KillerXinok, nome de jogador de Bruno Henrique (28), é um veterano da cena competitiva brasileira de jogos de luta. Competindo desde 2012, Xinok, como costuma ser chamado, é conhecido por ser jogador das franquias da produtora NetherRealm Studios, Injustice e Mortal Kombat, mas também competiu em jogos como Guilty Gear -Strive- (Multi) e, recentemente, MultiVersus (Multi).
Entre suas maiores conquistas estão o título da Liga Latina de Injustice 2 de 2017 e o Combo Breaker de Mortal Kombat X de 2018. Neste ano, ele adicionou mais uma grande conquista para sua coleção: Xinok conquistou a sétima colocação na Evolution Championship Series 2022, popularmente conhecida como Evo, no torneio de Mortal Kombat 11 Ultimate.
Xinok após vencer o Combo Breaker de Mortal Kombat X de 2018 |
A Evo é o maior campeonato de jogos de luta do mundo e, apesar de não ser necessário participar de classificatórias para poder competir, é considerado por muitos como o circuito mundial da categoria. O torneio premia os jogadores até a oitava colocação, o chamado Top 8. Xinok foi o primeiro brasileiro a conseguir a medalha de Top 8 em Mortal Kombat e o segundo no geral, o primeiro sendo o jogador de Samurai Shodown, Didimokof.
Eu entrevistei KillerXinok para o GameBlast. Durante nossa conversa, falamos sobre sua trajetória como jogador profissional, sua performance na Evo 2022, suas opiniões acerca dos jogos de luta atuais, o cenário competitivo, o mercado, o suporte das produtoras de jogos na América Latina e suas perspectivas para o futuro da carreira:
GameBlast: Você poderia começar falando da sua trajetória, desde seu primeiro contato com jogos de luta até sua entrada no competitivo?
KillerXinok: Eu comecei jogando os Mortal Kombats de PlayStation 1 em torno de 1998, 1999 e na época eu jogava com meu irmão e com meus primos. E nem imaginava jogar em campeonato. Eu tinha até um problema, porque eu era muito competitivo; eu ficava horas e horas jogando o jogo, tentando melhorar, mesmo naquela época não havendo muito recurso, pois não tinha internet.
Quando chegou o Mortal Kombat 9, eu comecei a jogar online e joguei contra um player de Cyrax que na época me destruiu. Eu fiquei impressionado com ele ter feito um combo que dava 58% de dano, mas fiquei pensando que, se ele conseguia fazer aquilo, eu também poderia fazer. Eu fui jogando mais online e, conforme eu ia jogando, ia também conhecendo o pessoal e fazendo amigos através da Xbox Live.
Em torno de maio, ou junho, de 2012 um amigo me chamou para um campeonato de Mortal Kombat 9, na X Revolution, uma antiga casa de games. Nesse campeonato eu conheci a comunidade e vi que existia um jogo além do online. A partir disso eu fui conhecendo melhor o jogo, aprendendo os fundamentos, o que é frame data, o que é arriscado e, conforme foi passando, eu fui ganhando vários campeonatos até que chegou ao ponto de vencer no exterior também e agora essa conquista na Evo.
Logo que soube que conseguiria participar da Evo, você
começou a treinar para os jogos que pretendia competir, Mortal Kombat 11
e MultiVersus, principalmente jogando online. Como foi esse processo?
No Mortal Kombat 11 tem dois estilos de jogo que são muito perigosos. Tem o jogador que é muito paciente, joga pela teoria, usa a frame data, e tem o jogador que é mais explosivo, dá gancho, pula, dá fatal blow (super), sem medo de se arriscar, só pensando na recompensa. Eu estava mais acostumado com o primeiro tipo de jogador e no online 90% das pessoas jogam na loucura, jogam se arriscando, então foi muito bom para mim, porque me fez ficar mais paciente. Eu me arriscava menos, esperava o oponente cometer um erro e acabava ganhando mais.
O MultiVersus foi um jogo que me deixou muito animado para competir, porque eu me diverti muito jogando, algo que não aconteceu com outros jogos, como Guilty Gear -Strive- e The King of Fighters XV. Minha dupla para o campeonato seria o zeus, nós estávamos treinando no online também, mas infelizmente ele teve um problema e não pôde ir.
Como você avalia a sua performance nos torneios dos dois jogos?
No MultiVersus, como eu falei antes, a minha dupla original não pôde ir e eu combinei com o GuiExceptional, que também estava indo para competir no Mortal Kombat 11, para entrar no lugar dele. O Gui teve apenas quatro dias para treinar no Multiversus, mas pelo tempo que teve ele ficou muito bom no jogo. Eu estava jogando de Jake e ele de Cachorrena. Nós perdemos no round 2, ganhamos mais três lutas pela losers e fomos eliminados, ficando em 33° lugar.
No Mortal Kombat 11 foi um torneio muito difícil, pois, com exceção da minha primeira luta, todas foram muito difíceis. Mesmo jogadores que não são tão conhecidos eram uma ameaça de me eliminar. Nos outros jogos, como Mortal Kombat X, eu não sentia que antes de Top 16, Top 8, as lutas eram tão difíceis.
De todas as suas lutas na Evo, qual você considera a mais difícil e qual foi a sua favorita?
A mais difícil foi justamente a que eu mais gostei, que foi contra o SonicFox. Eu queria muito jogar contra ele, porque eu havia jogado em 2016, no Mortal Kombat X, e eu sei bem como jogar contra o personagem dele, o Coringa, mas eu cometi alguns erros e acabei tomando um golpe várias vezes, porque eu imaginei que ele não faria isso por ser arriscado. Eu quase consegui fazer uma virada, mas ele acabou ganhando no final.
O que esta conquista significa para você?
Foi muito importante para mim por poder mostrar o potencial do Brasil no exterior. Muita gente dos Estados Unidos questiona a minha vitória do Combo Breaker, dizendo que o jogo já estava morto, sendo que todos os melhores jogadores do mundo estavam lá. Com essa Evo, que além de mim teve os gêmeos chilenos Nicolas, em terceiro lugar, e Scorpionprocs, o campeão, eu espero que as pessoas reconheçam que a América do Sul é uma potência dos jogos de luta. Espero que isso também mostre para as nossas empresas que os nossos jogadores têm potencial e merecem apoio e patrocínio.
E quais são suas perspectivas para o futuro?
Bom, por enquanto eu estou meio que órfão de jogo, porque a NRS já tinha falado que não haveria anúncios nessa Evo, então agora é esperar alguma notícia, algum teaser, em algum evento. Até lá eu vou continuar jogando MultiVersus, que eu estou me divertindo muito, e vou jogar Pocket Bravery também, jogo de luta nacional que logo será lançado. E eu espero que a cena dos jogos de luta do Brasil e da América do Sul continue crescendo.
Revisão: Ives Boitano