Após quatro anos de espera, Digimon Survive chega no fim do mês trazendo uma proposta de nicho que pode redefinir o que esperamos de uma entrada da franquia. Inspirado em jogos como os das franquias Utawarerumono e Summon Night, o título promete uma experiência em que as escolhas do jogador importam e a narrativa de sobrevivência em um mundo hostil está em destaque.
Assim como no primeiro anime da franquia, Digimon Survive conta a história de um grupo de crianças que vai para um acampamento e acaba sendo levado para outro mundo. Porém, o enredo aqui tem outra cara especialmente por retratar elementos culturais japoneses de forma mais nítida e é marcado por um tom mais sombrio. Enquanto visitavam um templo, as crianças são atacadas por misteriosas criaturas (os Digimon) e descobrem que não conseguem voltar para casa.
Presos em um outro mundo
O protagonista do jogo é Takuma Momozuka, um garoto de 13 anos que acaba assumindo uma posição de liderança. Cabe a ele tomar várias decisões ao longo do jogo, tentando avaliar a melhor forma de agir. Dependendo das escolhas, o jogador irá cair em rotas diferentes de história. Além disso, o parceiro de Takuma, Agumon, pode evoluir para várias formas dependendo das suas decisões.
Junto a ele, temos a jovem Aoi Shibuya, que é a representante de sua classe e uma pessoa discreta e séria. Calma até mesmo em situações mais difíceis, ela é uma das mais velhas do grupo e também assume uma posição de respeito, cuidando da distribuição de comida para todos. Sua parceira é Labramon, uma criatura com forma de cachorro que costuma ser muito direta, destoando do modo de falar de Aoi.
Minoru Hinata é um piadista que vive fazendo palhaçada para a turma. Muito otimista, ele é do tipo que quebra o gelo com facilidade e odeia ter que lidar com conflitos verbais e físicos. Infelizmente, ele acaba se enfiando em confusões sem querer com frequência. Seu parceiro, Falcomon, é um indivíduo forte e determinado, mas acaba sendo tão estabanado quanto Minoru.
Por sua vez, Ryo Tominaga não consegue acreditar que está em outro mundo. Por fora, ele é muito marrento, mas a verdade é que tem muito medo da situação em que se encontra. Para piorar a situação, seu parceiro Kunemon é um inseto, o que causa pavor no rapaz, e é incapaz de falar, apesar de entender a linguagem humana.
Saki Kimishima é uma garota despreocupada que é bastante honesta e não tem papas na língua. Mesmo diante da adversidade, a jovem se mostra otimista. Sua parceira, Floramon, também é franca como ela e as duas parecem um par perfeito.
Shuuji Kayama é o mais velho do grupo e deveria ser o líder, mas acabou sendo deixado de lado pelos outros nesse outro mundo. O rapaz vive em constante pressão para ser um prodígio e dar resultados para a sua família, e tinha ido para o acampamento em busca de um pequeno alívio do estresse constante. Seu parceiro Lopmon é muito inocente e infantil, não tendo nenhuma grande preocupação, o que acaba sendo um grande contraste com Shuuji.
Miu Shinonome é uma garota misteriosa e excêntrica que vive na região do acampamento. Fascinada por assuntos relacionados ao ocultismo, ela tende a fazer enigmas em vez de falar normalmente, confundindo muitas pessoas. Seu parceiro, Syakomon, por outro lado, tem muito bom senso e foca na praticidade. Sua personalidade é ideal para manter a moça na linha.
Por fim, Kaito Shinonome é o irmão mais velho de Miu, também advindo da região do acampamento. Com um forte senso de justiça, ele odeia qualquer coisa que pareça errada e indevida. Ele tende a ser um pouco violento, especialmente se a segurança de sua irmã estiver em jogo. O parceiro dele, Dracmon, é do tipo arteiro, causando confusão por onde passa. Porém, ele também sabe a hora de parar e evita situações de grande perigo.
A expectativa é que essa equipe tão grande gere atritos internos, mas vá se tornando mais unida aos poucos. A luta pela sobrevivência não deve ser fácil e dependerá da descoberta dos mistérios desse outro mundo. Além disso, é possível que as rotas de história levem o jogador a ter equipes diferentes como acompanhantes. Dependendo das escolhas do jogador, talvez alguns desses aliados se tornem inimigos.
A ideia desses trechos de aventura é que o jogador tenha liberdade para explorar algumas áreas desse mundo misterioso, que não é o tradicional Digimundo, mas algo diferente. Cada localidade pode ter pessoas para conversar, assim como pistas, Digimon e itens para encontrar no cenário. Vasculhar todos os cantos trará recompensas úteis.
As quatro rotas e os parceiros adicionais
Digimon Survive é dividido em dois momentos principais. De um lado, a obra opta por explorar elementos de aventura textual, enquanto por outro é necessário avançar por combates estratégicos. Durante a Digimon Con 2022, um evento focado em notícias sobre a franquia multimídia, o diretor Kazumasa Habu (popularmente conhecido como Habumon) revelou que o jogo segue uma proporção 7:3 para os trechos textuais e os combates. Ou seja, é um produto realmente mais focado na narrativa.
Além disso, os diálogos podem conter algumas escolhas. Mesmo aquelas que não levem a consequências imediatas afetarão um diagrama de karma do jogador. Essas escolhas estão alinhadas a três grandes eixos: Moralidade, Harmonia e Fúria. Além de afetar a rota que a história toma a partir do capítulo oito, a moralidade está ligada aos tipos Vacina, levando Agumon a evoluir para Greymon; a harmonia está ligada ao tipo Dados (Tyrannomon); e fúria ao tipo Vírus, cuja evolução de Agumon não foi revelada ainda.
O fato de a evolução do seu parceiro digital estar atrelada à narrativa busca refletir o estado de espírito do protagonista. Para quem assistiu ao anime Digimon Adventure, é fácil pensar na evolução de Greymon para Skullgreymon e como a rota Fúria poderia levar a uma situação mais dramática para o jogador. Também fica a questão de quais diferenças haverá para a narrativa de cada um dos finais, assim como a resolução dos mistérios e dos conflitos.
Além das rotas associadas a cada eixo, uma quarta opção é liberada no New Game+. Habu optou por não entrar em detalhes sobre ela, então ainda não se sabe as implicações dessa alternativa adicional, nem se há alguma condição específica para sua ativação além de estar rejogando a história.
Vale destacar que é possível utilizar as criaturas já obtidas em rotas anteriores no New Game+. Isso inclui não apenas as digivoluções desbloqueadas, como também criaturas encontradas durante a aventura. Além dos parceiros dos humanos, outros monstrinhos podem se juntar à equipe através de um sistema de recrutamento em batalha. Externo às opções-padrão do jogo, temos também Guilmon como um parceiro DLC que acompanha a pré-venda. Esses outros aliados podem ser muito úteis em batalha tendo em vista o sistema de forças e fraquezas.
Vale destacar que é possível utilizar as criaturas já obtidas em rotas anteriores no New Game+. Isso inclui não apenas as digivoluções desbloqueadas, como também criaturas encontradas durante a aventura. Além dos parceiros dos humanos, outros monstrinhos podem se juntar à equipe através de um sistema de recrutamento em batalha. Externo às opções-padrão do jogo, temos também Guilmon como um parceiro DLC que acompanha a pré-venda. Esses outros aliados podem ser muito úteis em batalha tendo em vista o sistema de forças e fraquezas.
Usando a estratégia para sobreviver
Também é necessário levar em conta as vantagens de tipo, já que todas as criaturas são divididas em três arquétipos: Vacina, Vírus e Dados. Monstros do tipo Vacina têm vantagem contra Vírus; já os Vírus são ideais para lidar com monstros Dados; e os últimos causam mais dano e resistem melhor contra os Vacinas. Além disso, seis elementos (fogo, água, vento, terra, luz e trevas) interferem no dano de acordo com as afinidades da criatura específica. Um Agumon, por exemplo, terá mais dificuldade contra ataques de água.
Como esperado da franquia, um elemento fundamental do combate será utilizar adequadamente a digivolução. Além de alterar a forma dos aliados, essa habilidade os tornará mais fortes. Porém, os poderosos ataques dessas criaturas e a manutenção dessa forma consomem SP. Ou seja, esse recurso precioso limita a digivolução, sendo essencial saber a melhor hora de usar a habilidade em batalha.
Durante as lutas, é possível usar itens e fazer com que os personagens humanos conversem com os Digimon. Ambas as mecânicas trazem recursos de regeneração de HP e SP e boosts de atributos como velocidade, ataque, entre outros. O bom uso dessas ferramentas pode fazer a diferença e garantir a vitória.
Como esperado da franquia, um elemento fundamental do combate será utilizar adequadamente a digivolução. Além de alterar a forma dos aliados, essa habilidade os tornará mais fortes. Porém, os poderosos ataques dessas criaturas e a manutenção dessa forma consomem SP. Ou seja, esse recurso precioso limita a digivolução, sendo essencial saber a melhor hora de usar a habilidade em batalha.
De modo geral, a escolha de dar aos combates um formato de RPG tático é bem promissora. Não é a primeira vez que a série explora o estilo, já tendo desenvolvido anteriormente alguns jogos de Wonderswan em formato tático, como Digimon Adventure: Anode/Cathode Tamer, mas Survive parece explorar mais a fundo os seus elementos estratégicos. Para quem gosta de ter vários aliados à disposição, serão ao todo mais de 100 Digimon jogáveis, um número pequeno se comparado a outros jogos recentes da franquia, mas que pode ser o suficiente para esse game em particular.
Digimon Survive tem uma proposta única para a sua franquia, tentando ir ainda mais fundo no que é possível criar narrativamente com os monstros digitais. A expectativa é a de uma trama cheia de mistérios e de luta constante pela sobrevivência através de seus combates táticos. Para quem é fã da franquia, o título já deveria ser uma compra garantida, e para quem tem interesse em obras com foco narrativo e RPGs estratégicos, é no mínimo um jogo para ficar de olho.
Uma nova experiência de Digimon
Digimon Survive — PC/PS4/XBO/Switch
Desenvolvimento: Hyde
Gênero: RPG Estratégico, Visual Novel
Lançamento: 29 de julho de 2022
Expectativa: 4.5/5
Revisão: Davi Sousa
