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Um jogo com boa variedade de desafios
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Felizmente, a balança pesa para o lado positivo. Os visuais são modestos, sobretudo nas texturas, mas também bonitos e bem coloridos. Tanto cenários quanto personagens são agradáveis e simpáticos, equilibrando um estilo moderno e clássico. Quanto aos modelos dos personagens, inclusive, é possível notar que eles são parecidos com os vistos em
Pac-Man Museum + (no hub principal da coletânea).
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Uma produção de boa qualidade e bom gosto
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A estrutura do game se assemelha à do encanador bigodudo ao fazer uso de um hub central com vários pequenos territórios temáticos, como castelos, fábricas e barcos piratas. Dentro deles, temos acesso às fases, que precisam ser concluídas para liberar as demais. Além disso, diversos objetivos secundários podem ser completados no processo (mais sobre eles em seguida).
Em busca da família perdida
A história do game é meio bobinha, mas serve ao propósito básico de situar o título. Na festa de aniversário do protagonista, os tradicionais inimigos fantasmas, a mando do vilão principal Toc-Man, sequestram, por engano, a família e os amigos do herói. Ele parte, então, para derrotar o maligno robô e resgatar os seus companheiros.
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Resgatar cada membro da família é uma das tarefas do game
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As fases são compactas e trazem desafios variados, como plataformas móveis, botões que abrem portas, lasers, precipícios, inimigos, etc. Pac-Man tem um surpreendente leque de habilidades para progredir: ele pode pular, arremessar bolinhas, se agarrar a bordas, flutuar por alguns segundos… Na realidade, a grande dificuldade é saber qual usar, como se devemos esmagar inimigos caindo em cima deles ou desviar com agilidade.
Temos outros recursos como uma esfera cinza que transforma o herói em uma versão metálica, mais resistente e menos ágil, e as já tradicionais bolotas amarelas que transformam-no em uma versão sua gigante e invulnerável. Nesse último caso, é quase como um retorno às raízes labirínticas dos tempos de arcade. Sem maiores spoilers, ressalto também as fases fora da caixa que trazem corridas e tiroteios espaciais.
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O título constantemente nos traz novidades divertida na jogabilidade
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Nas suas fases usuais, World RePac faz um uso inteligente de backtracking por meio de uma mecânica envolvendo portas. Enquanto a maioria dos games exige que o jogador chegue já preparado aos locais de interesse, aqui temos que constantemente retornar pelas fases para coletar frutas que permitirão a abertura de portas. Elas contêm itens, botões, dentre outros elementos, que ajudam a avançar na busca do final do jogo e dos famosos 100%.
Para isso, temos várias tarefas diferentes a realizar: salvar os amigos sequestrados de Pac-Man (um para cada um dos seis territórios do game); encontrar as letras P-A-C-M-A-N escondidas nas fases; vencer os desafios extras que incluem labirintos semelhantes aos do jogo original. A quantidade de coisas a fazer no game é considerável, sobretudo se o jogador buscar as melhores pontuações possíveis.
Fidelidade não é sinônimo de qualidade
Apesar dessa boa quantidade de conteúdo, RePac tem uma falha bastante grave. Na verdade, esse problema vem de Pac-Man World, um jogo com mais de 20 anos nas costas e que, hoje, deixa a desejar em vários pontos importantes. Sendo um remake bastante fiel ao original, novidades desenvolvidas ao longo dos anos ficaram de fora, como, por exemplo, não existir desafios com limites de tempo, colecionáveis, skins, recursos online, etc.
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Não basta carisma e ideias consolidadas: é preciso trazer boas novidades
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Posso parecer muito exigente, mas a indústria dos games evoluiu muito desde o original, de tal forma que os lançamentos (ou relançamentos) precisam levar essas novidades em conta para obterem sucesso. É quase impossível de aceitar que não podemos mudar a aparência de Pac-Man, conferir uma galeria de arte legal ou mesmo desafiar amigos para disputas, sejam locais ou online. Mesmo em termos de um plataforma o jogo precisaria de atualizações mais significativas.
Em outras palavras, salvo as pequenas melhorias e modificações pontuais, Pac-Man World RePac é um lançamento novo, mas com cara de velho. Ressalto que existem muitas atrações no pacote completo, com fases interessantes, visuais agradáveis e desafios divertidos. Pena que a fidelidade a uma produção datada (e que já não era perfeita por si só) tenha reduzido uma experiência com grande potencial a um resultado simplista.
Divertido acima de tudo
Jogadores experientes notarão referências a títulos contemporâneos do Pac-Man original, como Galaga e Dig-Dug. Aliás, efeitos sonoros e músicas parecem ter saído de uma máquina de fliperama, sempre com qualidade digna dos tempos modernos. Não é apenas pelo trabalho de som: eu aplaudo as boas ideias de World RePac em transformar uma experiência bastante simples — comer bolinhas em um labirinto — em uma aventura 3D original e com boas propostas.
Confesso que ela seria curta sem os objetivos extras, mas eles são quase obrigatórios pela diversão e desafio que proporcionam. Por vezes me deparei perscrutando cada ponto do cenário na busca de uma fruta para abrir um portão ou de alguma letra que deixei passar. Os chefes, com suas mecânicas únicas, também foram boas oportunidades de testar minhas habilidades em controlar a versátil bolota amarela.
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Os chefes podem ser bastante desafiadores
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Isso se deve também por termos em RePac uma jogabilidade responsiva e bem executada, que permite ao jogador enfrentar cada obstáculo com honestidade. Nada de pulos duvidosos ou falhas na detecção de ataques: tudo funciona bem e de forma agradável. Sejam plataformas móveis, inimigos aéreos ou botões escondidos, sempre é possível deduzir alguma saída para poder avançar nas fases.
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Os desafios em labirintos são uma homenagem ao game clássico
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Se por um lado ter um Pac-Man ágil e repleto de recursos é divertido, por outro os desafios se tornam frequentemente acessíveis em exagero. Embora eu não tenha jogado a versão original, confesso que as fases e seus desafios foram, em boa parte, pouco desafiadores. Na verdade, creio que um dos problemas mais notáveis seja a grande quantidade de vidas disponíveis (muito por causa da lenta, mas generosa máquina caça-níquel ao final de cada fase).
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Com foco em mecânicas de plataforma, World RePac é sólido e bem pensado
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Portanto, mesmo que eu morresse constantemente, teria várias novas chances para avançar. O resultado final ainda é divertido e interessante, mas acaba se tornando um pouco maçante justamente graças à facilidade por horas excessiva. Se esses pontos e, sobretudo, a questão da fidelidade tivessem sido melhor administrados, o game poderia ser candidato a um dos melhores do ano.
Mais uma invasão de bom sucesso
Pac-Man World RePac apresenta uma produção renovada e bela que só salienta as qualidades do game original: fases bem pensadas, jogabilidade sólida, muitos desafios para descobrir e enfrentar. Infelizmente, isso também fez com que diversos elementos padrões de jogos atuais, como funções online e cosméticos, ficassem de fora. Mesmo com essa limitação, a experiência ainda é muito boa e vale o lugar na tua biblioteca, sobretudo para os fãs de plataforma e da saudosa bolota amarela.
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Um mundo de aventuras com a bolota amarela agora em um pacote renovado!
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Prós
- Remake traz um jogo de plataforma em 3D único e divertido;
- Produção de boa qualidade;
- Mecânicas de jogo são únicas e divertidas;
- Jogabilidade funciona bem;
- Missões e desafios secundários são instigantes e bem bolados;
- Boa quantidade de conteúdo de qualidade para continuar jogando.
Contras
- Fidelidade ao original negligencia várias novidades do gênero plataforma em três dimensões, sobretudo conexões online e cosméticos;
- Nível geral de dificuldade poderia ter sido maior.
Pac-Man World RePac — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS5