Galaga (Arcade) 40 anos: a história de um shmup com tiros, sequestro e resgate

Duas são melhores que uma!

em 26/11/2021

Os jogos de navinha da década de 80 eram todos parecidos entre si: um canhão ou nave na parte inferior da tela, que só podia se deslocar para a direita ou para a esquerda, com a missão de destruir hordas de inimigos na parte superior. Em 1981 porém, a Namco surpreendeu o mercado com o inovador Galaga (Arcade), um shmup diferente, com avanços nos gráficos, sons e jogabilidade, que trouxe ideias realmente novas ao gênero.

Sequestro e resgate

Neste jogo controlamos uma nave chamada Fighter, que deve proteger a humanidade de uma raça de insetos alienígenas conhecida como Galagans. As hordas inimigas são formadas por enxames que entram voando e se fixam no topo da tela, formando linhas. Quando todas as linhas são posicionadas, o ataque inimigo começa. Na linha mais alta encontramos o Boss Galaga, um inimigo mais resistente que requer dois tiros para ser abatido.


O Boss Galaga tem a habilidade especial de usar um raio trator para sequestrar a nave Fighter. Quando isso acontece, o jogador perde uma vida e a nave sequestrada muda para a cor vermelha, comportando-se como se fosse um inimigo. Se o jogador for habilidoso, pode recuperar a nave sequestrada, abatendo o Boss. Nesse caso, a Fighter sequestrada volta para o controle do jogador, que passa a utilizar um par de naves, que dispararam tiros gêmeos com o dobro do hitbox do ataque original.

Galaga é uma sequência de Galaxian, outro sucesso da Namco, um dos primeiros jogos a trazer um estágio de bônus, característica que foi mantida no sucessor. O estágio bônus de Galaga consiste em quarenta inimigos que não atacam o jogador, que pode aproveitar a oportunidade para aumentar em muito a sua pontuação: se todos os quarenta inimigos forem abatidos, 10.000 pontos de bonificação são acrescentados ao seu placar.

O engenheiro que apostou no sete

A empresa encarregou ao engenheiro Shigeru Yokoyama a tarefa de desenvolver um novo jogo de tiro, que tivesse ideias inovadoras e jogabilidade diferenciada. Com acesso à placa de arcade mais poderosa da Namco até então, que possibilitava uma transição mais suave de pixels e novos efeitos de som, o engenheiro conseguiu criar um arcade irresistível, muito mais bonito, polido e agradável do que qualquer shmup já existente e uma grande evolução em relação a seu antecessor.

Mas a grande sacada, que fez de Galaga um jogo especial e lembrado até hoje, é o sistema de sequestro e resgate da nave do jogador. Yokoyama percebeu que a placa nova conseguia processar uma maior quantidade de sprites e processar a colisão de dois tiros simultaneamente. Empolgado com essa ideia, começou a pensar em possibilidades que se aproveitassem dessa mecânica e criou o sistema dual-fighter, a marca registrada de Galaga.


Durante os testes com o público, a Namco percebeu que um jogador médio conseguia um gameplay de aproximadamente sete minutos com um crédito nas máquinas, enquanto a média dos arcades da época era de quatro minutos de jogatina por crédito. A diretoria da Namco não gostou nada disso, e ordenou a Yokoyama que aumentasse o desafio do jogo, pois o “tempo excessivo” dos jogadores nas máquinas supostamente faria com que sua lucratividade fosse menor, pois elas ficariam ocupadas por mais tempo.

Ele tá jogando Galaga!

Yokoyama negou-se a fazer a alteração, afirmando “é exatamente por oferecer mais tempo de jogo que os jogadores amarão Galaga”. O resultado nos arcades foi exatamente o que o engenheiro previu: os jogadores davam preferência a essa máquina pois era a que oferecia mais tempo de diversão pela mesma quantidade de dinheiro. O sucesso foi estrondoso, e ela permaneceu nas listas de arcades mais populares dos EUA e Japão por sete anos. Galaga tornou-se um ícone da cultura pop, sendo referenciada em filmes, até mesmo no recente Vingadores da Marvel.


Obviamente o sucesso do jogo não estava somente em seu tempo médio de gameplay. Os gráficos com mudanças de cores, os movimentos suaves em padrões sofisticados dos inimigos, os efeitos sonoros incríveis e, principalmente, a dificuldade perfeitamente balanceada e a exclusiva mecânica dual-fighter eram absolutamente viciantes. Galaga é considerado um dos melhores jogos de todos os tempos pela mídia especializada.

Seguindo a família de jogos iniciada por Galaxian, Galaga foi sucedido nos arcades por Gaplus, Galaga ‘88, Galaxian 3: Project Dragoon, Attack of Zolgear, Galaga Arrangement e Galaxian Fever. Um grande número de ports foi lançado para computadores e consoles a partir da segunda geração, seja individualmente ou em coletâneas.




Se você quiser jogá-lo hoje, nas plataformas atuais, pode encontrá-lo na coletânea Namco Museum Archives Vol. 2, disponível para PS4, XBO, Switch e PC, e também no PS5 e Xbox Series através de retrocompatibilidade. Será que você consegue sobreviver mais de sete minutos com um crédito?

Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut

é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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