Análise: Please, Touch The Artwork (Multi) é uma experiência tátil breve e agradável

Explore quebra-cabeças de arte abstrata em três diferentes minigames.

em 03/02/2022

Uma regra comum de galerias de arte é “não toque em nada”. Please, Touch The Artwork nos convida a fazer justamente o contrário na forma de puzzles interativos. Produzido por um único desenvolvedor, o jogo usa como inspiração trabalhos de arte abstrata de Piet Mondrian, Kazimir Malevich e Wassily Kandinsky para criar uma experiência interativa breve e envolvente, por mais que às vezes um pouco frustrante.

Explorando o mundo surreal da arte abstrata

Please, Touch The Artwork conta com três galerias que apresentam minigames diferentes que, em sua essência, se resumem a executar passos na ordem correta. Em “O Estilo”, o objetivo é reproduzir pinturas abstratas baseadas nos trabalhos geométricos de Mondrian. Para isso, é necessário tocar a tela para criar linhas e pintar espaços. Novos elementos são incluídos no decorrer dos puzzles, como cores adicionais, traços mais complexos e regras diferentes.


Já em “Boogie & Woogie”, precisamos reunir dois blocos que se encontram em diferentes locais de uma cidade com ruas intrincadas. Ao tocar em um quadrado, ele se move automaticamente em linha reta até encontrar um obstáculo ou o objetivo. Espaços diversos afetam o movimento do bloco: marcadores coloridos direcionam o personagem para outras ruas; já os pretos funcionam como túneis. A dificuldade, então, é visualizar os caminhos corretos, levando em conta os obstáculos.

Por fim, a galeria “New York” apresenta labirintos inspirados na grande metrópole de mesmo nome. Para avançar, é necessário coletar blocos pretos espalhados pelo estágio. Este é o mais simples dos três minigames e o único desafio está nos mapas, que ficam cada vez mais complexos. Como podemos desfazer movimentos, basta prestar um pouco de atenção para avançar.



Tom suave pontuado por frustração

O visual minimalista e focado em cores primárias, em conjunto com música jazz suave, tornam envolvente a experiência de Please, Touch The Artwork. O foco aqui é interagir com a arte, afinal as mecânicas são bem simples e táteis, e o resultado final é razoável. No fim, fiquei completamente envolvido nas três horas que gastei para ver todo o conteúdo do jogo.


Dos minigames, o meu favorito foi “O Estilo”, justamente por ser o mais complexo. Os estágios iniciais são banais, mas logo as várias nuances me forçaram a pensar com cuidado em como resolver cada quebra-cabeça. Já os outros dois são tão simples e baseados em experimentação que rapidamente perdem a graça. Mesmo assim, todos eles cativam com seu visual surreal e minimalista.

Uma aura relaxante e descompromissada é uma constante no jogo, porém também há frustração. Os últimos puzzles de “O Estilo” enfurecem com padrões extremamente complexos e problemas de design, como linhas pretas em fundo preto. Já a parte final de “New York” irrita com linhas invisíveis que exigem tentativa e erro para serem superadas. O título até conta com um sistema de dicas em alguns trechos, mas a mudança abrupta de tom atrapalha a ambientação suave.



É divertido tocar a arte

Please, Touch the Artwork é como visitar uma galeria de arte interativa. Os três minigames são simples, porém cativam com seus elementos audiovisuais charmosos. Os puzzles, em especial os presentes em “O Estilo”, ganham camadas de complexidade aos poucos, o que os torna bem interessantes. O porém está em alguns quebra-cabeças complicados demais a ponto de serem frustrantes, indo de encontro à filosofia relaxante da proposta. No fim, o jogo oferece uma experiência única e breve, mesmo que não muito memorável.

Prós

  • Puzzles simples e envolventes;
  • Atmosfera suave e com visual impactante.

Contras

  • Presença de muitas situações banais e de tentativa e erro;
  • Os estágios finais são desnecessariamente complicados demais.
Please, Touch the Artwork — PC/iOS/Android — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida por Thomas Waterzooi

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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