Tal como os zumbis, jogos de videogame podem ressurgir da tumba e serem lançados novamente, seja na forma de remasters, reboots ou remakes. Um dos últimos exemplos a aumentar a horda desses títulos é House of the Dead: Remake, um game de tiro com mortos-vivos, esqueletos e toda sorte de monstros. Mas será que a nova vida vale o seu tempo e dinheiro? Vamos entrar na mansão assombrada e descobrir a resposta em mais uma análise de arrepiar os cabelos.
Outra volta dos que não foram
Como relembrar é viver, vale frisar que o House of the Dead original é oriundo dos arcades. Bastante populares em shoppings e parques de diversão, entre outros locais, essas máquinas eram verdadeiras (e, por vezes, as únicas) fontes de diversão eletrônicas. Dentre os principais jogos, a maioria se concentrava nos gêneros de corrida, luta e tiro.Uma das antigas máquinas em que o game fez sua estreia |
Com o passar dos anos e o desenvolvimento dos consoles domésticos, essas máquinas perderam cada vez mais espaço e hoje são encontradas de forma pontual. No caso de House of the Dead, sua estreia foi no ano de 1996 nos arcades da Sega, sendo que seus primeiros ports foram para PC e Saturn. Diversas continuações surgiram posteriormente, culminando neste remake que é o destaque da análise.
Lançado no início de abril para o Switch e no final do mesmo mês para Xbox One, PlayStation 4 e PC (além de ser retrocompatível nos consoles da atual geração), House of the Dead: Remake é do tipo rail shooter, ou seja, um jogo de tiro “em trilhos”. Esse gênero exige do jogador somente o controle da mira e o puxar do gatilho, pois os deslocamentos pelos cenários são feitos automaticamente.
Fique preparado para o surgimento de inimigos a cada passo |
Era uma vez uma mansão assombrada...
A premissa é meio batida, mas ainda funciona: dois agentes especiais precisam derrotar um cientista maluco cujos experimentos deram muito errado, resultando na libertação de vários monstros malignos em sua mansão. Como é característico do gênero, o jogador não controla os movimentos dos personagens pelos cenários, preocupando-se apenas em atirar nos inimigos pelo caminho. Inclusive, é possível utilizar o sensor de movimentos do controle, que funciona muito bem, por sinal.Mesmo básicas, as mecânicas são suficientemente divertidas |
É possível salvar pessoas em perigo ao longo da campanha, resultando em itens e pontos extras. Uma mecânica bastante interessante é a possibilidade de seguir por rotas diferentes em cada capítulo. Isso é possível porque, apesar dos movimentos serem automáticos, existem interações especiais que levam a caminhos distintos de acordo com a ação do jogador.
É possível mudar as rotas ao, por exemplo, atirar em botões de controle |
Pontos em decomposição
Falando nisso, a crítica mais forte a House of the Dead: Remake é a sua dificuldade. Tal como no original, avançar pela perigosa mansão é uma tarefa árdua, que exige reflexos (muito) rápidos. Mesmo no nível fácil o jogador terá um desafio considerável, sobretudo se ele quiser conferir o melhor final do game, que depende diretamente da pontuação obtida.Salvar pessoas pelo caminho rende pontos, itens e até mesmo a descoberta de segredos |
Como perder todas as vidas e usar “Continues” reduz a pontuação, mas jogar nas dificuldades mais altas aumenta-a, o equilíbrio geral fica prejudicado. A ação é intensa, com inimigos aparecendo a todo o momento e de locais imprevisíveis, contando com ataques e movimentos por vezes complicados de antecipar. O game não é injusto ou quebrado, “apenas” bem exigente.
Inclusive, a já mencionada galeria e o inédito Armory, que contém armas diferentes para o jogador utilizar, como escopetas e fuzis, são legais, mas também são prejudicados pela dificuldade. As tarefas necessárias para liberar itens são exigentes em demasia, em minha opinião. Mais uma oportunidade perdida deste Remake, que me lembrou muito SpongeBob SquarePantes: Battle for Bikini Bottom – Rehydrated (Multi): ambos pecam pelo excesso de fidelidade aos originais.
Alguns monstros são bem legais (Freddy, é você?) |
Já está com o algodão na narina?
Antes que você pense que House of the Dead: Remake já esteja no caixão, pronto para ser enterrado como um jogo ruim, vale frisar que ele tem as suas qualidades. Acredite em mim: elas tornam a experiência final divertida e, até certo ponto, viciante. Embora um tanto limitados, os visuais são competentes para a proposta básica e funcionam de maneira satisfatória, afinal, explodir zumbis e outros monstros é sempre agradável.O trabalho de som é básico, mas, no contexto de um jogo de tiro arcade, é suficiente para divertir. Falando em diversão, o modo multijogador é outra qualidade do game: mesmo que tenha faltado uma opção online, as partidas locais em dupla deixam tudo mais interessante, seja cooperando para chegar ao final ou disputando pela maior pontuação. Afinal, a jogabilidade, que conta com várias personalizações, e as mecânicas simples tornam a experiência acessível a todos, mas também exigente caso o jogador queira ir além da descontração.
A ajuda de um colega é valiosa sobretudo nos chefes com movimentos complexos |
Faltou mais carne nos ossos
É uma pena, mas House of the Dead: Remake é um jogo para poucos. Apesar de ser divertido sair atirando em zumbis e monstros sem se preocupar com maiores complexidades, depois de um tempo a experiência se revela exigente e repetitiva. Faltaram mais fases e um nível de dificuldade mais balanceado, sobretudo no que se refere aos desbloqueáveis. Existe vida nesse título, mas ele acaba sendo recomendado somente para fãs do gênero tiro e terror, principalmente com um amigo ao lado.
Uma boa pedida para alguns, mas nada além disso |
Prós
- Game de tiro é um remake fiel de um ótimo clássico do gênero rail shooter;
- Mecânicas de jogo simples, mas com boa dose de desafio e diversão;
- Jogabilidade é bastante customizável, incluindo uma boa opção por sensor de movimento;
- Visuais, efeitos e trilha sonora são competentes;
- Adições pontuais são positivas, como galeria, Horde Mode e armas para desbloquear;
- Modo multijogador torna o game ainda mais divertido.
Contras
- Remake perdeu a oportunidade de trazer mais inovações e novidades;
- Dificuldade tem um nível bastante elevado em aspectos desnecessários.
House of the Dead: Remake – PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX – Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
Análise produzida com cópia cedida pela Forever Entertainment