Um meta-mundo de jogos
Super Bullet Break coloca o jogador na pele de um trio de garotas gamers que está passando por uma crise tremenda: todos os seus jogos no celular estão bloqueados. Algum bug parece estar tornando eles inacessíveis, deixando-as entediadas. Porém, elas recebem uma mensagem da misteriosa Nayuta, que parece saber o que está acontecendo e promete guiá-las para que possam resolver o problema.
Em termos gerais, a história brinca com a perspectiva meta, com uma narrativa que faz piadas com elementos típicos de vídeo games e algumas personagens que ganham consciência de sua existência ficcional. Há algumas tiradas engraçadas e um tom descontraído que pode até ser adequado, mas o jogo não consegue explorar a fundo esses elementos, mantendo-os em um nível superficial.
O elemento meta não é pensado como uma crítica aos clichês de gênero, mas sim uma celebração do que eles fazem. Mesmo o gacha e a presença exclusiva de personagens femininas são tratados com naturalidade, valorizando a obtenção de mais garotas com uma sequência de invocação, algo tradicional de títulos mobile desse estilo. O resultado é uma experiência agradável para quem curte obras focadas em fanservice, mas que não tenta ir além disso.
Garotas, balas e bugs
Super Bullet Break é dividido em fases, cada uma representando o universo de um jogo específico. A ideia aqui é que o jogador deve escolher o seu caminho pelo mapa optando por seguir reto, ir para a esquerda ou para a direita. A restrição às adjacências é importante, exigindo um bom planejamento da movimentação levando em conta o posicionamento e a força dos inimigos, as lojas e outros eventos. O design de todas as áreas é simples e a movimentação é sempre para frente em direção ao chefão do mapa.
O combate é baseado em um sistema de turnos, em que cada bala custa uma certa quantidade de “tempo” para ativar. Tendo em mente a próxima ação do inimigo, cabe ao jogador projetar sua próxima sequência de ataques. Cada bala possui não apenas um valor de dano, mas também efeitos variados que podem ser fundamentais para avançar, como escudos e armaduras para reduzir o dano sofrido, restauração de vida ou causar envenenamento ou confusão.
Dependendo das balas utilizadas, é possível ter efeitos condicionais que precisam ser avaliados, como o ganho de ataque proporcional a quantas cartas foram usadas naquele turno. Há também habilidades passivas associadas aos “cartuchos” das balas, adornos que enfeitam os projéteis e mudam dependendo da opção de personagem. Os efeitos incluem o aumento de dano ou a redução de custo para balas de determinadas categorias (aquelas associadas a um determinado jogo, por exemplo), o adiamento do turno do adversário, e várias opções mais técnicas.Explorar a sinergia entre as balas e suas capacidades especiais permite a construção de um arsenal empolgante para o combate. Um bom exemplo disso são as balas da área Phoenix Gunner, que brincam com o uso de drones. Cada golpe implica não apenas em dano para o inimigo, mas também na criação de um mini-exército de robozinhos que auxiliam no combate criando escudos, atacando e regenerando a vida do seu personagem a cada transição do turno do jogador para o do adversário. Saber usar essas opções de forma estratégica é crucial para a experiência.
Durante o combate e na hora de adquirir novas balas na loja, algumas informações são omitidas, como os efeitos dos cartuchos. Para as batalhas em especial, mesmo sendo possível procurar os detalhes em um menu secundário, a ausência de clareza na tela principal pode impactar negativamente a estratégia do jogador.
Assim como em obras gacha, essa variedade faz parte da graça do jogo, com um apelo especial para o jogador encontrar a sua “waifu”. Além da questão dos traços variados, há versões diferentes de um mesmo personagem com roupas comemorativas, alterando também o seu funcionamento. A sexualização das personagens pode variar bastante, com algumas ilustrações mais insinuativas e outras muito mais inocentes e simples. Há também alguns monstrinhos, mas todos os personagens humanos são mulheres.
Diversão sem compromisso
Super Bullet Break é um roguelike deckbuilder confortável de se jogar e que definitivamente pode agradar a pessoas que curtem obras cujo foco principal é o fanservice. Infelizmente, a obra não tenta ir muito além disso, o que, junto com os seus pequenos defeitos de qualidade de vida, faz com que a experiência não seja nada excepcional. Ainda assim, é um título que pode entregar várias horas de diversão descompromissada.
Prós
- Atmosfera agradável com garotas fofinhas e pequenas piadas de metalinguagem;
- Grande variedade de efeitos e elementos estratégicos para explorar;
- Independentemente da vitória ou derrota na missão, o jogador irá desbloquear novos personagens e efeitos, ampliando seu leque de opções;
- As balas contam com ilustrações variadas e de alta qualidade.
Contras
- Muito pouco controle sobre o baralho inicial de cada área;
- A interface omite informações essenciais durante a batalha e aquisição de novas balas;
- Apesar de confortável, a história acaba sendo superficial.
Super Bullet Break – PC/PS4/Switch – Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube Games