuidado, frágil
Ti’bi é um protagonista bastante frágil. Ele não consegue correr, não pula muito alto e qualquer encontro com criaturas agressivas resulta em morte imediata, bem como em quedas de grandes alturas ou em cursos d’água que ultrapassem a altura da sua cintura.
O rapaz não possui nenhum ataque próprio, precisando contar com sua (pouca) agilidade para esquivar-se dos perigos ou usar elementos do cenário como armadilhas para abater seus perseguidores.
Além da lentidão do protagonista, os controles do jogo são pouco responsivos, causando algumas mortes frustrantes em plataformas que deveriam ser desafios fáceis. Talvez seja um gameplay calculado para transmitir a sensação de fragilidade do protagonista.
O jogo salva automaticamente o seu progresso quando vencemos um obstáculo, porém em alguns pontos do mapa o check point fica demasiadamente distante, exigindo a repetição de muitos passos para retornar ao ponto de falha. Por outro lado, Eternal Hope é totalmente compatível com o recurso Quick Resume do Xbox Series, possibilitando retornar instantaneamente à jogatina quando interrompemos a sessão.
Beleza em um mundo sombrio
O mote de resgatar a alma de sua amada pode não parecer extremamente original no mundo dos games, mas a maneira como a história é contada e a trilha sonora espetacular que acompanha a narrativa deixam a experiência bastante emocionante para o jogador. Além disso, há uma reviravolta próxima ao final da campanha que muda nossa perspectiva e senso de urgência para completar a tarefa.
Chama a atenção que, apesar da ambientação sombria, a direção de arte incluiu cores e elementos que trazem leveza à apresentação do jogo, como cutscenes estilizadas em um formato similar a um livro de histórias. A fantástica trilha sonora reforça as cenas de drama, solidão e esperança.
Eternal Hope é composto por doze capítulos curtos. A jornada pode ser concluída em pouco mais de uma hora, se você já souber como vencer os puzzles. Eu levei cerca de três horas para concluir a aventura pela primeira vez. Certos desafios mostraram-se bastante difíceis, alguns por envolverem interação com objetos bastante escondidos no cenário, e outros por exigirem habilidades motoras que se complicam com a pouca agilidade do personagem.
A jornada do amor e da esperança
Eternal Hope é um jogo com uma apresentação visual e sonora excelentes, que tornam charmoso o universo sombrio e perturbador em que a aventura se passa. Apesar de possuir controles pouco responsivos e um personagem cuja lentidão muitas vezes causa aflição ao jogador, o design dos puzzles é simples e desafiador em boa medida, aliado à mecânica de transição entre mundos que incrementa esta curta, porém memorável jornada.
Prós
- Trilha sonora fantástica;
- Apresentação visual simples e bela;
- Level design bem-planejado;
- Compatível com recurso Quick Resume no Xbox Series.
Contras
- Controles pouco responsivos e movimentação lenta;
- Alguns pontos de salvamento ficam distantes demais.
Eternal Hope — XBO/PS4/Switch/PC — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: XSX
Revisão: Camila Cerineu
Análise produzida com cópia digital cedida pela DX Gameworks