Joguinhos rítmicos podem ter diferentes narrativas, visuais, modelos, etc., mas o objetivo sempre é o mesmo: realizar cadeias insanas de notas consecutivas enquanto “toca” músicas animadas, famosas ou não.
Beat Souls é direto em sua proposta, colocando o jogador para coletar almas enquanto acerta combos acelerados sem muitas firulas ou explicações, só que sua objetividade pode deixar aquela sensação de que poderia ter rendido um show mais caprichado.
Coletando almas e evitando o barulho
Em Beat Souls, controlamos a jovem Mikoto, que precisa coletar almas — convenientemente com formato de notas musicais — em disputas rítmicas contra as youkais Mei, NeNe e Rinko. É só isso que o jogo te dá de informação, e nem é preciso muito mais pois tudo é bastante óbvio e intuitivo… Na verdade, quase tudo.
Temos uma pista com cinco faixas e podemos nos deslocar livremente de uma extremidade lateral a outra. Sempre estarão duas chamas conosco, uma de cada lado, que são utilizadas para capturar as notas, que sempre aparecem respeitando o ritmo da canção escolhida. Também é necessário evitar os obstáculos, que são os barulhos que atrapalham a música, desviando ou pulando.
Para dar uma variada no gameplay, é possível liberar nossas inimigas como personagens selecionáveis. Elas não causam grandes alterações, mas trazem algumas mudanças leves, como não interromper um combo ao batermos em um barulho ou conseguir manter uma sequência determinada mesmo deixando alguma nota passar.
Porém, existem mais dois comandos que podem dar uma certa dor de cabeça quando exigidos. Um deles envolve notas duplas, que aparecem uma ao lado da outra. Em nenhum momento é explicado que o jogador pode manejar seus capturadores de almas para que eles também fiquem em pares à direita ou à esquerda da nossa heroína. Nada grave, pois isso pode ser feito com o toque de um botão, mas ter que descobrir isso na adivinhação é meio ruim.
Já o segundo problema, e um pouco mais chato, envolve trocar a cor dos capturadores. Nas primeiras músicas temos que lidar apenas com as notas de cor amarela. À medida que a velocidade e a complexidade aumentam, também aparecem as azuis e até é bastante divertido ter que prestar atenção não só na disposição das notas, mas também na cor delas. Infelizmente, o ato de trocar de azul para amarelo, ou o contrário, não tem uma resposta tão eficaz assim às vezes, o que nos leva a perder um pedaço considerável de uma sequência que poderia estar impecável até então.
Para se ter ideia, houve momentos em que a cor só foi trocada após o botão ser pressionado três ou quatro vezes, o que é uma pena já que todos os outros comandos respondem muitíssimo bem, sem exceção.
Mas já não tocou essa?
Ao todo contamos com 45 músicas, 15 para cada demônia e elas podem ser jogadas em duas dificuldades diferentes. É um número considerável, só que a lista de faixas também tem seus contras.
As youkais tentam colocar uma espécie de identidade visual própria, como se dessem um tom para o setlist, com uma mais voltada para a música eletrônica, outra para o pop e a última mais próxima do heavy metal. Infelizmente, mesmo tentando se pautar em um gênero musical, é impossível não sentir que algumas canções têm uma vibe meio genérica e nada empolgante, parecendo até que estamos tocando a mesma coisa repetidas vezes.
Se por um lado todas elas são bem curtas, durando aproximadamente dois minutos, outra estranheza é causada ao término delas. Algumas finalizam do nada, como se alguém tivesse puxado o rádio da tomada ou chutado o amplificador do guitarrista. São detalhes que parecem bobos, mas fazem muita diferença em um jogo em que a música dita o estilo de jogo.
Sendo assim, o visual funciona mais como apoio da música, e ele não compromete, mas também não ousa muito. Como cada uma das garotas possui sua identidade, esse padrão é replicado firmemente 15 vezes no mínimo. Ou seja, elas sempre estarão no topo da tela, fazendo os mesmos gestos e barulhos, que nada mais são que barreiras que causam dano, tendo sempre o mesmo aspecto. Nada de mais, nada de menos.
As cores chamativas combinam com a proposta de Beat Souls, mas em alguns momentos a tela explode de elementos secundários acontecendo ao mesmo tempo que a música se desenrola. Tudo fica tão carregado de informações que é necessário dar uma pausa de leve para descansar a visão, ainda mais depois de tocar umas três ou quatro faixas seguidas.
Se colocarmos em uma balança, o número de músicas disponíveis é ótimo, mas seria mais legal ter uma variedade maior entre elas. Em vez de três grupos de 15, cinco grupos de nove trariam uma seleção mais abrangente e ainda adicionaria duas youkais extras, mas isso é apenas um pensamento meu.
Por fim, Beat Souls apresenta apenas um modo para quem quer curtir sozinho. É só iniciar o jogo, trocar de personagem se quiser e tocar quantas músicas aguentar. Não há uma opção de ranking online ou para dois jogadores. A única variação que temos é um Modo Inferno, no qual entramos numa espécie de infinite runner e devemos seguir o ritmo até não aguentarmos mais. Tristemente, apesar de a curva de desafio ser acentuada, e até meio injusta às vezes, só reforça o quanto as faixas se parecem entre si e pecam pela falta de originalidade.
Dá próxima eu peço meu ingresso de volta!
Beat Souls consegue prender o jogador, mas por pouco tempo. Seu estilo colorido e dinâmico casa muito bem com as músicas originais de cada oponente, mas ele fatalmente fica cansativo depois de um tempo. Se trouxesse uma variedade maior de canções e personagens, com certeza daria um grande show. Por enquanto, ainda é uma apresentação de garagem divertida, mas que não te segura até o fim.
Prós
- Visuais coloridos e chamativos;
- Grande seleção de músicas;
- Controles simples e intuitivos.
Contras
- Comando de troca de cor não responde muito bem;
- Algumas canções são muito parecidas;
- Poucos modos de jogo;
- Algumas vezes a tela fica muito cheia de cores e confusa.
Beat Souls — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia cedida pela Eastasiasoft