The Caligula Effect 2 é um RPG desenvolvido pela Historia e originalmente publicado para PS4 e Switch pela FuRyu com versão ocidental da NIS America. Funcionando como uma sequência direta de The Caligula Effect: Overdose, o jogo conta a história de um novo Go-Home Club que precisará lutar para escapar de uma realidade ficcional.
Apesar de ter alguns elementos de relação direta com o seu antecessor, a obra tem uma narrativa satisfatória por conta própria. Com isso, novatos podem se sentir perfeitamente à vontade para começar por ele. O jogo estará disponível para PC no dia 23 de junho e tivemos a chance de explorá-lo em sua íntegra antecipadamente para a produção deste texto de análise.
Arrependimentos e o desejo de refazer a vida
Em The Caligula Effect 2, assumimos o papel de um rapaz ou moça comum em um contexto escolar típico. Porém, a verdade é que esse não é o mundo real. Na verdade, tudo não passa de um simulacro projetado para que vários humanos possam refazer a sua vida. A realidade é cruel de várias formas, cheia de motivos para que as pessoas busquem o escapismo e um dia as músicas de uma misteriosa virtuadoll guiaram esses indivíduos para esse mundo digital.A premissa é bastante similar à de The Caligula Effect: Overdose, na qual tínhamos a idol µ (“Myu”) tentando criar um mundo de infinita felicidade para as pessoas. Desta vez temos outra figura, a misteriosa Regret, assumindo a posição de grande líder, porém as suas origens são desconhecidas. Um dia, após uma outra virtuadoll chamada 𝜒 (“Ki”) entrar nesse mundo virtual, o protagonista começa a ter sonhos estranhos e ver uma rachadura no céu.
Pouco tempo depois, ele descobre que o mundo ao seu redor é falso e será necessário lutar contra Regret e seus Musicians para voltar à realidade. No caminho, o jogador encontrará vários outros personagens em situação similar, ou seja, que estão próximos a notar a verdade e que poderão lutar ao
seu lado usando os poderes de 𝜒. Juntos, eles formarão uma nova geração do Go-Home Club, que tem por objetivo destruir esse mundo virtual e voltar para casa.
Um dos detalhes mais interessantes da obra é a forma como ela retrata dramas sociais, sendo fácil sentir empatia ao conhecer mais a fundo os personagens. Em particular, chama a atenção o esforço da obra por humanizar a todos, incluindo os vilões. Enquanto o seu antecessor tentava fazer isso, a obra também acabava errando consideravelmente no tratamento das dificuldades de certos personagens como se fossem apenas piadas. Esse tom de maior respeito aos problemas e ao aprendizado faz uma diferença enorme na apresentação da narrativa.
Pouco tempo depois, ele descobre que o mundo ao seu redor é falso e será necessário lutar contra Regret e seus Musicians para voltar à realidade. No caminho, o jogador encontrará vários outros personagens em situação similar, ou seja, que estão próximos a notar a verdade e que poderão lutar ao
seu lado usando os poderes de 𝜒. Juntos, eles formarão uma nova geração do Go-Home Club, que tem por objetivo destruir esse mundo virtual e voltar para casa.
Um dos detalhes mais interessantes da obra é a forma como ela retrata dramas sociais, sendo fácil sentir empatia ao conhecer mais a fundo os personagens. Em particular, chama a atenção o esforço da obra por humanizar a todos, incluindo os vilões. Enquanto o seu antecessor tentava fazer isso, a obra também acabava errando consideravelmente no tratamento das dificuldades de certos personagens como se fossem apenas piadas. Esse tom de maior respeito aos problemas e ao aprendizado faz uma diferença enorme na apresentação da narrativa.
Para conhecer ainda mais a fundo os aliados, é necessário lutar ao lado deles, aumentando o nível de amizade. Uma vez mais íntimo, o jogador pode ter acesso a episódios de personagem, que são eventos opcionais de história focados neles. Isso também é uma forma de a obra respeitar os limites individuais de cada um. Não se trata aqui de uma espetacularização do sofrimento alheio, mas de um desenvolvimento natural que cresce com a intimidade. A história principal já dá pistas bastante evidentes para os dramas de cada aliado, mas ainda assim é interessante ter a oportunidade de realmente ouvi-los criar coragem para contar os seus problemas e refletir sobre eles.
Planejamento é a chave do sucesso
Além de toda a questão da história que mencionei acima, é importante destacar que The Caligula Effect 2 é um RPG baseado em turnos. Conforme o jogador explora certas áreas do mundo de Redo, será necessário enfrentar humanos transformados pelo poder da música de Regret. Essas criaturas são visíveis no mapa e é possível atacá-las para obter vantagem quando o combate inicia.A ideia do combate é uma versão simplificada e mais ágil do Imaginary Chain do jogo original. Nele, o jogador vê uma projeção de suas ações no tempo, sendo possível prever as ações dos inimigos e encadear os ataques de todos os aliados. Cada golpe tem seu próprio timing, sendo essencial fazer escolhas adequadas para dominar completamente o campo de batalha.
Não apenas timing e posicionamento são fatores cruciais para a organização, como também o fato de que determinadas habilidades possuem efeitos especiais. É possível envenenar os inimigos, impedir os ataques deles e até realizar counters para tipos específicos de ataque (curta distância, longa distância ou escudo). Ao escolher o counter certo para o golpe do inimigo, ele será lançado no ar e follow-ups podem ser ativados automaticamente.
A diferença para o jogo anterior está especialmente relacionada à escolha de apenas um golpe por vez. Junto com a possibilidade de deixar os aliados atacarem automaticamente ou controlá-los diretamente, o resultado é um sistema mais ágil de forma geral, mesmo com a necessidade de avaliar movimentos para encadeá-los corretamente. A nova interface também é bem clara e chamativa, dando um aspecto mais jovial ao combate.
A diferença para o jogo anterior está especialmente relacionada à escolha de apenas um golpe por vez. Junto com a possibilidade de deixar os aliados atacarem automaticamente ou controlá-los diretamente, o resultado é um sistema mais ágil de forma geral, mesmo com a necessidade de avaliar movimentos para encadeá-los corretamente. A nova interface também é bem clara e chamativa, dando um aspecto mais jovial ao combate.
Conforme os personagens lutam, o seu estresse aumenta, liberando uma habilidade especial de Catharsis Effect. Esses golpes são bastante poderosos e úteis, mas podem demorar um bom tempo para serem ativados, o que implica novamente em um bom domínio do timing.
Da mesma forma, há uma outra barra chamada Voltage que também é preenchida em batalha ou ao quebrar cristais nas áreas exploráveis. Com ela cheia, é possível invocar 𝜒, o que quebra totalmente as ações dos aliados (incluindo os seus momentos de espera) e implica em benefícios variados, como aumento de ataque ou defesa, entre outros. Nesses momentos, a música também muda para uma canção da idol da equipe indicando que agora o campo de batalha está sob o seu domínio.
Da mesma forma, há uma outra barra chamada Voltage que também é preenchida em batalha ou ao quebrar cristais nas áreas exploráveis. Com ela cheia, é possível invocar 𝜒, o que quebra totalmente as ações dos aliados (incluindo os seus momentos de espera) e implica em benefícios variados, como aumento de ataque ou defesa, entre outros. Nesses momentos, a música também muda para uma canção da idol da equipe indicando que agora o campo de batalha está sob o seu domínio.
Vale destacar que, ao contrário do estresse e do Voltage, o HP e o SP dos personagens são sempre recuperados ao fim do combate. Isso significa que o jogador pode fazer combos mirabolantes variados, explorando realmente a fundo as opções disponíveis em vez de se preocupar com a economia desses recursos.
Ainda que haja um pouco de repetitividade nos diálogos desses NPCs, não há mais a sensação de limitação técnica e sim de uma escolha de design. Existem certas situações, comportamentos e aflições que são naturalmente compartilhados por várias pessoas ao mesmo tempo. Ao reduzir a quantidade e aumentar um pouco a variação, a obra consegue achar um equilíbrio entre essa mensagem e a diversão do conteúdo opcional.
Um mundo de avanços
Além da questão da história e do combate, The Caligula Effect 2 também faz um acerto fenomenal no seu conteúdo opcional. No jogo original, existia uma mecânica envolvendo recrutar os mais de 500 alunos da escola, mas era uma experiência maçante fazer uma quest por vez, lendo infinitos textos genéricos. Na sequência, o que se observa é uma experiência mais simplificada em que, além de ser possível fazer várias missões secundárias de uma vez só, esses objetivos são menos cansativos.Ainda que haja um pouco de repetitividade nos diálogos desses NPCs, não há mais a sensação de limitação técnica e sim de uma escolha de design. Existem certas situações, comportamentos e aflições que são naturalmente compartilhados por várias pessoas ao mesmo tempo. Ao reduzir a quantidade e aumentar um pouco a variação, a obra consegue achar um equilíbrio entre essa mensagem e a diversão do conteúdo opcional.
O detalhe que acaba incomodando um pouco é que é necessário andar pelas áreas para encontrar os NPCs e falta um método mais conveniente de viagem rápida. O resultado é que é natural o jogador ignorar esse conteúdo após um tempo por não ser tão conveniente. Porém, isso não chega a atrapalhar a obra consideravelmente, por se tratar de um conteúdo opcional.
Outro ponto que considero um pouco negativo é que as animações dos personagens podem ser um pouco plásticas demais. Há uma sensação de que a movimentação deles é um pouco distorcida quando estão andando normalmente durante algumas cutscenes. Isso gera uma sensação de estranheza à la “uncanny valley”, mas bastante sutil.
Fora isso, porém, a obra é bastante consistente e isso também é verdade para a sua trilha sonora. Como a ideia da obra é uma espécie de disputa de idols, naturalmente a obra é composta em especial por músicas pop vibrantes. Cada “dungeon” utiliza uma música de Regret composta por um de seus subordinados, os Obbligato Musicians. Na vida real, os criadores das músicas são conhecidos por seu trabalho com Vocaloids, o que dialoga diretamente com toda a ambientação da obra.
Vale destacar em particular que a obra usa faixas diferentes da mesma música para distinguir os momentos de combate e exploração. Durante a batalha, os vocais vêm à tona, enquanto a exploração mantém apenas o aspecto instrumental da música. Essa transição funciona como uma espécie de mudança de paradigma que está aliada à adaptação visual do mundo ao redor para a batalha. Com isso, em vez de uma ruptura brusca, temos uma suavização que deixa tudo mais natural e impactante ao mesmo tempo.
Vale destacar em particular que a obra usa faixas diferentes da mesma música para distinguir os momentos de combate e exploração. Durante a batalha, os vocais vêm à tona, enquanto a exploração mantém apenas o aspecto instrumental da música. Essa transição funciona como uma espécie de mudança de paradigma que está aliada à adaptação visual do mundo ao redor para a batalha. Com isso, em vez de uma ruptura brusca, temos uma suavização que deixa tudo mais natural e impactante ao mesmo tempo.
Por fim, gostaria de destacar também que a adaptação do jogo para o PC foi muito bem feita. Durante todo o meu tempo explorando, não encontrei nenhum bug e a performance se manteve perfeitamente estável. Além disso, The Caligula Effect 2 conta com opções de configuração gráfica e de controles dentro do próprio jogo, algo que infelizmente nem sempre acontece. Além de escolher o tamanho da janela, o FPS e o Vsync, é possível ajustar o brilho e três opções específicas (escala do 3D, qualidade das texturas e pós-processamento) com uma opção “otimizada” como padrão.
O esforço para refazer com sucesso
O esforço para refazer com sucesso
Assim como os personagens da obra usam o mundo de Redo para lidar com as suas frustrações e tentar ter uma nova chance, The Caligula Effect 2 é uma tentativa de fazer a proposta de seu antecessor atingir um nível de alta qualidade. A obra é muito bem-sucedida nisso, não apenas fazendo um bom RPG, mas uma obra francamente indispensável para fãs do gênero.
Prós
- História sólida que consegue trabalhar muito bem os dramas sociais sob uma ótica consistente de empatia;
- Gameplay baseado em turnos ágil e recheado de elementos estratégicos que incluem posicionamento, timing, counters e efeitos especiais;
- Aliados carismáticos cujas histórias pessoais são bem desenvolvidas tanto na história principal quanto em seus episódios individuais opcionais;
- Trilha sonora pop inclui várias músicas vibrantes adequadas para o contexto e que sabem aproveitar a transição de faixas instrumentais e vocais durante as batalhas para criar uma sensação única de mudança de paradigma;
- Sistema de quests consegue oferecer bastante conteúdo opcional sem passar a sensação constante de tarefas maçantes;
- Restauração total de HP e SP ao fim do combate permite ao jogador fazer combos mirabolantes sem se preocupar com a economia de recursos;
- Opções simples de customização gráfica e de controles.
Contras
- Movimentação entre áreas sem um quick travel acaba deixando a exploração e a realização de quests um pouco cansativas;
- Algumas animações plásticas dos personagens acabam causando estranheza.
The Caligula Effect 2 — PC/PS4/Switch — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Historia
Análise produzida com cópia digital cedida pela Historia