Desde o lançamento do primeiro Street Fighter, em 1987, a Capcom foi pavimentando seu caminho como uma das principais desenvolvedoras de jogos de luta de todos os tempos. Agora, depois de algumas boas décadas e centenas de títulos lançados, podemos dizer que existe um acervo considerável em coletâneas para que as atuais gerações saibam como eram as coisas na época dos fliperamas.
Após o lançamento de Street Fighter 30th Anniversary Collection, muitos se perguntaram sobre as demais séries da produtora japonesa, que também têm sua parcela de fãs. Capcom Fighting Collection vem para jogar luz e dar o devido destaque a alguns títulos que estavam apenas na saudade e nas referências ao longo das décadas.
Acervo de porrada old school
Temos à nossa disposição 10 títulos distintos, todos em suas versões arcade e com suas ROMs americanas e japonesas:
Darkstalkers: The Night Warriors (1994) — Em Darkstalkers, criaturas sombrias lutam pela chance de se tornar as soberanas do nosso mundo, que está se fundindo com o Makai (Mundo dos Demônios). O grande chamariz da época foi ter personagens inspirados em monstros dos filmes clássicos de terror, como Drácula, Frankeinstein, a Múmia, o Lobisomem e a Criatura do Lago Negro.
Night Warriors: Darkstalkers' Revenge (1995) — Esta sequência ao jogo original adicionou os personagens Hsien-ko (Lei-Lei) e Donovan Baine, dois caçadores de criaturas, mas cada um com a sua motivação. Além disso, a jogabilidade foi refinada de maneira considerável.
Vampire Savior: The Lord of Vampire (1997) — Também conhecido como Darkstalkers 3, Vampire Savior introduz o vilão Jedah Dohma, que é o senhor de uma das três famílias do Makai, sendo as outras duas Aensland, de Morrigan, e Maximoff, de Demitri. O jogo conta com um elenco mais robusto, de 15 personagens iniciais.
Vampire Hunter 2: Darkstalkers’ Revenge (1997) — Disponível apenas na versão japonesa, trata-se de uma versão alternativa de Vampire Savior, com alteração na paleta de cores e mudanças no elenco. Saem os novatos Jedah, Q-Bee, Lilith e B.B.Hood (Bulleta) e voltam Huitzil, Donovan e Pyron, que inclusive é o chefe final dessa versão.
Vampire Savior 2: The Lord of Vampire (1997) — Outra versão de Vampire Savior exclusiva dos arcades nipônicos, que funciona praticamente igual a Vampire Hunter 2. Além disso, foram removidos Jon Talbain (Gallon), Rikuo e Sasquatch.
Hyper Street Fighter II: The Anniversary Edition (2003) — Sim, temos um Street Fighter nessa coletânea, obviamente, e um que não estava no compilado focado na série. O nome “Anniversary Edition” não é à toa, pois podemos escolher não só qualquer um dos 17 personagens, mas também com qual versão deles gostaríamos de jogar: World Warrior, Champion Edition, Turbo, Super e Super Turbo.
Super Gem Fighter Mini Mix/Pocket Fighter (1997) — Um jogo de luta divertido, que traz integrantes de Street Fighter, Darkstalkers e Red Earth. Nele, o jogador coleta pedras coloridas para aumentar a força dos seus golpes e todos os cenários e golpes têm referências às diversas séries produzidas pela Capcom, como Mega Man e Resident Evil.
Super Puzzle Fighter II Turbo (1996) — A graça aqui é que os combates são ditados de maneira diferente, com os movimentos de cada lutador sendo executados à medida que os jogadores eliminam linhas de blocos, como no clássico Tetris. Estão presentes lutadores de Darkstalkers, Street Fighter e Cyberbots.
Cyberbots: Full Metal Madness (1994) — Em Cyberbots, escolhemos um piloto e um mecha para os combates. Além disso, cada um deles conta com a sua sequência própria de oponentes, o que é significante para sua história. Neste jogo, ficaram mais conhecidos Jin Saotome e Devilotte, por suas participações em outros jogos da empresa, como Marvel vs. Capcom
Red Earth/War-Zard (1996) — Red Earth traz um estilo diferenciado de misturar mecânicas de jogo de luta com ganho de níveis e aprendizado de novos movimentos, como em um RPG. Podemos escolher entre quatro lutadores: Leo, Kenji, Tessa (Tabasa) e Mai-Ling. Enfrentamos uma série de chefes não selecionáveis e a quantidade de continuações que usamos influencia na cena final de cada um deles. Tabasa esteve presente em alguns outros títulos, enquanto Leo, Kenji, e os chefes Hydron e Hazard foram selecionáveis em Capcom Fighting Evolution.
Ter todos esses títulos reunidos em um lugar só é bastante satisfatório, principalmente por podermos alternar entre suas versões americanas e japonesas. Além disso, essa é a primeira vez que Red Earth é portado de maneira oficial para consoles. Vampire Hunter 2 e Vampire Savior 2 também ficaram muito tempo restritos, apesar de terem sido incluídos previamente em uma coletânea focada em Darkstalkers lançada para PS2, que também ficou restrita ao Japão.
Cada um deles tem as opções de praxe, como escolha de dificuldade, quantidade de segundos de duração de cada round e quantos são necessários para vencer a partida. Também foram incluídas algumas outras que podem alterar o nível de poder do seu lutador e — a mais legal de todas — escolher personagens secretos sem precisar fazer códigos extensos.
Para quem não está habituado às mecânicas desta seleção, eles também possuem um modo Treino para te deixar afiado na execução de ataques. Se ainda assim tudo ainda for muito novo, não tem problema. Os botões são customizáveis e é possível selecionar ataques especiais diretamente, sem se perder em algum comando mais complexo.
Por fim, podemos salvar no meio de qualquer partida e fazer um carregamento rápido para refazer alguma decisão ruim. Entretanto, isso só é possível em um título por vez; ou seja, se você for jogar um e realizar o quick save, vai sobrescrever o anterior, mesmo que seja em um jogo diferente. Como todos eles contam com diferentes finais e uma infinidade de coisas para fazer, viria muito a calhar ter espaços separados por título, nem que fosse apenas um.
E uma reclamação minha, que não é um ponto contra, mas sim um preciosismo em nome do fan service. Ter cinco Darkstalkers e em nenhum deles possibilitar a escolha do personagem Dee é muita mancada. OK, ele é só uma amálgama entre Donovan e Demitri, mas ainda assim seria bem divertido ter ele ao lado de Oboro Bishamon e Marionette.
Outra ausência que eu também citarei é Z-Akuma/Z-Gouki, de Cyberbots. Esse é um pouco mais conhecido e além de ser um robô gigante que dispara hadoukens, foi a fonte de inspiração que derivou Cyber Akuma, de Marvel Super Heroes vs. Street Fighter. Tudo bem que ambos não são originalmente da versão arcade dos jogos, mas acho que valia esse carinho, né?
A frente dos demais
Por mais que soe repetitivo ter mais uma coletânea de jogos da Capcom, essa aqui se torna um pouco mais convidativa que as demais, por alguns motivos. O principal é que todos os títulos oferecem suporte à jogatina online, sem contar que podemos selecionar em qual deles queremos aguardar uma luta. A espera pode ser feita aproveitando o modo arcade, treinando, ou até mesmo na bela galeria, que reúne mais de 500 itens, entre músicas, ilustrações e rascunhos da época.
Durante o período de jogo para esta análise, apenas não consegui achar partidas online de Red Earth. No mais, todos os outros títulos apresentaram partidas estáveis e de rápido pareamento, sem quedas ou desconexões. Tudo isso graças ao uso do rollback netcode, que possibilitou boas lutas, fluidas e dinâmicas. É uma pena que não haja a possibilidade de crossplay entre as diferentes plataformas, pois isso ampliaria muito o alcance que esta coletânea poderia atingir.
Outro chamariz inevitável para quem gosta de conquistas é a do Troféu de Platina, já que nenhuma outra coletânea da Capcom apresentou um. Quem não joga nos consoles da Sony ainda pode aproveitar as missões inclusas no menu principal, que aumentam bastante o fator replay e levam o jogador a pelo menos experimentar cada jogo, bem como a maior parte dos seus elencos.
Um legado de respeito
Capcom Fighting Collection conseguiu melhorar a experiência que uma coletânea pode oferecer a seus fãs. Desde a seleção de excelentes títulos — alguns de maneira inédita — à adição de missões, partidas online bem-estruturadas e customização de botões livre, aqui temos de tudo para fazer os jogadores reviverem os bons momentos da época dos fliperamas sem sair de casa.
Prós
- Excelente escolha de títulos;
- Ótima conexão nas partidas online;
- Extensa galeria;
- As missões aumentam bastante o fator replay;
- Poder escolher personagens secretos sem códigos mirabolantes é um alívio.
Contras
- Poderia ter crossplay;
- Seria melhor se cada jogo tivesse seus save slots independentes;
- Para quem não curte a franquia, cinco Darkstalkers pode ser muito.
Capcom Fighting Collection — PC/PS4/Switch/XBO — Nota: 8.5Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Capcom