Entre as décadas de 1980 e 1990, ninjas estavam entre os arquétipos mais utilizados para protagonistas. Toda essa popularidade e inspiração veio basicamente de duas franquias clássicas: Ninja Gaiden e Shinobi.
Jogos de luta, plataforma, aventura, ação, beat ‘em ups… até em corrida de bicicleta os astutos assassinos estavam presentes. Eles eram tantos e tão característicos que até fizemos uma lista ranqueando os dez melhores, mas ainda ficou muita gente de fora.
Entre os muitos títulos daquela geração marcante, Ganryu apostava nessa fórmula ao trazer para o Neo Geo uma aventura ninja com bastante ação e dificuldade elevada. 20 anos se passaram e Ganryu 2: Hakuma Kojiro traz de volta a nostalgia daquela época em uma sequência bastante competente.
Ação, reação, frustração e repetição
Não tem como pensar em um jogo de ninjas sem automaticamente pensar em agilidade. Ganryu 2 não desaponta nesse quesito, tanto no ritmo da ação quanto na jogabilidade. Os comandos são bastante comuns e fáceis de dominar: temos o pulo simples e o duplo; um dash, que pode ser executado tanto no chão quanto no ar; e atacamos com uma espada e shurikens limitadas.
Vale ressaltar que Ganryu 2 é um jogo à “moda antiga”; ou seja, você morrerá bastante até aprender. Não há ajuste de dificuldade: o aprendizado é feito na base da memorização de cada local e padrão de ataque. As coisas se tornam mais interessantes após algumas (ou muitas) tentativas, pois conseguimos aliar a velocidade do nosso protagonista com uma postura mais reativa, baseada em contra-ataques.
Parece meio contraditório, ainda mais com conquistas baseadas em tempo de conclusão, mas não adianta correr por todo o cenário apenas apertando o botão de ataque. Isso vai mais resultar em fracasso do que em sucesso, uma vez que fatalmente aparecerão inimigos que rebaterão seus ataques ou te atingirão à distância.
Isso se torna ainda mais nítido na batalha contra os chefes. De primeira eles parecem impossíveis de serem combatidos, mas, novamente, o jogo valoriza quem espera. Assim que entender os seus padrões, não se surpreenda se derrotar alguns desses chefes sem nem sequer ser tocado.
O único ponto mais baixo disso tudo é o uso de magias. É possível preencher uma barra com chamas verdes, que possibilita o uso de ataques mágicos ou até mesmo uma cura completa nas horas de aperto. Porém, ela demora muito para ser preenchida, mesmo coletando uma quantia considerável de itens. Por muitas vezes até esquecemos que ela está lá.
Outra coisa que vale ressaltar é que não há continues. Se perder todas as vidas, é game over e volta tudo do começo. O jogo só salva quando concluímos uma área, composta por até cinco atos. Além disso, também não fica claro para onde voltamos quando perdemos uma vida, já que não há indicação visual de checkpoints.
Bonito e conservado
Nem sempre fazer uma sequência depois de um intervalo muito grande de tempo é uma boa ideia, uma vez que a tecnologia avança bastante e com ela o gosto do público. Felizmente, Ganryu 2 consegue manter a estética noventista de maneira bem polida e sem dever nada a muitos outros títulos “retrô”.
Um bom retorno
Ganryu 2: Hakuma Kojiro se arriscou em continuar uma saga mais de duas décadas depois do original, mantendo o mesmo padrão, tanto estético quanto funcional, pois poderia ser facilmente taxado como velho ou ultrapassado. Felizmente, o jogo se mostrou desafiador, bem feito e bastante satisfatório, para quem persistir na missão e não desanimar facilmente.
Prós
- A jogabilidade é precisa e responsiva;
- Mecânicas simples;
- Belíssimos visuais.
Contras
- Não ter ajuste de dificuldade pode afastar jogadores novatos;
- Checkpoints não são bem sinalizados.
Garyu 2: Hakuma Kojiro — PC/PS4/Switch/XBO — Nota: 8.5Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Just For Games