Este ano já estava sendo bem produtivo para as Tartarugas Ninjas. O lançamento de Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder's Revenge foi um tiro certeiro para os fãs, trazendo o estilo retrô em conjunto com elementos atuais. Porém, algo mais nostálgico estava por vir.
De maneira surpreendente, Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection é muito mais do que um mero compilado, tornando-se um exemplo a ser seguido sobre como tratar o legado de franquias clássicas.
Seleção ninja de respeito
Só para se ter uma noção, o legado dos répteis com nomes de pintores renascentistas nos games também é vindouro do fim da década de 1980, tal qual seus quadrinhos de origem e o desenho animado — sim, aquele que eu assistia repetidamente nas manhãs da TV aberta. Os jogos presentes em Cowabunga Collection são:
- Teenage Mutant Ninja Turtles (1989) — Arcade
- Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time (1991) — Arcade
- Teenage Mutant Ninja Turtles (1989) — NES
- Teenage Mutant Ninja Turtles II: The Arcade Game (1990) — NES
- Teenage Mutant Ninja Turtles III: The Manhattan Project (1991) — NES
- Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters (1994) — NES
- Teenage Mutant Ninja Turtles IV: Turtles in Time (1992) — SNES
- Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters (1993) — SNES
- Teenage Mutant Ninja Turtles: The Hyperstone Heist (1992) — Sega Genesis
- Teenage Mutant Ninja Turtles: Tournament Fighters (1993) — Sega Genesis
- Teenage Mutant Ninja Turtles: Fall of The Foot Clan (1990) — Game Boy
- Teenage Mutant Ninja Turtles II: Back From The Sewers (1991) — Game Boy
- Teenage Mutant Ninja Turtles III: Radical Rescue (1993) — Game Boy
A lista pode conter alguns nomes repetidos, entretanto aqui isso faz sentido. Eles vêm de uma época na qual as desenvolvedoras tinham que se desdobrar para fazer um título competente levando em consideração as limitações de cada hardware. Logo, alguns jogos só se pareciam na capa, pois o seu conteúdo era bem diferenciado, como é o caso dos três Tournament Fighters disponíveis. Cada um com sua lista de movimentos, cenários e personagens distintos.
Em meio aos selecionados é normal ter títulos que não envelheceram tão bem, como os de NES e Game Boy, que quando colocados na mesma balança que os de arcade, se tornam menos interessantes e até um pouco difíceis de digerir, pois eles foram feitos sob uma outra perspectiva de público. E é claro que existem também os queridinhos, como ambas as versões de Turtles In Time, que se mantêm afiados até mesmo para os padrões atuais — além dos meus amados Hyperstone Heist e Tournament Fighters, que eu aluguei incontáveis vezes para jogar no meu Mega Drive.
Com exceção do primeiro Teenage Mutant Ninja Turtles, do NES, e os três títulos de Game Boy, todos os demais possuem co-op local. Os de arcade suportam até quatro pessoas, enquanto as versões dos consoles podem ser curtidos por dois participantes. Poder jogar com mais de um amigo é algo praticamente mandatório para um bom beat ‘em up e é claro que não deixaria de ser bem-vindo, entretanto, na parte online, essa experiência foi reduzida a apenas quatro jogos: os dois jogos de arcade, Tournament Fighters do SNES e Hyperstone Heist, do Genesis.
A emulação de cada um dos jogos é muito bem feita e não deixa nada a desejar. Ainda foram incluídos recursos bem bacanas que tornam a experiência ainda mais satisfatória. Contamos com toda aquela perfumaria típica das coletâneas atuais, como filtros de tela que simulam as telas de tubo dos fliperamas e televisores daquela época. Quem não curte esse formato, pode jogar com a imagem limpa nas disposições 1:1, 4:3 e 16:9.
Outra adição que merece ser celebrada é a de poder curtir os jogos mais antigos sem os slowdowns e sprites piscantes da época. Pode parecer uma besteira, mas é algo que sempre foi incômodo na época em diversos títulos, como os da série Mega Man.
A parte mais legal fica por conta das adições práticas, que dão uma mãozinha para aqueles que estiverem sofrendo um pouco de início. Contamos com a possibilidade de rebobinar o tempo alguns segundos e retomar decisões rápidas e a de salvar a qualquer momento. Cada jogo tem o seu slot de salvamento, o que impede inconvenientes de um save sobrescrever outro, como ocorreu em Capcom Fighting Collection, que dispunha de apenas um slot para todos.
Além disso, a maioria dos jogos conta com a ativação de trapaças de maneira automática, já no menu principal. Há seleção de fases, vidas extras, mais continuações, invencibilidade, super força e a possibilidade de escolher os chefes nos jogos de luta. Para quem quer ser mais tradicional, também é possível realizar os macetes da maneira convencional, como o famoso código Konami, ou acionando uma sequência determinada de botões em momentos exatos.
Se tentar atalhos ainda não estiver dando certo, há a possibilidade de lermos pequenos guias de estratégias. Cada um tem o seu, elaborado no melhor estilo revista de games dos anos 1990, com dicas de como derrotar cada chefe, os movimentos especiais de cada tartaruga (quando disponíveis) e até mapas.
Por fim, uma última ajuda, útil de todas, é possível assistir a um playthrough de cada jogo e assumir o controle a qualquer momento, seja no início de tudo, seja no golpe derradeiro contra o chefe final.
Casco de luxo
Quem já leu análises minhas de outras coletâneas, deve ter notado o quanto eu pego no pé daquelas que não trazem uma galeria. Eu acredito que sempre é bom mostrar o legado que justifique o motivo de trazer um punhado de jogos com seus 30 anos para uma geração totalmente diferente.
Para calar minha boca com propriedade, Cowabunga Collection não se prende apenas aos games das tartarugas, e traz dados até mesmo sobre as outras mídias. É possível conferir artes conceituais e rascunhos de cada jogo presente na coletânea, imagens capturadas de episódios selecionados de todas as temporadas de todas as animações lançadas até o presente momento, trechos e capas clássicas dos quadrinhos, trilha sonora completa, pôsteres promocionais, as caixas e manuais com direito a variantes por região, catálogos, propagandas e os já citados guias de estratégia.
Essa surra de conteúdo é uma grata surpresa, ainda mais por parte da Konami, que já lançou compilados de séries como Castlevania e Contra, e não deu um oitavo do mesmo carinho que as tartarugas receberam. Ter uma IP multimídia pode ser um fator diferencial na hora de reunir um acervo desse tamanho, mas Cowabunga Collection com certeza eleva a barra de como agradar veteranos e apresentar clássicos para jogadores novatos.
Nível Cowabunga de excelência
O cuidado colocado em Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection transforma esta coletânea em uma espécie de exemplo a ser seguido. A Konami acertou em cheio ao deixar esta tarefa nas mãos da Digital Eclipse, que já tem uma longa experiência em reunir clássicos de grandes franquias de maneira competente. O que temos é uma pizza deliciosa com recheio de nostalgia e diversão, temperada com competência e coberta por um grande legado.
Prós
- Boa variedade de títulos para mostrar as diferenças de hardware da época;
- É possível ajustar defeitos típicos das gerações antigas;
- Diversos recursos de apoio ao jogador, como save state, rewind, guias de estratégia e vídeo de playthrough;
- Galeria com acervo de diversas mídias, não se restringindo só aos games;
- A maioria dos jogos possui co-op local.
Contras
- A dificuldade acentuada de alguns jogos pode afastar jogadores mais casuais;
- Apenas quatro jogos possuem multiplayer online.
Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 9.0Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise feita com cópia digital cedida pela Konami