Enquanto diversas séries de mangás e animes ganham títulos de luta ou ação, Miss Kobayashi’s Dragon Maid: Burst Forth!! Choro-gon☆ Breath traz o universo da obra do mangaká Coolkyousinnjya, que pode ser assistido em serviços de streaming, em um curioso e colorido shoot ‘em up.
A empregada que veio dos céus
Para quem não está familiarizado com a história do mangá/anime, Kobayashi é uma garota que, após uma noite de bebedeira e ressaca, faz contato com Tohru, um enorme dragão que se transforma em uma garota humana. Posteriormente, a jovem ajudou o dragão removendo uma espada que estava cravada em suas costas.
Como ela não tem como retornar para o seu lar, ela assume uma aparência feminina, apenas falhando em esconder sua cauda, e torna-se a empregada de Kobayashi como sinal de gratidão.
No jogo, controlamos Tohru, além das também mulheres-dragão Kanna e Elma, de uma maneira como se elas fossem os aviões de um shoot ‘em up, podendo revezar livremente entre elas. Cada uma tem um tipo específico de projétil, que abrange as áreas da tela de maneiras diferentes. Elas também realizam investidas físicas nos inimigos próximos, o que não tira muita energia, mas é uma maneira de se esquivar ofensivamente, e podem desferir um ataque final com uma rajada dracônica que limpa a tela.
Apesar da diferença entre seus tiros, jogar com cada uma delas é bastante similar, o que torna bem tranquila a experiência de trocar de personagem. Só não se torna algo dispensável porque fatalmente uma delas é abatida no meio da chuva de projéteis. Por isso é vital, pelo menos no começo, ficar de olho em suas barras de energia.
À medida que tomamos dano, aparecem algumas animações das protagonistas com as roupas se rasgando, em closes um tanto quanto sugestivos. Não é algo que fuja do proposto pelo mangá e pelo anime, mas já fica aqui o aviso para quem não é fã desse artifício de design de personagens.
Enquanto estamos no controle de uma combatente, as demais que estão na espera recarregam brevemente suas forças enquanto repousam. Também podemos contar com as instruções de Kobayashi nas laterais da tela, que não são utilizadas devido à orientação vertical da ação, e algumas interações dela com as garotas que estão descansando, rendendo algumas boas piadas.
Esse esquema é bem bacana para lidar com os diferentes padrões de ataque dos inimigos, sobretudo nas dificuldades mais elevadas, nas quais a poluição visual na tela é pesada. Inclusive, existem dois fatores que moderam a experiência do jogo: a dificuldade em si, que rege o número e padrões de elementos na tela; e a quantidade de recompensas que coletamos pelo caminho, que são proporcionais ao dano tomado.
Se escolhermos uma quantia pequena, os ataques recebidos não causam um prejuízo muito grande, mas se escolhemos uma frequência maior de recompensas, então estamos abertos a ser eliminados em poucos ataques.
O que suaviza essa confusão é que cada um dos locais que sobrevoamos tem uma identidade visual muito bem definida e distinta. Passamos por uma corrida em uma pista de doces, uma casa mal-assombrada, uma floresta e até uma rua comercial de espíritos e todas elas apresentam inimigos únicos com uma variedade ofensiva singular.
Quantas vezes terei que passar por aqui?
Burst Forth tem uma jogabilidade simples de ser dominada, e o jogador vai conseguir aprendê-la facilmente pelo tanto que terá que repetir cada cenário para coletar os itens da galeria. A aventura conta com apenas seis estágios, que devem ser concluídos inúmeras vezes.
A ideia é utilizar a frequência de tesouros, aliada à dificuldade mais difícil, para coletar todos os itens mais rapidamente, já que eles são deixados pelos inimigos eliminados. Quanto mais inimigos na tela, mais itens. A conta é bem simples e faz todo o sentido, mas as fases são curtas e os níveis difíceis são bastante punitivos pela já citada poluição na tela.
Cada fase conta com um número de itens coletados em baús, que servem como um arquivo do aprendizado de Tohru e companhia sobre os objetos que existem no nosso planeta — ou seja, a função deles é meramente estética. Além disso, eles aparecem aleatoriamente e podem ser duplicatas, o que torna esse aspecto do game um pouco frustrante.
O outro tipo de colecionável, este mais interessante, são as fotografias. Elas compõem quadros que retratam imagens do anime, capas de edições do mangá e ilustrações exclusivas. Para quem já acompanha a obra, é um prato cheio, mas este item é bem mais difícil de ser encontrado e cada quadro é composto por entre 4 e 16 peças. No fim das contas, é mais um motivo para ficar replicando a jornada continuamente até concluir cada um dos 30 quadros disponíveis.
Pelo menos só precisamos jogar o modo História uma vez, pois é por ele que liberamos todos os cenários. As demais tentativas podem ser realizadas em cada lugar separadamente. Por fim, também é possível embarcar em um boss rush, onde enfrentamos os seis oponentes supremos em batalhas intensas, mas bem curtas; e um desafio específico contra a chefe final, que realiza ataques mais complexos à medida que tentamos sobreviver.
Meio fanservice, meio convite
Miss Kobayashi’s Dragon Maid: Burst Forth!! Choro-gon☆ Breath é um jogo bem raso, ainda mais se comparado com outros títulos modernos do mesmo gênero. Ainda assim, ele consegue entregar um bom material para os fãs e instigar os curiosos que querem conhecer uma obra divertida. Só não custava nada ter investido mais em conteúdo jogável do que colecionável.
Prós
- O ambiente colorido e bem-humorado do anime é reproduzido fielmente;
- A jogabilidade é simples;
- Cada fase tem uma identidade visual única;
- A galeria é muito generosa para os fãs da obra.
Contra
- A campanha principal em si é muito curta;
- É necessário passar pela mesma fase MUITAS vezes para coletar tudo;
- Poucos modos de jogo;
- Coletar os tesouros não vale a dor de cabeça.
Miss Kobayashi’s Dragon Maid: Burst Forth!! Choro-gon☆ Breath — PS4/Switch — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Aksys Games