Análise: Phantom Breaker: Omnia (Multi) é um jogo de luta no limiar entre o técnico e o acessível

Nova edição do jogo de luta da Mages oferece controles simples e grande variedade de movimentos técnicos.

em 14/03/2022
Phantom Breaker: Omnia
é uma edição completa e totalmente atualizada do jogo de luta da Mages. Originalmente, Phantom Breaker deveria ter sido lançado em inglês em 2012 para Xbox 360, mas acabou nunca saindo no Ocidente. Apesar de ainda ter alguns problemas, o título mostra ser uma experiência competente do gênero, se enquadrando no limiar entre uma experiência muito técnica e complexa e uma aparente simplicidade e acessibilidade.

Uma disputa de desejos

Uma figura misteriosa chamada Phantom está promovendo um torneio entre duelistas. Sem objetivos claros, ele dá a algumas pessoas armas especiais chamadas de Fu-mension Artifacts. De acordo com suas palavras, quem for vitorioso nessa disputa poderá ter o seu grande sonho realizado. Porém, a realidade é mais complicada do que isso e é perceptível que Phantom esconde suas reais intenções.

Apesar de curiosa, a história acaba sendo bem básica. O tom de boa parte da narrativa não é sério, com alguns diálogos francamente estúpidos e muito uso de gírias e coloquialismos. As histórias do jogo original ainda têm certa dose de coesão, porém, os eventos dos personagens de Extra (Ende, Sophia, Shizuka e Gaito) funcionam de forma diferente.

Nesses casos, cada batalha é tratada separadamente, fazendo com que os diálogos pareçam apenas uma expansão das interações de arcade. De fato, o foco dessas histórias está mais na realização de determinados desafios, como fazer um combo longo ou realizar uma das mecânicas avançadas.

Infelizmente, apesar da ideia ser interessante, essas tarefas podem ser muito complicadas. Em primeiro lugar, porque o que é pedido raramente é trivial de fazer. Além disso, a tendência é que o jogador perca a conta em tarefas como “faça tal movimento complexo cinco vezes”. O ideal seria ter uma checklist das missões dentro da luta.

Três estilos, muitas formas de jogar

Um detalhe importante do gameplay é que os personagens podem assumir três posturas diferentes: Quick, Hard e a nova Omnia, que não estava presente nos jogos anteriores. Um personagem em sua forma Quick é mais ágil, abre mais possibilidades de combos e recupera a barra necessária para realizar os ataques especiais mais rapidamente.

Do outro lado do espectro temos o Hard, que aumenta o dano e defesa do personagem, porém reduz a sua agilidade. Por fim, o modo Omnia é um estilo mais equilibrado em termos dos parâmetros de força, defesa e agilidade. Vale destacar que as personagens L e Shiro-Mikoto são restritas a um tipo específico (Quick e Hard, respectivamente) com movimentação derivada das personagens M e Mikoto.

Porém, o que realmente chama atenção no sistema é a variação das mecânicas de acordo com a escolha. Tanto Quick quanto Omnia podem usar pulo duplo, enquanto Hard só pode fazer um pulo mais alto. Também há uma mecânica de desvio chamada Slip Shift para Quick e Omnia, enquanto Hard pode absorver o dano com uma defesa no timing correto.

Para compensar o equilíbrio de parâmetros do modo Omnia, ele não possui técnicas como Phantom Break (o grande especial), Overdrive (que aumenta a agilidade ou defesa do personagem) nem o Emergency Mode (que permite cancelar os golpes inimigos). Ao invés disso, caso o jogador consiga alcançar o nível 4 com a barra, é possível realizar um golpe que atinge toda a área do jogo.

Essas diferenças fazem com que a escolha de modo seja realmente significativa e ajuda na percepção da grande variedade de mecânicas do jogo. De forma defensiva, não há apenas o bloqueio e o backstep, como também o desvio para os modos Quick e Omnia e formas de consumir a barra de habilidades para evitar ficar paralisado.

Já no aspecto ofensivo, além dos ataques básicos, é possível carregar um golpe específico para quebrar a defesa do adversário, arremessar inimigos e realizar algumas outras manobras. Em particular, é interessante o mecanismo de clash, ou seja, quando dois ataques colidem, os golpes são anulados. A partir desse ponto, os jogadores podem explorar os ataques subsequentes para tentar começar o seu próprio combo e eliminar o do adversário.

Vale destacar que os combos e golpes especiais são simples de realizar. Sem nenhuma movimentação complexa e com os mesmos controles para os ataques especiais, é muito fácil aprender a controlar os personagens. Ao mesmo tempo, a diferença de áreas de ataque e outros elementos técnicos impedem que os lutadores sejam simplesmente "mais do mesmo" em termos de estilos de combate

Além das mecânicas de combate

Um bom jogo de luta demanda também diversidade de modos para evitar cair na mesmice rapidamente. Além dos modos história e arcade, Phantom Breaker Omnia conta com Score Attack, Time Attack e Endless Battle (o tradicional Survival). Vale destacar que os três são restritos a batalhas de uma rodada apenas enquanto os modos Arcade e Versus podem ser customizados em número de rodadas, duração e dificuldade da CPU.

Além do single player, é possível fazer partidas online em um modo rankeado e outro livre. Infelizmente, durante o tempo que tive para a análise, não foi possível estabelecer conexão para explorar esse aspecto importantíssimo do jogo. O título permite selecionar rank, região e qualidade de conexão dos adversários para filtrá-los. Além disso, como já tradicional do gênero, é possível customizar um cartão que apresenta os dados do jogador. Os elementos visuais que podem ser utilizados são desbloqueados no jogo.

No modo versus, é possível jogar localmente contra outra pessoa, lutar contra a CPU ou colocar dois personagens CPU para jogar entre si. Há também um modo de treinamento, mas não há nenhum tutorial sobre o jogo. As informações de combate são descritas em um manual in-game, que é muito rico em detalhes. Porém, o resultado é que o modo de treinamento acaba sendo mais indicado para veteranos de jogos de luta interessados em aperfeiçoar suas habilidades. Como o jogo tem muitas mecânicas complexas, a falta de tutoriais acaba pesando bastante contra a experiência de novatos.

O jogo também conta com uma bela galeria recheada de ilustrações. Isso ajuda a valorizar o título para os seus futuros fãs e aqueles que já tiveram a oportunidade de jogar as versões japonesas anteriores. Além disso, ter acesso a esses conteúdos dá a sensação de ter em mãos um pacote completo.

Em termos audiovisuais, gostaria de destacar que o jogo tem uma estranha decisão de misturar personagens 2D e 3D. Apesar dos bons modelos em ambos os casos, há uma sensação forte de que eles não estão no mesmo plano de existência. 

A trilha também é de alta qualidade e conta tanto com uma versão remixada quanto a original. Ambas são empolgantes e ajudam na dinâmica dos combates. Os personagens são dublados em japonês e inglês, sendo possível escolher entre as duas versões. Todos os dubladores fazem bem o seu trabalho de dar vida aos personagens, porém alguns gritos de derrota são muito estridentes. É possível reduzir o volume das vozes, mas isso afeta tanto as batalhas quanto os diálogos de história. O ideal seria ter essas duas partes separadas na configuração.

A edição definitiva de um jogo de luta surpreendemente rico

Apesar de ainda ficar devendo em alguns aspectos de qualidade de vida, Phantom Breaker: Omnia é um jogo que vale bastante a pena para fãs do gênero. Com um gameplay com inputs simples, mas muitas possibilidades no combate, o jogo tem muito mais a oferecer do que pode parecer a princípio.

Prós

  • Grande variedade de mecânicas ofensivas e defensivas;
  • Três estilos de luta que realmente impactam significativamente o combate;
  • Sistema de combos simples com comandos similares para os personagens, sem que isso tire a unicidade de cada combatente;
  • Trilha sonora empolgante e galeria de ilustrações;
  • Manual detalhado com informações sobre o combate.

Contras

  • Falta uma configuração mais detalhada para o volume das vozes, separando os gritos de batalha e os diálogos dos eventos de história;
  • Exigências complicadas para o modo história dos personagens de Extra e que precisavam de indicativos claros durante o combate;
  • Ausência de um tutorial detalhado além do training, que acaba sendo mais indicado para usuários avançados;
  • Mistura de personagens 2D e 3D causa estranheza.

Phantom Breaker: Omnia - PC/PS4/XBO/Switch - Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Rocket Panda Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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