Além de jogos inéditos, sejam eles de novas franquias ou continuações de séries já conhecidas, o mercado dos games também conta com muitos relançamentos. Dentre as várias formas de produção, os nomes remake, remaster ou reboot são os mais conhecidos. Será que algum deles é melhor do que os outros? Quais são as características principais de cada um deles?
Vamos discutir sobre tudo sobre isso em uma matéria de duas partes, começando por algumas definições gerais e exemplos concretos. Depois, iremos analisar alguns dos melhores e piores relançamentos da indústria, de modo a podermos entender melhor cada uma das opções e suas possibilidades. Prepare-se para uma verdadeira viagem no mundo dos games, pois a matéria irá abordar títulos de várias gerações, franquias e consoles diferentes.
Antes de qualquer coisa, algumas definições
Na primeira parte da matéria vamos conferir algumas definições e conceitos gerais. Afinal, é importante frisar que existe alguma confusão entre os jogadores sobre quais as diferenças entre as três opções. Seja pela similaridade das palavras ou por terem origem estrangeira, elas acabam muitas vezes sendo tratadas de maneira equivocada. Na realidade, até mesmo empresas e sites utilizam os termos como sinônimos ou de forma errônea.Ratchet & Clank (PS4) não é bem o que muitos acreditam que ele seja |
Remake: “recriar”
Vamos começar com o termo mais popular nos últimos tempos: remake. Ele significa “refazer”, ou seja, recriar algo que já existe a partir do zero. No mercado dos games, ele envolve reconstruir um título, normalmente antigo, utilizando uma produção de ponta e, eventualmente, adicionar elementos e mecânicas modernas para o pacote.Um remake proporciona liberdade para a produtora relançar um jogo, visto que ele pode tanto ser bastante semelhante ao original, quanto alterar vários pontos na sua proposta. Claro que a mudança não pode ser absoluta, pois senão o título pode cair na categoria de reboot (mais sobre ela em seguida). A questão geralmente envolve bom senso em manter o que é apreciado e melhorar o que ficou devendo, sem alterar a ideia básica do game.
Remakes são boas oportunidades de modernizar jogos antigos bons |
Representando o outro lado da balança, temos Final Fantasy VII Remake (PS4). Enquanto o original, ainda que com várias novidades para a época, era um RPG clássico, a versão de 2020 é focada na ação com combates intensos. Ou seja, bem diferente do que foi apresentado em 1997, pois agora temos um jogo dinâmico que exige habilidade e precisão nos movimentos, indo além da estratégia e do planejamento tradicionais por turnos.
Remaster: “regravar”
Passando para o próximo termo, temos o chamado remaster, ou remasterização. O termo original vem da área de produção acústica e significa, de forma simplificada, obter uma nova cópia (master) de um conteúdo já produzido, uma “regravação”. Neste processo, o material original recebe um tratamento para ser melhorado ao ser copiado, de forma que ele possa se tornar o “novo original”.Logo, voltando para o mundo dos games, remasters são novas versões de um título já existente, mas sem necessariamente alterar o original. Ou seja, ele tem apenas pequenas modificações na estrutura do jogo em si, em sua grande maioria relacionadas a elementos como aumento de resolução, melhorias na jogabilidade, texturas e qualidade de áudio, e integração de DLCs.
Quando a produção já é muito boa, uma remasterização pode ser suficiente |
Dentre os vários exemplos de títulos mais recentes com remasterizações, podemos citar The Last of Us: Remastered (PS4) e Halo: The Master Chief Collection (PC/XBO). O primeiro recebeu melhorias pontuais na produção graças à proximidade do lançamento no PS3; já o segundo exigiu mais trabalho, pois ele reúne games de três gerações diferentes do Xbox. Apesar das melhorias, ambos são versões construídas diretamente sobre as originais, sendo, portanto, remasters.
Alguns remasters trazem mudanças, mas sempre de forma bem modesta |
Reboot: “reinício”
Finalmente, chegamos ao último termo: reboot. Neste caso, temos um conceito um pouco mais complexo: de certa forma, podemos dizer que é uma espécie de remake mais completo, sem precisar se prender necessariamente a ideias ou mecânicas dos títulos originais. A tradução mais literal seria “reinício”, o que remete a um novo começo para a produção em questão e não somente a recriação de um título.Um reboot pode ditar um rumo inédito para franquias tradicionais |
Por isso Ratchet & Clank (PS4), de 2016, apesar de reconhecido como remake do original de 2002, é um reboot: ele manteve as raízes de ação e plataforma, assim como os personagens principais, mas teve mudanças significativas na narrativa e jogabilidade. Já Tomb Raider (Multi), de 2013, manteve poucas das premissas básicas, com várias alterações profundas na fórmula vista até então.
Por vezes, "rebootar" uma série é essencial para torná-la relevante novamente |
Uma escolha difícil?
Em teoria, as definições dessas palavras e as ideias que elas representam são relativamente claras. Na prática, alguns games são lançados ou anunciados sem deixarem claras quais são as suas propostas. Mais do que uma questão semântica, chamar um remaster de um remake pode ser enganoso aos jogadores mais desavisados ou que não conheçam a obra original. Ainda pior: a escolha por fazer um remake, remaster ou reboot pode comprometer ou favorecer um futuro lançamento.Afinal, a nostalgia pode prejudicar julgamentos iniciais de um anúncio, uma abordagem errada pode levar um lançamento ao fracasso, enquanto uma correta ao sucesso. Deixemos essa discussão para a segunda parte do texto, pois o tema é vasto, polêmico e depende bastante do gosto pessoal para cada game e das opções disponíveis para seu relançamento. Há, inclusive, uma quarta opção para relançar um jogo mais antigo: ports.
Original do inglês, esse termo é usado na área de informática quando um software é transferido de uma máquina para outra. A ideia no mundo dos games é a mesma, pois um título “portado” é adaptado diretamente do console original para outro, com mudanças bem pontuais (ou mesmo nenhuma). Eles eventualmente podem ser confundidos com remasters, embora aqui não exista grande foco em melhorias.
Alguns clássicos dispensam a necessidade de mudanças ou atualizações |
Felizmente, basta uma pesquisa mais atenta a sites especializados para descobrir a ideia por trás do retorno daquele título e avaliar se aquele relançamento vale a pena ou se é melhor ficar com o original. Logo, dadas essas considerações iniciais, finalmente chegamos ao cerne deste texto: qual das propostas é a melhor para trazer um jogo novamente ao mercado? A discussão começará na segunda parte da matéria, então até lá e até breve!
E você, leitor? Gostou da primeira parte da matéria? Faltou algum exemplo durante essas definições iniciais? Ou elas deveriam ser diferentes? Deixe a sua opinião.
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut