Análise: Battlefield 2042 (Multi) é um game de tiro grandioso e por vezes divertido, mas que ainda precisa melhorar

As qualidades do game por pouco não são comprometidas por diversos problemas técnicos e partidas com vários momentos chatos.

em 05/12/2021

Com uma mescla de inovação e tradição, como adiantamos na prévia do game, Battlefield 2042 tinha tudo para ser um lançamento incrível. Infelizmente, na prática o FPS ficou devendo em vários pontos, o que acabou reduzindo o impacto das suas boas qualidades. Vamos entender o porquê disso? Vista seu capacete e não se esqueça dos equipamentos, pois a análise vai começar.

Promessas parcialmente atendidas

Já faz três anos desde o último game da série, Battlefield V (Multi). Logo, era de se esperar que o novo título teria uma expectativa alta e seria bastante aguardado por fãs de jogos de tiro. A espera finalmente terminou em 19 de novembro, quando Battlefield 2042 foi revelado ao mundo dos games. Boa parte do conteúdo já havia sido divulgada e explicada pela produtora EA, incluindo novidades como os Especialistas e os modos Hazard Zone e Portal (que veremos logo mais).
Bem-vindo ao mundo de 2042!
A questão era como o game iria rodar, incluindo as duas gerações de consoles e o PC, além de elementos como jogabilidade e mecânicas de jogo. Entre erros e acertos, temos um FPS interessante e com várias boas ideias, mas que sofre com alguns problemas chatos. Entre as mudanças, uma das mais destacadas foi a ausência de uma campanha formal.
 
A justificativa era dar mais foco aos modos multijogador e trazer uma experiência ainda melhor em cada um deles. No final, os diversos pontos negativos do título, sobretudo em termos práticos, não sustentaram essa justificativa. A premissa de ser ambientado em 2042 em meio a guerras num mundo devastado poderia ter gerado vários enredos legais e dar ainda mais destaque aos Especialistas, que formam o sistema de classes do game.
As batalhas podem ser bem intensas
A promessa de entender o contexto pelas partidas multijogador ficou no papel, pois com a exceção de alguns textos e pequenos áudios e vídeos, pouco se aprende sobre o mundo do jogo. Mais do que crítica, vejo isso como uma oportunidade mal aproveitada. Por outro lado, Battlefield 2042 faz ótimo uso da ambientação levemente futurista por meio de seus visuais. Mapas, veículos e personagens são muitos bonitos e detalhados, o que é de praxe para a franquia.
Previsão de temporais e furacões esparsos
A ênfase aqui é a grandiosidade, que é especialmente beneficiada pelo poder da nova geração de consoles. Graças a ele, os cenários podem ser enormes e belos sem comprometer em nada o desempenho. O sistema de clima dinâmico, com furacões e tempestades em meio às partidas, é impressionante. A única ressalva são algumas animações irregulares, sobretudo quando o personagem é derrotado.

Ficou faltando aprimoramento

Como citado antes, infelizmente o foco no multijogador não garantiu uma experiência plena. Ela ainda é em boa parte divertida e com qualidade, mas peca em pontos complicados. Primeiro, vamos às partes positivas: o jogo é agradável, no geral, e cadenciado, sem movimentos exagerados e com foco em atirar bem. Em outras palavras, não espere sair correndo e atacando todo mundo com facilidade.
São várias opções de veículos para explorar os grandes mapas
Essa abordagem pode parecer meio tediosa, mas combina bem com a proposta de Battlefield em oferecer partidas com mapas grandes e muitos jogadores. Outra qualidade são os veículos, que incluem tanques, helicópteros e aviões, todos prontos para dar ainda mais ação a cada disputa. A disponibilidade deles é bem razoável, dando chances a todo mundo de utilizá-los, mas sem superlotar os mapas.
Atenção constante aos snipers espalhados pelos cenários
Agora, passemos aos problemas. Os grandes cenários podem ser definidos como vários ambientes interligados, sendo que cada um deles poderia ser um pequeno mapa por si só. A questão é que para se deslocar entre eles, temos muitas áreas descobertas que, além de tediosas, são perfeitas para ataques a distância.
 
Portanto, o deslocamento até a ação por vezes é lento e pode até resultar em uma morte inútil. Aliás, o sistema de respawn de Battlefield 2042 é irregular, colocando o jogador em meio a inimigos e aliados sem muita lógica. É até possível escolher o ponto de retorno, mas a opção aleatória pode ser frustrante. Finalmente, temos o sistema de matchmaking, que consegue ser ainda mais randômico.
Muito já foi arrumado (como essa queda esquisita), mas ainda há muito o que fazer
Frequentemente fui colocado em salas com poucos jogadores e/ou minutos sobrando, ou em partidas contra jogadores muito mais experientes. Outro ponto fraco são as informações que o game oferece, com menus nada intuitivos, ausência de scoreboard (!) e uma HUD poluída e mal organizada. É possível se divertir mesmo assim, mas por vezes de forma limitada.

Guerra total

Esses pontos negativos ganham mais força por Battlefield 2042 ter foco em partidas grandes e complexas. O game tem como principais modos de jogo: All-Out Warfare, que contém os clássicos Conquista e Ruptura; Hazard Zone, o “battle royale” do título; e Portal, uma espécie de “túnel do tempo” da série.
O grande número de jogadores reduz a estratégia, mas aumenta a adrenalina
Conquista coloca dois times para capturar e proteger áreas do mapa, o que gera recursos extras de acordo com o progresso de cada um. Ruptura, por sua vez, divide a ação em um time de ataque e outro de defesa, com os objetivos de capturar ou proteger seus territórios. Essas partidas evidenciam os retornos aleatórios, os deslocamentos demorados (e perigosos) e a inexplicável falta de um replay após a morte.
Digo isso porque não saber como fui derrotado é algo fora dos padrões de FPS (negativamente). O saldo das partidas é levemente positivo, sobretudo quando o nível geral da sala é adequado e ninguém apela excessivamente para snipers e veículos. Passando para Hazard Zone, temos nele um battle royale diferente, em que a ideia não é ser o último a sobreviver, mas sim coletar e recuperar drives de dados.
 
Cada membro do time deve usar um Especialista diferente, como Maria Falck e seus recursos médicos, e Emma Rosier e sua roupa planadora. O enorme mapa, além de outros jogadores, é povoado por recursos valiosos e bots que farão de tudo para atrapalhar a partida. É possível extrair relativamente cedo do cenário com os dados, mas as maiores recompensas vêm para quem for mais ativo e tentar ir até o final.
Customize o seu Especialista favorito
As moedas coletadas pelo desempenho podem ser usadas em partidas subsequentes para obter vantagens iniciais, como armas customizadas e veículos por demanda. Com tantas novidades interessantes, eu tinha uma grande expectativa por Hazard Zone, mas, da mesma forma que Battlefield 2042 como um todo, acabei um pouco decepcionado.
 
A presença de jogadores reais, bots, fatores climáticos e aqueles problemas já listados podem levar a batalhas exageradamente caóticas e até certo ponto injustas, sobretudo caso um dos lados tenha muitos recursos. Além disso, a utilização das moedas em partidas futuras pode levar a alguns desequilíbrios para os menos afortunados. Acredito que com algumas mudanças e balanceamento, este battle royale poderá se tornar uma ótima opção no seu mercado concorrido.

Futuro e passado juntos

Finalmente chegamos ao modo Portal, o melhor que o game tem a oferecer em minha opinião (e de boa parte da comunidade também). Nele, 2042 se encontra com Battlefield 1942, Battlefield Bad Company 2 e Battlefield 3, com cada um deles contribuindo com armas, classes, mapas, entre outros elementos. Todo esse conteúdo é utilizado de forma customizável e até mesmo intercalada.
Com uma biblioteca considerável de conteúdo, Portal é a pérola de 2042
A palavra-chave é liberdade, pois além das experiências oficiais disponíveis, jogadores podem construir seus próprios desafios e compartilhar com a comunidade. Utilizando todo o poderio dos jogos modernos, o retorno desses clássicos realmente oferece partidas únicas. Já se perguntou qual seria o resultado de um mata-mata em equipe entre Bad Company 2 e Battlefield 3? Agora você pode saber na prática.
 
Vários dos problemas citados anteriormente ainda estão presentes aqui, mas a estrutura já aprimorada dos elementos dos três Battlefields antigos torna tudo mais coeso. Talvez seja esse o maior problema do game: tentar apresentar muitos mapas, grandes cenários, diversos modos de jogo, várias armas, especialistas e customizações, mas sem aperfeiçoar cada um deles adequadamente.
Vivencie o passado glamouroso dos principais títulos da série (na imagem, 1942)
Felizmente, a estrutura voltada a constantes atualizações, um fator comum em jogos com foco online, deverá minimizar boa parte dos pontos negativos no longo prazo. As mudanças mais urgentes são: adicionar um sistema de comunicação próprio do game; balancear armas, que em geral têm recuo e mira ruins; e adicionar coisas básicas em FPS como scoreboards e replays pós-morte.

Bom (e quiçá ainda melhor um dia)

Concluindo, posso afirmar que Battlefield 2042 é um caso típico do todo ser maior que a soma das partes. Ou seja, apesar de ter vários elementos sem brilho, o pacote geral é bom e merece atenção dos fãs. Como destaques positivos, temos visuais bonitos e grandiosos, assim como a variedade de modos de jogo, em particular o interessantíssimo Portal. Do lado negativo, temos bugs em animações, matchmaking ruim e ausência de elementos básicos em um jogo de tiro.
Só o futuro dirá onde o game poderá chegar
Ficou um gosto que ele poderia (e deveria) ter sido bem melhor. Alguns ajustes e mais polimentos em certos pontos teriam tornado o game praticamente obrigatório. No momento, recomendo-o somente para quem curte FPS e esteja disposto a suportar esses defeitos por enquanto. Afinal, o futuro é promissor para 2042 evoluir e, quem sabe, se tornar uma referência positiva no mercado.

Prós

  • Ambientação em um futuro próximo trouxe muita variedade e originalidade ao título;
  • Visuais bonitos, detalhados e, sobretudo, grandiosos;
  • Modo Portal é uma excelente ideia e é o melhor caminho para curtir o game, seja pelas opções numerosas, seja pela robustez das partidas;
  • Jogabilidade geral é boa e mecânicas são variadas, com diversas classes, equipamentos e veículos para escolher como jogar;
  • Modos All-Out Warfare e Hazard Zone podem render partidas emocionantes e únicas;
  • Potencial enorme para se tornar um jogo de tiro muito melhor.

Contras

  • Diversos problemas técnicos que incluem animações erráticas e falta de um sistema de comunicação;
  • Partidas podem ser frustrantes devido a fatores como matchmaking ruim, mapas mal pensados e demora em voltar ao combate;
  • Menus e HUD são ruins e não trazem informações de forma clara;
  • Embora não seja crítica, uma campanha teria sido útil para explorar o universo de 2042.
Battlefield 2042 – PS4/XBO/PC/PS5/XSX – Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Análise produzida com chave cedida pela EA

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.