Análise: Orbital Bullet (PC) traz ação ininterrupta em interessantes cenários circulares

Este roguelite é competente, mas falha em manter a empolgação com o passar do tempo.

em 30/03/2022

Orbital Bullet é um título indie de ação 2D que chama a atenção com seu design de estágios peculiar: cada fase consiste em uma série de arenas no formato de anel. Combates intensos repletos de tiros, esquivas e perigos, em conjunto com elementos aleatórios, resultam em uma experiência ágil e competente. No entanto, o jogo logo cansa com sua falta de originalidade e constante sensação de repetição.

Um soldado em um corpo artificial enfrentando invasores do espaço

Uma força alienígena chamada Dread Corp atacou o planeta Terra e dizimou a maior parte da humanidade. Uma equipe de soldados de elite se opôs aos invasores, mas, mesmo assim, os humanos foram obliterados. Um dos poucos sobreviventes do grupo de resistência, em um ato de desespero, usa um último recurso e transfere a sua mente para um corpo sintético. Com isso, ele vai caçar os invasores para libertar a Terra, não importa quantas vezes seja necessário recomeçar.

Orbital Bullet é uma aventura de tiro e ação 2D bem tradicional. No controle do soldado ciborgue, o objetivo é destruir todos os inimigos que aparecem pelo caminho. Para isso, o protagonista conta com uma infinidade de armas, como pistolas, escopetas, lançadores de granadas e bombas de ácido. Para escapar dos perigos, há um pulo adicional no ar e um movimento de esquiva. Além disso, pelo caminho, podemos destravar habilidades diversas, como liberar uma bomba ao rolar no chão ou lançar lasers das botas ao executar o salto duplo.


A característica mais notável do jogo está nos formatos dos estágios. As arenas têm formato de anel, o que traz uma dinâmica interessante à ação, pois precisamos ficar de olho em todas as direções — ataques podem vir de locais imprevisíveis. Além disso, alguns dos andares têm também anéis internos, o que nos força a alternar entre eles para conseguir prosseguir.

O jogo é um roguelite, ou seja, cada partida apresenta armas, mapas e habilidades diferentes. Ser derrotado significa recomeçar a jornada desde o início, mas é possível utilizar itens obtidos nas tentativas para liberar recursos de forma permanente. A variedade de conteúdo a ser desbloqueado é vasta, como um sistema de combo, kits de primeiros socorros, diferentes classes de personagens, armas e melhorias. Há também opções para aumentar a dificuldade para aqueles que já conseguem concluir as partidas com certa facilidade.



Correndo e atirando em cenários cilíndricos

Orbital Bullet é ágil e direto, bastando alguns minutos para entender os controles e sair atirando nos inúmeros inimigos. Os embates são bem frenéticos e é empolgante conseguir sobreviver aos vários perigos sem ser atingido. As arenas cilíndricas criam uma dinâmica única, pois basta um momento de desatenção para ser cercado ou atingido. Esse formato também confere vantagens: é possível usar uma arma de longo alcance para acabar com monstros distantes sem arriscar levar dano. A variedade de inimigos é boa e fui forçado a repensar constantemente a minha estratégia quando grupos me atacavam.


Algumas mecânicas nos incentivam a agir com velocidade. Derrotar inimigos em sequência cria combos que disponibilizam vantagens, como aumento da velocidade do personagem. O detalhe está no fato de que precisamos ser rápidos, pois o medidor cai rapidamente. Pelo caminho, aparecem baús cujas fechaduras dependem do nosso tempo de jogo na partida e também fendas com ondas de oponentes cuja qualidade do prêmio depende da nossa performance.

A variedade de ferramentas é razoável. Além das armas básicas, como pistolas e escopetas, encontrei também alguns armamentos mais curiosos, como um lançador de energia concentrada, bolhas de ácido e uma sniper cujas balas são capazes de dar voltas nos cenários. É interessante também o sistema de montar a árvore de habilidades: em locais específicos, podemos escolher novos conjuntos de melhorias para o personagem, o que introduz um elemento estratégico.



Uma jornada não muito inspirada

Orbital Bullet tem boa execução e algumas ideias notáveis, mas, infelizmente, ele não consegue ser interessante por muito tempo. Para começar, as partidas são bastante parecidas entre si, mesmo com os elementos procedurais. Até há pequenas diferenças entre os planetas, porém os estágios são sem inspiração e muito similares. Além disso, alguns conceitos, como habilidades e armas, são genéricos demais. A diversão de um bom roguelike é conseguir montar uma combinação interessante de poderes, mas isso não existe aqui.

Outro problema é a grande necessidade de grind para desbloquear os conteúdos e para conseguir avançar. Chega um momento em que a dificuldade aumenta drasticamente com estágios repletos de inimigos muito poderosos e com grandes quantidades de vida. Como a munição é limitada, fica muito complicado contar somente com a técnica. A solução, então, é aumentar as características do herói antes de uma nova tentativa. O detalhe é que todos os upgrades são caros e a quantidade de itens obtidos nas partidas é bem reduzida. De qualquer maneira, há muitos recursos a serem liberados, só é necessária paciência para completar a tarefa.


Por fim, temos as decisões que envolvem o visual. O aspecto circular das arenas é o grande chamariz do jogo, mas não passa de um recurso puramente cosmético. Um ou outro inimigo é capaz de atacar a partir de um anel diferente, mas não passa disso. Para piorar, às vezes elementos do cenário obscurecem a câmera, criando momentos de confusão visual. É uma pena que o formato dos estágios não seja explorado de maneiras mais criativas.

Frenético e divertido, mesmo que por pouco tempo

Orbital Bullet oferece ação ágil e combates empolgantes. É envolvente explorar estágios no formato de anel enquanto atiramos em inimigos e esquivamos de perigos, em uma experiência que lembra clássicos run and gun 2D. Elementos de roguelite, como geração procedural e conteúdo desbloqueável, ajudam a trazer variedade às partidas. O problema do jogo é ser genérico demais: os estágios são sem inspiração, há uma sensação constante de repetição, as habilidades mal oferecem sinergias e é necessário muito grind para desbloquear os conteúdos. No mais, Orbital Bullet até diverte, mas falha em oferecer uma experiência memorável.

Prós

  • Mecânicas simples e ágeis de atirar e pular;
  • Boa variedade de tipos de estágios e de inimigos;
  • Grande quantidade de conteúdo para desbloquear;
  • Visual interessante.

Contras

  • Partidas muito parecidas entre si, mesmo com os elementos procedurais;
  • Alguns conceitos, habilidades e armas são genéricos demais;
  • Bagunça visual atrapalha o andamento em vários momentos;
  • Grande necessidade de grind para desbloquear os conteúdos.
Orbital Bullet — PC — Nota: 6.5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Assemble Entertainment

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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