Análise: Melty Blood: Type Lumina (Multi) é um sopro de vida para os jogos de luta 2D

Continuação da franquia traz elementos básicos, mas muito bem feitos, e evoca competência no lugar de firulas desnecessárias.

em 08/09/2022
Melty Blood: Type Lumina
foi lançado no ano passado, mas mesmo com sua base de fãs fiel, acabou um pouco ofuscado por outros nomes como Guilty Gear -Strive- e até mesmo Virtua Fighter 5 Ultimate Showdown.

Agora, um ano depois, o título da French Bread, baseado no romance visual Tsukihime, mostra que ainda tem muito a oferecer. Um exemplo disso são suas constantes adições gratuitas de conteúdo, além da sua participação no line-up da EVO 2022.

Nesta análise, vamos conferir quais são seus atrativos em meio aos gigantes do gênero.

Sob a luz da Lua

Quem conheceu o antecessor de Type Lumina, Melty Blood Actress Again, ou qualquer Under Night, também da French Bread, já sabe o que esperar da jogabilidade: rapidez, combos bastante sinérgicos e barras que podem mudar os rumos de uma partida.

Algo que conta a favor dos jogadores novatos é que a estrutura das combinações é a mesma para todos os personagens, com levíssimas variações. Ainda assim, não quer dizer que eles tenham o mesmo tipo de postura ou estilo de jogo.

O sistema Rapid Beat permite que combos no chão ou aéreos sejam desferidos apertando apenas um botão. É uma alternativa útil para quem está aprendendo, mas logo ela pode ser substituída por inputs manuais e mais complexos, que causarão mais danos.

Quanto às barras, elas funcionam de maneira a equilibrar a partida, podendo até favorecer o lutador em desvantagem. O medidor de especial é segmentado em três partes, mas uma quarta porção é adicionada ao combatente que perdeu o primeiro round, possibilitando uma gama maior de ataques especiais e o uso do devastador Last Arc.

Outro marcador que os jogadores podem fazer uso é uma lua abaixo do nome de cada escolhido. Ele pode ser carregado e liberado diversas vezes durante uma mesma luta, além de ser necessário para o uso dos Moon Skills, golpes um pouco mais fortes que os especiais tradicionais. Por fim, o Moon Drive é um estado de power-up momentâneo, no qual sua barra de vida pode ser gradualmente recuperada enquanto se está na ofensiva.

Para se defender, é possível utilizar o bloqueio tradicional, segurando o direcional para trás, e o escudo. Ao acionar o escudo no tempo certo, é possível revidar com uma investida aérea ou até mesmo um gancho, que lançará seu inimigo para cima e abrirá espaço para um combo aéreo.

Parece muita coisa, mas é tudo bastante intuitivo e simples. Os desafios de combos básicos e intermediários de todos os lutadores são bem parecidos, então é fácil de ter uma compreensão dos comandos. Quanto aos movimentos mais complexos, eles exigem um timing bem preciso, mas ao serem executados com seu preferido algumas vezes, tornam-se quase que automáticos.

Já cansou de bater?

No que diz respeito aos modos de jogo, Type Lumina também conta com uma receita bem básica para um bom jogo de luta single player. Temos os modos Story, Arcade, Time Attack, Score Attack, Survival e Mission, que são as listas de combos citadas anteriormente.

O que diferencia Type Lumina dos demais, pelo menos à primeira vista, é que tudo está separado por lutador. Cada um conta com uma porcentagem de conclusão, baseado nesses modos de jogo. Ao atingirmos o ranking S em todos, alcançamos os 100%.

Essa tarefa exige dedicação, pois é necessário terminar cada um dos modos nas três dificuldades disponíveis. Isso pode ser um pouco exaustivo, pois a não ser pela agressividade da inteligência artificial, não há nada mais que incremente o desafio.

À medida que nosso progresso vai aumentando com cada um dos lutadores, vamos liberando itens referentes a eles na galeria. Além das poses de vitória, introdução e na hora que executam um Arc Drive e Last Arc, é possível desbloquear vozes, músicas, interações e as já famosas imagens de finalização da história.

Existem alguns outros itens para serem comprados, mas eles não são tão interessantes. Além de algumas ilustrações especiais, o resto do nosso ouro pode ser gasto com "perfumarias" para serem utilizadas no modo online, como ícones, títulos e decalques decorativos para os cartões que registram o nosso recorde. É muita coisa, mas nem de longe vale o grinding para comprar tudo, e nem necessário é de fato.

Entretanto, há dois pontos positivos que merecem ser ressaltados e fazem ainda mais sentido após esse um ano de vida. O primeiro são as DLCs gratuitas, que expandiram o elenco inicial de 14 para para 20 integrantes. Em um gênero que está saturado de passes caríssimos e temporadas intermináveis, ter adições sem custo extra é muito bem-vindo.

O segundo, e até mais "bobo", é o fato do Story não ser apenas uma Visual Novel. Parece ser a tendência recente em alguns jogos de luta atuais em 2D, mas não deixa de ser frustrante achar que vai entender as motivações e rixas de cada lutador por meio de confrontos, e no fim são apenas transposições intermináveis de diálogos. O exemplo mais recente disso é o já citado -Strive-.

O toque final fica por conta da ótima trilha sonora, composta pelo músico japonês Raito, já conhecido pela autoria das canções de Under Night e autor do tema da personagem Umbrella, de Skullgirls. 

Quanto ao estilo visual, não há muito do que fugir do já famoso 2.5D, que são personagens bidimensionais em cenários 3D. Mas isso não quer dizer que os modelos não foram bem trabalhados. As fases foram bem construídas e os sprites são cheios de detalhes, feitos do zero para esta edição. 

Os Last Arcs também têm animações bem chamativas e trabalhadas, mas nem todos os personagens foram agraciados com sequências bacanas, o que mostra que talvez os desenvolvedores tivessem seus queridinhos.

Você faz muito o meu tipo!

Melty Blood: Type Lumina se tornou mais interessante a longo prazo que alguns de seus "irmãos maiores" por questões simples, como conteúdo gratuito e jogabilidade fácil de manusear. É um excelente título vindo de um estúdio que acerta mais uma vez a mão em um gênero que começa a carecer de ideias novas e frescas.

Prós

  • Jogabilidade rápida e fácil de dominar, mesmo com nuances;
  • Bastante conteúdo e modos de jogo;
  • Excelente elenco;
  • Visuais e trilhas sonoras são bem feitos;
  • O modo Story é jogável.

Contras

  • Ter que jogar mais de uma vez o mesmo modo para alcançar 100% é um pouco cansativo;
  • Os demais itens para serem desbloqueados com ouro não valem o esforço;
  • Alguns Lost Arcs são simples demais para o clima que acabam criando.
Melty Blood: Type Lumina — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise feita com cópia adquirida pelo redator

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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