Análise: The Outbound Ghost (PC) é uma divertida e carismática aventura por um mundo fantasma

Este RPG entrega um combate desafiador e divertido, mas sofre com exploração e puzzles desinteressantes.

em 29/09/2022

Produzido pelo estúdio indie Conradical Games, The Outbound Ghost é um RPG com combate em turnos em que devemos ajudar um fantasma com amnésia e seus amigos a ascender aos céus. Com um combate divertido e personagens carismáticos, este jogo consegue entreter de maneira competente, apesar de alguns deslizes na construção de seu mundo.

Fantasminha camarada

The Outbound Ghost se passa em um plano espiritual onde as almas ali presentes buscam uma forma de ascender ao céu. Para isso, os fantasmas devem resolver suas pendências do passado, para assim ficar livres. Controlamos um fantasma com amnésia e, sem entender como estamos ali, começamos a explorar a região e encontramos alguns fantasmas que buscam o culpado por suas mortes.

Agora, além de ajudar seus novos amigos a encontrar o assassino, você deve buscar as respostas da sua vida enquanto enfrenta diversos fantasmas malignos. É uma pena o jogo estar apenas em inglês, pois ele possui uma história interessante e um bom desenvolvimento dos personagens, além de reviravoltas bem elaboradas ao longo da campanha.



Um mundo colorido e desinteressante

The Outbound Ghost é um RPG com estrutura linear e possui um mundo separado em áreas. Temos cavernas, florestas, montanhas e vilarejos espalhados pelo mapa, e em cada ambiente podemos encontrar itens para coleta, acampamentos para salvar o progresso, fantasmas para conversar e inimigos para combater.

Os cenários não são os mais bem trabalhados. Há muitos elementos repetidos ao longo de cada seção, como árvores, placas e arbustos, o que torna a exploração monótona. Com exceção de alguns efeitos de luz, os gráficos não apresentam um destaque significativo. 




Em certos momentos, teremos de encarar alguns quebra-cabeças para prosseguir com a história. Normalmente eles envolvem abrir fechaduras e acender tochas escondidas, mas são todos fáceis e desinteressantes. Logo, resolvê-los não agrega muito à diversão, mas quebra um pouco o ritmo repetitivo da aventura.

Um ponto interessante é a similaridade dos personagens com os modelos de Paper Mario. Os desenvolvedores deixaram clara a inspiração na série e todos os personagens apresentam o aspecto de papel em seus modelos. Os fantasmas são bem carismáticos e expressivos, com características marcantes para cada um. O protagonista, no entanto, parece um boneco genérico em meio aos demais, apresentando um aspecto meio apático frente aos acontecimentos ao seu redor.



Lutando com seus sentimentos

O ponto alto de The Outbound Ghost é, sem dúvida alguma, seu combate. O gameplay consiste em um embate por turnos em que controlamos pequenos fantasmas conhecidos como Figments, que consistem em representações de diversos sentimentos, como arrependimento, solidão, rancor e camaradagem. Esses espíritos possuem características diversas que auxiliam o protagonista na aventura.

Além de designs criativos, os espíritos variam de estilo de combate. Alguns funcionam como suporte, auxiliando na recuperação de vida; outros são tanques, suportando muitos ataques; há também os mais balanceados, com parâmetros mais equilibrados. Sua equipe pode ser composta por até quatro Figments, sendo essencial bolar uma estratégia de combate que equilibre as qualidades de cada figura.




Cada Figment possui um ataque comum, defesa e uma série de habilidades especiais que consomem Special Points (SP). Para executar os ataques, há uma mecânica que consiste na execução de um quick time event. Uma barra fracionada em três cores — vermelho para erro, laranja para acerto normal, verde para acerto crítico — é exibida e devemos apertar o botão de ação no momento que uma seta esteja alinhada, de preferência, com a cor verde. 

A seta se movimenta de diferentes formas para cada habilidade escolhida. Apesar de ajudar a dar um dinamismo diferente à gameplay, alguns padrões de movimentação da seta são absurdamente difíceis de ser acertados, fazendo com que deixemos de lado alguns dos golpes dos fantasmas.




Apesar de não ser impressionante, The Outbound Ghost apresenta uma proposta honesta, principalmente quando levamos em conta que foi desenvolvido por uma equipe pequena. Apesar de alguns momentos desinteressantes, há uma boa alternância entre os trechos de exploração, combate e história. Além disso, o jogo é relativamente curto e direto ao ponto, não consumindo mais tempo do jogador que o necessário.

Interessante, mas não impressionante

The Outbound Ghost é um projeto bem elaborado e executado de maneira competente por uma equipe pequena de desenvolvedores. Os cenários possuem muitos elementos repetidos e a exploração é frequentemente monótona, mas o combate se destaca por conta da variedade de Figments e é divertido elaborar diferentes estratégias de acordo com suas características. Já a história se desenvolve de maneira interessante e ajuda a manter o jogador interessado. Não é um jogo tão impressionante, mas vale a pena ser conferido.

Prós

  • Há uma boa variedade de Figments, abrindo a possibilidade de elaborar diversas estratégias para o combate;
  • A história é bem desenvolvida, com reviravoltas legais em seu final;
  • Os personagens secundários são todos bem expressivos e carismáticos.

Contras

  • Os cenários contam com muitos elementos repetidos, tornando a exploração monótona;
  • Alguns quick time events do combate são quase impossíveis de serem executados;
  • Ausência de localização para português;
  • Os puzzles são extremamente triviais e não agregam à aventura;
  • O protagonista tem um aspecto genérico em meio a tantos personagens interessantes.
The Outbound Ghost — PC — Nota: 6.5
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Digerati


É engenheiro geólogo, graduando em Engenharia Ambiental, entusiasta de novas tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Gosta de aproveitar o tempo apreciando RPGs, relaxando em simuladores de fazenda e curtindo uma boa música em jogos de ritmo.
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