Atari Mania é uma aventura com microgames e elementos de puzzle que celebra o legado de meio século dessa marca tão importante para a indústria dos jogos eletrônicos. Apesar de jamais ter reconquistado o sucesso que fez na segunda geração de consoles, a Atari tem muitos motivos para se orgulhar de seu passado.
Aqui estamos no papel de Caretaker, o zelador responsável pelo museu Atari Vault, que abriga itens e personagens marcantes da empresa. Quando não estão atuando em seus jogos, os heróis aproveitam o tempo para relaxar e curtir sua aposentadoria nas dependências da instalação.
A ameaça dos pixels mortos
A rotina segue tranquila até que surge um pixel morto no meio do salão, sugando os personagens Millipede e Torr numa espécie de buraco negro. Caretaker salta nos pixels mortos para resgatar seus amigos e acaba sendo sugado para dentro de um universo alternativo, onde os elementos de três cartuchos de Atari 2600 se mesclam.A anomalia digital é chamada de NEOS, que imagino ser uma referência sarcástica ao console NES, atuando com a inesperada ajuda do urso Bentley, protagonista de Crystal Castles (Atari 2600). Cansado de ser esquecido, o urso foi seduzido pelos poderes das trevas.
A campanha apresenta-se na forma de uma aventura em que exploramos o Vault e resolvemos puzzles bem simples, que devem ser solucionados para destravar novas áreas e progredir. Para resolver esses quebra-cabeças, devemos utilizar ferramentas coletadas ao derrotar NEOS e outras anomalias em desafios de microgames.
Tudo junto e misturado
A estrutura dos pequenos jogos é bastante similar ao que vemos na série WarioWare, da Nintendo. Todos os microgames têm no máximo 30 segundos de duração, sendo precedidos por uma tela inicial com instruções extremamente simplificadas. Cabe ao jogador usar o pouquíssimo tempo disponível para entender a tarefa e executá-la. Ao vencer uma sequência de desafios, enfrentamos o chefão em uma tarefa final.A graça é que os 150 microgames de Atari Mania mesclam elementos de diferentes jogos de maneira inusitada, como usar a raquete de Pong como trampolim para os artistas de Circus Atari, ou pilotar o tanque de Combat para derrotar um senhor feudal em Warlords.
Em alguns casos até invertemos os papéis e jogamos com os antagonistas. Prepare-se para ajudar Millipede a escapar do ataque do canhão, ser uma base Qootile em Yar’s Revenge ou um dragão em Adventure. Todas essas alterações fazem uma divertida releitura dos jogos, combinando saudosismo e novidade de uma maneira deliciosa.
Em alguns casos até invertemos os papéis e jogamos com os antagonistas. Prepare-se para ajudar Millipede a escapar do ataque do canhão, ser uma base Qootile em Yar’s Revenge ou um dragão em Adventure. Todas essas alterações fazem uma divertida releitura dos jogos, combinando saudosismo e novidade de uma maneira deliciosa.
Um problema aqui é que muitos dos títulos mais amados do Atari 2600 não eram de propriedade intelectual da Atari. Por isso, grandes clássicos como Enduro, Pitfall, River Raid e Keystone Kapers ficaram de fora dessa celebração.
No início da campanha, é necessário vencer dez desafios, com tolerância de cinco erros. À medida que avançamos, a quantidade de desafios aumenta e a tolerância a erros diminui. Quando o boss é vencido, obtemos uma ferramenta para destravar novas áreas do Vault, e acessamos máquinas de arcade que nos permitem revisitar os microgames.
Infelizmente não é possível escolher qual microgame vamos jogar, pois eles vêm em ordem aleatória; portanto, não é possível treinar ou jogar novamente um favorito de sua preferência.
Outro ponto negativo é que, em alguns jogos, os controles são pouco responsivos. Em alguns casos ele é sensível demais e qualquer toque milimétrico no direcional resulta numa falha injusta; em outros, há um inexplicável atraso entre o pressionar de um botão e a execução do comando. A taxa de quadros muitas vezes varia bruscamente, fazendo com que o jogador falhe em desafios de precisão.
Itens de coleção
Quando não estamos nos microgames, podemos explorar o Vault em busca de colecionáveis. Podemos encontrar pôsteres com as capas dos jogos e atrair ratinhos com queijo para desafiá-los em sequências com menos tolerância a erros do que os chefes normais. Vencer os ratinhos desbloqueia manuais de jogos, que podem ser colecionados e apreciados. Tais desafios são opcionais, mas têm forte apelo nostálgico.Atari Mania não oferece a possibilidade de jogar os clássicos em suas formas originais, recurso que provavelmente foi poupado para ser usado em Atari 50: The Anniversary Collection (Multi), a ser lançado em breve. Ainda assim, parece-me uma oportunidade perdida de apreciar os jogos que deram origem aos microgames aqui presentes.
Os jogos têm visuais modernizados que se mantêm simples, nostálgicos e agradáveis. A trilha sonora é bem simples, com músicas em chiptune bacanas que remetem à década de 80.
Para maníacos por Atari
Atari Mania é uma aventura simpática que faz uma releitura interessante de clássicos da empresa, com minigames que mesclam elementos de diferentes jogos de forma inusitada ou que apresentam os desafios sob uma nova perspectiva.Seu maior apelo obviamente está com os fãs saudosistas do Atari 2600, que sentirão falta da possibilidade de jogar os games originais ou franquias famosas da época que pertencem a outros estúdios, além de sofrer com alguns problemas técnicos de controles e variação na taxa de quadros. Ainda assim, é um jogo recomendado àqueles que sentem saudade de uma época marcante da história dos games.
Prós
- As combinações inusitadas de jogos diferentes trazem uma releitura interessante e inovadora;
- Grande apelo nostálgico para fãs da plataforma;
- Grande quantidade de colecionáveis;
- Gameplay simples e intuitiva.
Contras
- Não permite jogar os games clássicos em sua forma original;
- Em alguns microgames, a precisão dos controles é sofrível;
- Não é possível revisitar seus microgames favoritos, pois eles aparecem de forma aleatória;
- Muitos clássicos ficaram ausentes por pertencerem a outros estúdios.
Atari Mania — PC/Switch/Atari VCS — Nota: 6.5Versão utilizada para análise: PC e Atari VCS
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Atari