Análise: Music Racer: Ultimate (Multi) traz uma proposta interessante, mas tropeça no visual e na simplicidade

Faça da sua música favorita uma pista sonora e viaje sem tentar ficar cego com a explosão de cores.

em 15/03/2022
Pegar a estrada ao som das nossas músicas preferidas é sempre satisfatório. Music Racer tentou trazer essa experiência há alguns anos, fazendo com que pistas procedurais fossem criadas a partir de canções escolhidas pelo jogador de dentro da biblioteca contida no jogo. A ideia foi bacana, mas apenas os jogadores de PC podiam adicionar faixas de sua seleção particular.

Para corrigir essa falha, Music Racer: Ultimate traz para os consoles a possibilidade de utilizar as nossas músicas favoritas nessa viagem que mistura cores neon e veículos variados. Mas será que ainda vale a pena embarcar nessa trilha?

Bem retrô, né?

Mesmo com a nomenclatura Ultimate, o jogo é praticamente sua versão anterior, sem tirar nem pôr, estruturalmente falando. Escolhemos um veículo, um ambiente, uma música, uma dificuldade, e assim curtimos nossa viagem rítmica, coletando as notas pelo caminho. Notas essas que viram nossa moeda de troca para adquirirmos mais fases e meios de locomoção, que variam entre carros inspirados em modelos famosos, motos e até coisas mais pitorescas, como uma ave, uma viatura e o trenó do Papai Noel.

Também está inclusa a mesma biblioteca do jogo original, que possui algumas daquelas produções com licenças livres para serem usadas em qualquer tipo de projeto. Com certeza vocês já devem ter ouvido essas trilhas em algum vídeo de plataformas como YouTube ou TikTok.

Já que o foco está na parte sonora, o visual funcionaria mais como um apoio, certo? Deveria ser assim, mas ele rouba a cena algumas vezes pelo choque de cores brilhantes, que dificulta a visualização das notas pelo caminho, que são brancas. Por mais que a ideia de deixar tudo com tons vibrantes em neon combine com a proposta musical, sempre que as cores vermelha ou amarela aparecem ao fundo de determinadas fases, fica impossível saber o que está acontecendo, e isso transforma a diversão em frustração.

Outra questão visual são os trajetos. Por mais que o jogo apresente quatro “dificuldades” distintas — Normal, Zen, Difícil e Cinemático —, há pouca variedade em si no que acontece: no Normal, temos obstáculos que interrompem nossos combos, mas não há falha; o Zen não tem objetos pela pista e podemos pilotar sem preocupação; o Difícil não permite que erros sejam cometidos (se pegar um obstáculo, é fim de jogo); e o Cinemático não exige que o jogador se preocupe em pilotar. É só controlar a câmera e curtir a paisagem).

O número de notas é basicamente o mesmo, a quantidade de pistas disponíveis por fase sempre varia entre três ou cinco e, o mais chato, é praticamente impossível pegar todas as notas.

Isso acontece porque o trajeto rítmico não varia só com retas e curvas, mas também faz sinuosidades verticais, como se fosse uma onda sonora. Ou seja, se estamos em um ponto mais elevado, conseguimos ver o que está vindo, mas, caso estejamos na “barriga” mais baixa, gera-se um longo ponto cego. Agora, junte isso com a questão das cores estourando a tela, e todo o prazer de brincar de “Guitar Hero Automotivo” acaba mais rápido que a gasolina de um Opala.

Ultimate, pero no mucho

Se está tudo igual, cadê o Ultimate? Pois é, o nome é só para enfatizar que agora é possível utilizar recursos externos nos consoles para colocar músicas no jogo. Uma das opções é através da plataforma Audius, na qual diversos usuários podem subir suas composições ou até mesmo produções famosas. A ideia é boa, mas por diversas vezes ocorreu instabilidade na hora de estabelecer a conexão, e nem sempre a faixa escolhida era baixada para o jogo.

A outra opção, e mais divertida, é a de criarmos uma pasta nossa em um computador ou celular e acessarmos ela através de um servidor WebDAV. Parece complicado, mas consiste apenas em tornar esse local acessível pela nuvem. Isso funciona bem, mas também possui uma ressalva.

O que acontece é que o dispositivo que contém os arquivos precisa ficar ligado o tempo todo ativamente. No caso de um computador, não é possível deixá-lo em modo de descanso ou suspender suas atividades. Já para celulares, é bem mais comum permanecer conectado ininterruptamente. Fora esse detalhe, sempre que uma música da minha pasta pessoal era escolhida, o download e a execução eram praticamente instantâneos.

Entretanto, a canção só é baixada para uma jogada e não fica armazenada na memória do aparelho. Se quisermos jogá-la de novo, sem recorrer ao restart, temos que entrar na pasta e baixá-la de novo.

Seria mais fácil utilizar um pen drive direto no console para facilitar o trabalho? Seria sim, e muito, mas o próprio estúdio sinalizou que essa opção foi descartada por questões de segurança. Outra negativa foi dada em relação às plataformas digitais mais famosas, como o Spotify e o Deezer, que foram consideradas “inviáveis” para essa integração.

Para matar o tempo

Music Racer: Ultimate vai ser aquele jogo que é procurado esporadicamente para relaxar. A possibilidade de escolher qualquer hit, independente de ritmo, língua ou gênero, é sempre boa, mas, fora isso, o jogo não tem muita coisa de atrativo. As cores berrantes também são um ponto contra fortíssimo, pois ninguém gosta de uma explosão de paletas que mais causa confusão do que admiração.


Prós

  • Poder usar a música que quiser;
  • Variedade de veículos bacana, inspirados na cultura pop.

Contra

  • Basicamente nenhuma modificação drástica em relação à versão anterior;
  • Integração com o Audius é boa, mas instável;
  • Um computador precisa ficar ligado o tempo todo para acessarmos nossa pasta;
  • Não é possível usar arquivos via USB;
  • Cores fortíssimas e brilhantes atrapalham a visão;
  • Dificuldades não possuem uma grande variação de fato.
Music Racer: Ultimate — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 5.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Sometimes You
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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