A mistura de plataforma com quebra-cabeça já se mostrou bastante competente, divertida e até um pouco saturada. Lumote: The Mastermote Chronicles vem exatamente nessa pegada, aliada a um ritmo relaxante, que não cobra celeridade do jogador, e a uma simpática criatura gelatinosa.
Desventuras submarinas
Lumote é uma criatura aquática que precisa ativar torres submersas para prosseguir. Isso é tudo o que sabemos do nosso protagonista, e o jogo sequer conta com uma história ou narrativa que posicione o porquê de estarmos fazendo tudo isso. Devemos apenas solucionar uma seção de enigmas-plataforma e atravessar os portais até chegarmos à torre. Para isso só contamos com dois comandos: o pulo, que pode ser simples ou duplo, e nos agarrar a objetos, os quais podemos controlar. E é isso, literalmente.
Por mais que a complexidade dos quebra-cabeças aumente de um nível para o outro (inclusive de maneira bem acentuada na segunda metade do jogo), não há uma variação de desafio, o que torna a experiência bastante repetitiva depois de certo tempo. A única mudança que o jogador presenciará é a dos artefatos encontrados e como controlá-los.
Lembram que eu já citei logo de cara que o jogo não cobra urgência de resolução? Pois bem, isso fica cada vez mais claro ao passarmos por cada portal e irmos para mais uma porção de tentativas e erros até descobrirmos como interagir com cada local e item, já que não há nenhum tipo de indicação visual ou balão de explicação que seja. Pelo menos o jogo de cores é muito bem utilizado para definir o que está a nosso favor ou não, com tons azulados para interações positivas e vermelhos para negativas.
Toda essa coisa de descobrir como tudo funciona sem nenhum tipo de ajuda acaba aumentando consideravelmente a duração da jornada, que pode ser finalizada em pouco mais de uma hora.
Além disso, o nosso pequeno protagonista não é uma criatura muito ágil, graças aos controles meio molengas. Seus pulos são imprecisos e por muitas vezes passamos do ponto, ou aterrisamos antes de onde queremos. Por fim, pode parecer algo meio óbvio, mas não há nenhum indicativo de que o Lumote pode morrer prensado enquanto move os obstáculos de um setor, o que vem a ser o caso.
O ponto mais alto da exploração é a câmera, que pode ser controlada livremente e de maneira rápida, respeitando as vontades do jogador e sem voltar a uma posição padrão depois de um tempo. O uso dela se torna tão crucial quanto a colocação dos objetos em lugares específicos. Sem contar que fica bem mais fácil achar os colecionáveis escondidos em frestas escondidas.
Admirando a paisagem
Se o nível de desafio de Lumote pode entregar sensações mistas, não dá para dizer o mesmo do seu aspecto visual, que realmente é bem bacana. A temática aquática, combinada com a trilha sonora suave, é um conjunto agradável de se ver.
Como citado acima, existem objetos vermelhos e azuis. Tudo o que controlamos se torna azul enquanto tudo aquilo que temos que mudar de direção ou ordem é vermelho/alaranjado. Ainda existem os objetos roxos, totalmente passíveis de qualquer alteração de acordo com a posição no cenário e com a interação do nanico gelatinoso.
Por mais que uma área seja muito longa ou de difícil resolução, chega a ser muito satisfatório ir mudando a coloração de cada ponto até que tudo fique predominantemente cerúleo. Para aproveitar toda essa riqueza visual, há um modo foto que pode ser usado livremente a qualquer momento.
Para ir curtindo sem pressa
Mesmo com os speedrunners de plantão, que com certeza tentarão resolver todos os quebra-cabeças na velocidade de um Fórmula 1, Lumote: The Mastermote Chronicles evoca uma vibe mais lenta e pausada. Isso ajuda a lidar com a complexidade de alguns enigmas, mas não resolve o problema da repetição de desafios, o que o torna um jogo OK, mas nada extraordinário.
Prós
- Lumote é uma geleia bem carismática;
- Controle total da câmera;
- Ambientação bem construída.
Contras
- Movimentação meio imprecisa;
- Faltam instruções de como funcionam alguns objetos;
- Repetitividade nos quebra-cabeças.
Lumote: The Mastermote Chronicles — PC/PS4/Switch — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Wired Productions