Levou sete anos após o lançamento de Eyes of Heaven para que os fãs de Jojo’s Bizarre Adventure fossem agraciados com um novo jogo… quer dizer, nem tão novo assim. Jojo's Bizarre Adventure: All-Star Battle R é um remaster do título originalmente lançado exclusivamente para PlayStation 3 em 2013.
Mesmo com quase uma década de vida, esta nova versão foi importante não só para saciar a vontade dos fãs com um jogo de luta, mas também para celebrar os 35 anos de vida da série escrita pelo mangaká Hirohiko Araki.
Colocando a família pra jogo
Quem esperava apenas um port ou remaster estético do All-Star Battle original teve uma grata surpresa. Além da inclusão dos lutadores que eram conteúdo extra, outros inéditos também foram adicionados. Agora o elenco-base foi maximizado de 32 para 51 personagens. Para uma franquia com tantos nomes expressivos, além dos protagonistas de cada temporada, quanto mais elástico o rol de integrantes, melhor.
A jogabilidade foi refinada, tornando-se muito mais precisa tanto no ataque quanto no revide. Isso foi repensado principalmente para evitar as infames combinações infinitas, que assombravam a versão original.
O esquema básico de todos é quase igual, com um botão para ataque fraco, um para o médio e um para o forte, além da esquiva. Além disso, agora o botão de ataque fraco realiza um combo automático quando pressionado repetidas vezes. É bem útil para quem é iniciante, mas isso pode ser desligado a qualquer momento.
Entretanto, as diferenças param por aí. Cada personagem traz habilidades e comportamentos bem próprios, o que faz com que nós acabemos testando todos eles. Houve ainda o cuidado de diferenciar as diferentes representações de alguns membros da série, como as duas aparições de Jotaro Kujo e Yoshikage Kira/Kosaku Kawajiri, que são a mesma pessoa, mas com algumas características próprias.
Além disso, alguns grupos têm comportamentos distintos baseados em suas habilidades:
- Os usuários de hamon controlam a respiração de uma maneira que lhes permite fortalecer sua defesa, ataque e encher sua barra de especial. É o caso de Jonathan Joestar, Joseph Joestar (jovem), Lisa Lisa e Will A. Zeppeli. Eles também causam mais dano a vampiros;
- Os vampiros, como Dio Brando e Cool Ice, podem sugar a energia vital do oponente, mas têm restrição a ambientes iluminados pelo sol. Wammu, Esidisi e Kars não contam como vampiros, mas sofrem as mesmas penalidades;
- Com um estilo chamado Ogre Street, Robert E. O. Speedwagon é o único que conta com capangas para dar uma mãozinha durante o combate;
- Os usuários de stand, que são a grande maioria no elenco por aparecerem em seis das oito temporadas da série, possuem o auxílio da manifestação física da sua força vital. São os personagens como Jotaro, DIO (Não confundir com o vilão vampiro) e Josuke, que contam com Star Platinum, The World e Shining Diamond, respectivamente;
- Johnny Joestar, Gyro Zeppeli e Diego Brando, além de usuários de stand, também contam com uma montaria. Como o Steel Ball Run traz uma história que envolve hipismo, os cavaleiros podem contar com a ajuda de seus parceiros de corrida na hora da luta.
Também é possível escolher se haverá a assistência de um parceiro ou não. Caso o jogador opte por usar um, ele deverá escolher um segundo lutador, que servirá para auxiliá-lo em momentos estratégicos. Pode ser para interromper um combo do inimigo, começar o seu ou até disparar projéteis.
Outro cuidado especial foi a inclusão de novas falas de interação entre personagens específicos, baseadas em seu relacionamento dentro da série. Logo, foi feito todo um trabalho de trazer os dubladores originais japoneses para dar esse toque a mais.
Com tanto carinho assim, era de se esperar que o aspecto visual também recebesse um tratamento VIP, mas não foi bem o caso. O estilo cartunesco, baseado nos traços de Araki, nem de longe é feio, pelo contrário. Inclusive os especiais têm ângulos muito bacanas, mas ainda assim não evita a sensação de que o jogo está graficamente datado para os padrões atuais.
Vocês se conhecem de onde mesmo?
Quanto aos modos de jogo, All-Star Battle R fez uma substituição bastante controversa. Enquanto a versão original contava com um modo história, que intercalava cada luta com caixas de diálogo que explicavam o porquê dos eventos que antecediam cada confronto, a atual simplesmente substituiu este segmento por painéis isolados.
Cada temporada possui páginas com oito painéis, que simbolizam as lutas: as mais fáceis (verdes) são as que acontecem na história de fato; as mais difíceis (rosas) são embates-fantasia que envolvem relações fictícias, como um encontro entre Josuke e Joseph Jovem — não vou dar spoiler do porquê desses dois —, ou as duas versões diferentes de Dio; as douradas funcionam como o evento mais importante daquela página, o clímax.
Os painéis têm condições, que podem favorecer ou não os envolvidos, e missões, que sempre exigem que você acerte algum movimento específico no combate e rendem premiações, como cores novas, roupas e dinheiro. Concluir todos os painéis de uma temporada habilita novas ilustrações na galeria. Até que é um modo bacana, mas bastante desproporcional.
Stardust Crusaders, a terceira temporada, tem três páginas, ou seja, 24 lutas, o que a torna a mais demorada e arrastada de todos — e olha que é o meu arco favorito. Em contrapartida, Jojolion, a oitava, só possui uma página e todos os embates são fantasia, já que apenas um personagem está disponível, o que a deixa mais desinteressante que as demais.
Junte isso ao fato de não ter nenhuma explicação do motivo daquele confronto e quem poderia usar o jogo como porta de entrada para a obra se sentirá totalmente perdido. É possível ler tudo no glossário, que vai sendo atualizado conforme o nosso progresso, mas ele não tem nenhum amparo de imagens, o que é uma bola fora.
Quanto aos outros modos de jogo, os costumeiros Arcade e o Survival — aqui, Endless Battle — estão presentes. Os que merecem destaque são o Tournament, no qual o jogador entra em uma série de batalhas por chaveamento; e o Team Battle, que é um confronto no esquema 3 contra 3, aos moldes de Marvel vs.Capcom.
Por fim, o conturbado modo Online se mostrou muito mais competente que na demo testada em junho por mim, mas em partes. O desempenho durante as batalhas realmente foi melhorado, com raros momentos de instabilidade, só que quando eles aconteciam, eram bem severos, mas foi em casos com jogadores de servidores mais distantes.
O real problema foi a busca por oponentes. Nas lutas ranqueadas, não temos a oportunidade de uma revanche, então isso aumenta a demora para conseguir uma longa sequência. Quanto às partidas amistosas, um sistema de lobby viria bem a calhar, pois ficar pulando nessa busca por confrontos isolados é desanimador.
Não seria uma má ideia se tivessem adicionado o Tournament e o Team Battle ao Online. Isso até aumentaria a vida útil do jogo em rede, ampliando as oportunidades de partidas mais divertidas e imprevisíveis.
Jojogaço!
Jojo's Bizarre Adventure: All-Star Battle R pode não ser um produto 100% inédito, mas consegue matar as saudades dos fãs que ficaram amargurados com o título anterior da série. Mesmo deixando no escuro quem não conhece os personagens, suas melhorias de performance o tornam um ótimo jogo de luta, com elenco variado e muito carisma.
Prós
- Elenco robusto e variado;
- A jogabilidade foi refinada e está bem melhor que a da versão antiga;
- Novo trabalho de áudio por parte dos dubladores originais;
- Os modos Tournament e Team Battle são ótimas adições;
- As lutas online melhoraram bastante;
- Ter mais de 50 opções para bater no insuportável do Shigekiyo é MUITO satisfatório.
Contras
- O modo All-Star Battle é um pouco cansativo e traz porções desiguais para os arcos;
- O visual está meio datado para os padrões atuais;
- Encontrar um rival no modo Online pode demorar muito;
- Quem não conhece a história da obra ficará meio perdido.
Jojo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.0Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Bandai Namco