Análise: Monument Valley 2: Panoramic Edition (PC) traz mais puzzles e cenários impressionantes

A sequência do título indie não ousa muito, mas refina as ideias do antecessor.

em 20/07/2022

Em Monument Valley 2: Panoramic Edition, continuamos alterando os cenários para resolver puzzles visualmente instigantes. A sequência do título indie ousa pouco ao expandir levemente os conceitos do antecessor, mas, em contrapartida, apresenta enigmas e visuais ainda mais surreais e deslumbrantes. A versão Panoramic Edition conta com visuais e controles adaptados para PCs, além de incluir também um capítulo extra. Mesmo sem grandes revoluções, Monument Valley 2 oferece uma experiência sem igual.

A jornada de uma mãe e de sua filha

Uma mulher chamada Ro está viajando pelo Vale dos Monumentos na companhia de sua filha. Mas, como é de praxe, chega o momento em que a menina precisa seguir sozinha. No jogo, acompanhamos as duas personagens e seus dramas: Ro precisa lidar com a ausência de sua prole, já a garota necessita passar por provações para amadurecer. A narrativa é sutil e enigmática, mas ajuda a nos levar para esse universo estranho.


Em cada capítulo da história, manipulamos elementos dos estágios para montar novos caminhos. Assim como no jogo anterior, o foco é explorar ilusões de ótica para criar estruturas que desafiam a lógica. Por exemplo, para alcançar um prédio distante, podemos mover uma plataforma para alinhá-la de tal forma que ela pareça conectar dois pontos de alturas diferentes. Brincar com a câmera, com os ângulos e com diferentes elementos é essencial para avançar.

A sequência tem algumas novidades em sua estrutura. Em alguns estágios, Ro é acompanhada pela filha, que se move sozinha — o desafio é conseguir influenciar a garota a ir para os locais corretos. Depois de certo ponto da história, passamos a acompanhar as duas protagonistas de forma separada em uma narrativa intercalada. São inclusões sutis, mas que ajudam a trazer identidade ao jogo.



Perdendo-se novamente em um universo surreal

Em uma primeira olhada, Monument Valley 2 parece uma simples sequência que repete as ideias do antecessor. A ideia central de manipular os cenários e a sensação de deslumbre e assombro ao encontrar a solução de um problema estão intocadas, mantendo a experiência única do jogo. Os primeiros estágios parecem releituras, mas rapidamente essa sensação desaparece.


Para começar, os puzzles são mais complexos e elegantes, muitas vezes contando com mais elementos. Em um dos primeiros capítulos, por exemplo, mãe e filha ficam separadas e precisamos coordenar seus movimentos para conseguir avançar. Em outro estágio, utilizamos a luz de janelas para mudar o tamanho de árvores e criar diferentes caminhos. Em uma construção bizarra que lembra um labirinto, o desafio é conseguir entender as estruturas para encontrar a saída.

A atmosfera ainda tem tom minimalista, porém está mais encorpada desta vez. Alguns estágios são bem criativos, como uma ruína com poucas cores que lembra uma obra de Mondrian, cenários que utilizam silhuetas e contraste para criar cenas impactantes e um templo que alterna entre dia e noite conforme giramos a câmera. Os enigmas utilizam essas novidades visuais em situações impressionantes e criativas. A trilha sonora é mais aparente e marcante, ajudando a reforçar essas sensações.


Um ponto notável é a narrativa, que explora questões como maternidade e amadurecimento. Ela ainda continua sutil, porém utiliza a jogabilidade para ajudar a contar a história. No começo da jornada, por exemplo, controlamos Ro e sua filha a segue; em um ponto mais avançado a mulher dá a liderança para a garota, incentivando-a a ser independente. A trama é simples, mas bem cativante.



Novos horizontes em uma versão modesta

Lançado nos dispositivos móveis pela primeira vez em 2017, Monument Valley 2 chega ao PC na forma da Panoramic Edition. Além de controles adaptados para o mouse, esta versão conta com área de jogo maior. A produtora teve o cuidado de criar novos elementos ou juntar trechos do cenário para preencher toda a tela, o que resultou em um visual belíssimo.


Assim como Monument Valley: Panoramic Edition, a sequência tem pequenos problemas com os controles. Ações de girar ou manipular elementos circulares são muito bruscas e imprecisas, o que traz um pouco de dificuldade a esse tipo de interação. Torço para que no futuro a desenvolvedora altere a sensibilidade dos controles nesse caso.

Ao contrário do primeiro jogo, Monument Valley 2 não tem muito conteúdo. Fora a campanha principal, há um curto estágio extra chamado “A floresta perdida”. Todos os capítulos podem ser terminados em menos de duas horas e é uma pena que o jogo não tenha novidades, em especial para aqueles que já terminaram a história em dispositivos móveis.



Uma sequência admirável

Monument Valley 2: Panoramic Edition expande suavemente as ideias do antecessor em um ótimo puzzle. Controlar a câmera e elementos dos cenários para alterar a perspectiva e solucionar enigmas continua envolvente, e as novas mecânicas ajudam a trazer um ar de novidade. A ambientação, que tem muitos elementos surreais, está mais ousada e conta com alguns ambientes muito memoráveis e de aparência impactante.

A grande novidade da versão para PCs é o visual adaptado para telas de orientação horizontal, o que deixou algumas fases esteticamente mais ricas. Mas, fora isso, a conversão é básica: os controles apresentam pequenos problemas e não há novidades significativas. Em comparação com o primeiro jogo, a sequência deixa um pouco a desejar com conteúdo reduzido.

No fim, Monument Valley 2: Panoramic Edition continua um puzzle memorável e hipnotizante.

Prós

  • Universo surreal repleto de enigmas inventivos;
  • Ambientação ímpar com estágios criativos, visual variado e ótima engenharia de som.

Contras

  • Ausência de novidades em relação à versão mobile;
  • Pequenos problemas com os controles em certas interações.
Monument Valley 2: Panoramic Edition — PC — Nota: 8.5
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela ustwo games

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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