Lançado em 11 de outubro para PC e todos os consoles das gerações atual e passada (menos o Switch),
Asterigos: Curse of the Stars é um verdadeiro souls-like, com direito a inimigos que reaparecem mesmo após derrotados e uma barra de stamina que limita os movimentos. Por outro lado, a jogabilidade e os recursos apresentados tornam-o bastante acessível, mesmo para aqueles menos versados nesse gênero punitivo de RPGs de ação. Nesta análise, vamos conferir um pouco sobre este modesto, mas competente indie.
Uma aventura mitológica
A história do game segue a protagonista Hilda, jovem guerreira da Legião do Vento do Norte. A jornada começa com sua ida à cidade de Aphes, em busca do seu perdido pai. Lá, a heroína descobre sobre uma maldição local possivelmente ligada ao seu patriarca, começando assim a se envolver em uma verdadeira saga. A ambientação é uma mistura de elementos gregos e romanos clássicos com uma pegada sobrenatural.
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A aventura vai te levar por várias localidades diferentes
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Os cenários variam de florestas a cidades, com direito a templos, pântanos e subterrâneos. Considerando que esta é uma produção independente, o escopo é respeitável, assim como a sua qualidade gráfica. Nada é incrível, mas os visuais são competentes, coloridos e cheios de charme, realmente passando a sensação de imersão em um universo mágico e único.
Infelizmente, a história em si é um tanto mal apresentada. As primeiras horas bombardeiam o jogador com muitas informações pobremente desenvolvidas. Creio que o maior problema seja o excesso de diálogos soltos, sem maior impacto ou caracterização. Ter mais cutscenes ou uma miniatura dos personagens ao lado das falas já seria de grande ajuda, pois na prática o foco de Asterigos acaba ficando mais na jogabilidade em si.
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Desde o começo as lutas são competitivas
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Felizmente, isso está longe de ser uma coisa ruim. Muito pelo contrário: o RPG de ação no estilo souls-like é uma daquelas experiências que equilibram diversão e desafio na medida certa. A maioria dos combates é bastante difícil, exigindo muita habilidade e atenção do jogador para vencer e continuar a aventura, mas sempre de forma viciante.
Get gud
As lutas surpreendem pela competência na execução e pela boa quantidade de recursos. Hilda conta desde o começo da aventura com seis tipos de armas diferentes para utilizar: lança, adagas duplas, martelo, cajado, braceletes e espada e escudo. É possível equipar dois armamentos por vez e, particularmente, gostei dos dois últimos. O escudo oferece uma defesa bastante útil; e os braceletes, ataques poderosos.
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Customize Hilda de acordo com o seu gosto
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A heroína também conta com habilidades mágicas com cooldown, que incluem ataques devastadores e melhorias de status. Para evitar as investidas dos inimigos, ela pode (e deve!) rolar e correr pelo cenário, sempre prestando atenção nos padrões dos oponentes e na sua barra de stamina. Em geral, os vilões são agressivos e podem rapidamente acabar com a jovem.
Nada muito fora dos padrões de um souls-like, dirão os versados. Também é característico o que acontece quando a energia se reduz a zero: Hilda é transportada para o último ponto de descanso, perdendo 10% do seu pó estelar, que funciona como dinheiro. Isso revive todos os inimigos já derrotados, sendo que isso também acontece quando ela recupera sua vida nesses mesmos pontos de descanso.
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Esquivar é tão importante quanto atacar
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As lutas podem ser cansativas e nervosas, mas a sensação de sucesso ao conseguir vencer uma difícil é sempre recompensadora. A detecção de contatos, seja do inimigo no jogador ou vice-versa, por vezes é um pouco suspeita e deixa a forte impressão de carecer de cuidados. Felizmente, ela tanto ajuda quanto atrapalha, deixando as coisas razoavelmente justas.
“It's dangerous to go alone! Take this”
Apesar de todas essas dificuldades, Asterigos conta com vários recursos que o tornam acessível (e menos sofrido). Aliás, preciso confessar que o game cresceu em mim conforme eu ia avançando pela história. Eu já havia experimentado o gênero souls em outros momentos e nunca me adaptei muito bem a ele. Particularmente, não curto a proposta excessivamente punitiva e que, em geral, exige os nervos à flor da pele o tempo todo.
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As batalhas contra os chefes levão os jogadores ao limite
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Logo, a aventura de Hilda se mostrou mais interessante pelos sistemas de customização e melhorias. É possível distribuir pontos em atributos como poder de ataque, precisão e constituição (vida), assim como em talentos. Eles funcionam como uma grande árvore de habilidades, aqui representada por constelações, contendo todo tipo de melhorias úteis.
Somando com as já comentadas habilidades mágicas, os diversos tipos de itens e equipamentos, além de outras surpresas, temos um game bem recheado. Todos esses pontos tornam Curse of the Stars um game desafiador, mas acessível. Não consegue avançar em um certo chefe? Então enfrente mais inimigos comuns e melhore a heroína e seus equipamentos.
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O sistema de customizações é profundo
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Quero deixar claro que as mecânicas souls-like funcionam bem e não são injustas, apenas exigentes. As demais complementam bem a proposta, inclusive conferindo originalidade ao lançamento, indo além de apenas focar em acessibilidade. Seja como for, sempre será preciso ser um jogador habilidoso e consumir muitos Bálsamos para avançar.
Além da ação, o RPG
Deixando os combates um pouco de lado, Curse of the Stars conta com uma estrutura competente para a sua aventura. Os diversos tipos de cenários são bem representados, assim como os seres que os habitam, com uma pegada cartunesca de qualidade. Depois que o game inicia, não existem telas de carregamento, tornando a experiência orgânica.
A única ressalva fica por conta da taxa de quadros: inimigos ligeiramente distantes podem apresentar um visual pixelado e travado, como se estivessem fora de sintonia com o resto do game. O fenômeno é pontual, mas incomoda quando acontece. No quesito RPG, temos uma produção bastante competente em quase todos os sentidos.
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A história é interessante de se acompanhar
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São vários personagens diferentes para conversar, incluindo diálogos sobre o mundo fantástico de Hilda e suas missões. A quantidade de itens e equipamentos é considerável, assim como as customizações e as explorações em busca de segredos. Cada novidade entra nas belas anotações de Hilda, formando um verdadeiro compêndio. É uma pena que explorar os cenários seja frequentemente uma tarefa ingrata em Asterigos.
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Temos um compêndio bem completo sobre o mundo de Asterigos
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A quase injustificável falta de um mapa torna tudo muito difícil, mesmo que os cenários não sejam mundos abertos enormes. Por diversas vezes fiquei zanzando por ruelas e túneis, sem a menor indicação da direção correta a seguir. Também fica complicado controlar os pontos que ainda não visitei como um bom explorador em busca de recompensas.
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É importante utilizar as novas habilidades para explorar áreas inéditas
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Talvez um contador de itens ou registrador de pontos de interesse fosse suficiente. Por enquanto, é sair a esmo até encontrar alguma coisa. Entendo que essa deva ter sido uma decisão deliberada, que até certo ponto é compensada por alguns marcadores auxiliares espalhados pelos cenários. Na maioria dos casos, eles ajudam pouco no vai-volta constante do game.
Existe um ponto em que liberamos um sistema de teletransporte, melhorando um pouco esse quesito. Tal como as demais deficiências de Asterigos (com exceção da apresentação da história), creio que tudo isso seja resolvível com atualizações oportunas. Aliás, essa é mais uma potencial qualidade do game, como já irei comentar.
Muito além de um indie
Curse of the Stars também conta com uma boa dublagem (em inglês) e músicas bem legais, dignas de qualquer produção de maior poder financeiro. Na verdade, esse alto nível é visto na maioria dos elementos que compõem o lançamento. Por exemplo, são 60 inimigos diferentes para enfrentar, incluindo harpias, minotauros, lobisomens e outras criaturas fantásticas.
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São muitos os inimigos para enfrentar ao longo do game
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As lutas mais emocionantes, entretanto, ficam por conta dos chefes. São 22 disponíveis ao longo do game, um mais interessante que o outro. Fãs de jogos souls-like sabem do que estou falando, pois essas batalhas funcionam como o carro-chefe (!) desses títulos. Para aqueles que querem mais, fica a promessa da produtora para um futuro DLC.
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O DLC promete expandir ainda mais o universo do game
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Chamada de Asterigos: Call of the Paragons, a expansão promete um novo mapa, sete novos chefes, um conjunto de armas divinas e até um novo traje para Hilda. A data de lançamento prevista é para fevereiro de 2023. Fico satisfeito ao ver que já existem planos para dar continuidade ao game, pois ele realmente tem potencial para tanto e conta com uma base sólida e competente.
Um souls-like divertido e viciante
Mesmo que a minha expectativa inicial fosse modesta, admito que
Asterigos: Curse of the Stars me surpreendeu bastante. O gênero RPG de ação é um dos mais populares em tempos recentes, mas o game conseguiu adquirir personalidade própria. Os combates são divertidos, o estilo visual encantador e a aventura empolgante.
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Uma grande aventura te espera em Asterigos
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Como um indie, a produção fica devendo em alguns pontos, mas nada que comprometa o pacote como um todo. Aliás, a quantidade de recursos para enfrentar os combates não deve nada aos demais jogos. Se você é fã do gênero souls, essa é uma boa opção para a sua biblioteca; se não for, ele ainda é uma ótima porta de entrada para um mundo desafiador, mas igualmente recompensador.
Prós
- Jogo de RPG de ação de ótima qualidade geral;
- Gênero souls se faz presente de forma equilibrada;
- Jogabilidade é competente com combates de alta competitividade;
- Boa quantidade de equipamentos, habilidades e itens para jogar;
- Muitas missões e segredos para explorar ao longo da campanha.
Contras
- Faltou mais atenção a elementos importantes como detecção de acertos, presença de mapa e apresentação da história;
- Mesmo sendo um indie, certos pontos da produção técnica são modestos demais.
Asterigos: Curse of the Stars — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Ives Boitano
Análise realizada com cópia digital cedida pela tinyBuild