Um mistério e muitas lembranças
Sherlock Holmes: Chapter One é uma aventura inédita em que o detetive, em seus primeiros anos na profissão, retorna para Cordona, a ilha onde cresceu, para visitar o túmulo de sua mãe. Acompanhado de seu inseparável amigo Jon, o jovem Sherlock descobre que há muito mais por trás da morte de Violet Holmes do que ele realmente se lembra. O investigador parte em uma incansável busca por toda Cordona atrás de pistas e pessoas que possam ajudar a resolver esse novo mistério.
O objetivo principal da campanha tem um desenvolvimento relativamente curto, porém interessante, e com revelações e reviravoltas impressionantes, tornando as decisões finais muito impactantes. Para prosseguir com a missão principal, devemos desvendar outros cinco grandes mistérios, cujas conclusões nos fornecem novas pistas e lembranças sobre o ocorrido com Violet Holmes.
A campanha principal, com os cinco casos centrais, leva em torno de oito horas para ser concluída, dependendo do tempo levado para encontrar pistas e criar deduções. Porém, a jogatina pode ser estendida para até 25 horas, já que o jogo conta mais 25 casos paralelos com diversos temas, todos muito interessantes e divertidos de se resolver.
O enredo dá um grande foco na infância de Sherlock de forma raramente vista em outras mídias, apresentando acontecimentos que moldaram sua personalidade. Podemos acompanhar lembranças dos seus tempos de criança pelo decorrer da história principal e por casos acionados em certos momentos, além de entender melhor sua relação com Jon. Vários dos personagens centrais são muito bem desenvolvidos e os casos são bastante envolventes, prendendo a atenção de qualquer fã do gênero.
"Você vê, mas não observa"
A jogabilidade é um dos destaques de Chapter One. Sherlock possui diversas técnicas para coletar pistas e informações de testemunhas e transeuntes por Cordona. O detetive pode analisar itens de cenas de crimes e rastros deixados por suspeitos, conferir informações arquivadas em delegacias, editoras e na prefeitura e realizar análise química de substâncias encontradas, entre muitas outras ferramentas para solução de casos.
Sherlock também tem à disposição diversos disfarces que devem ser usados para acessar determinados lugares ou conseguir informações de pessoas nas ruas. Por exemplo, se um marinheiro pode ser uma potencial testemunha e oferecer uma informação crucial do caso, ele irá confiar apenas em outro marinheiro para comentar sobre o assunto. Em certo momento, é preciso se disfarçar como determinada pessoa, como um amante ou figura importante, para enganar um suspeito e fazê-lo falar.
Ao reunir um grande número de informações, Sherlock pode reconstituir a cena do crime e usar seu Palácio Mental para combinar pistas e criar deduções que nos levam a conclusões de quem é o assassino e o motivo do crime. O jogo fornece uma boa dificuldade na resolução de crimes ao apontar apenas o local inicial onde devemos começar a investigação e como usar certa informação coletada com base em ícones. Se em certos momentos você ficar sem rumo ou não saber como prosseguir, pode ter certeza de que deixou alguma pista passar em um cenário ou faltou falar com determinada pessoa.
Porém, não apenas de técnicas de investigação se faz um Sherlock. Em alguns momentos, o detetive terá que enfrentar grupos de inimigos e podemos realizar prisões ou matar os capangas. Durante os confrontos, com a ajuda de uma habilidade de câmera lenta, podemos atirar em acessórios que os adversários utilizam ou elementos do cenário para desestabilizá-los e realizar a prisão com um QTE.
Matar um inimigo não gera qualquer punição para a história ou a reputação de Sherlock, apenas diminui a recompensa ao final da horda. Apesar da pouca variação de inimigos e das poucas vezes em que acontecem, os momentos de combate são divertidos e sua jogabilidade funciona inesperadamente muito bem.
O jogo se passa em uma ilha na qual podemos percorrer livremente para realizar nossas investigações. Apesar de ser mundo aberto, Cordona não poderia estar mais "morta", cheia de NPCs limitados a pouquíssimas frases repetitivas e sem nada a agregar. As interações que acontecem nesta grande ilha são apenas para dar início a missões e coletar determinadas informações para prosseguir em algum caso, tornando o local pouco atraente à exploração.
Graficamente, Chapter One é um belo jogo com cenários e ambientação ricos em detalhes. Desenvolvido no motor Unreal, o título entrega um ótimo resultado, mas nada que se espera para a atual geração. Os personagens principais de cada caso contam com ótimas dublagens, mas que são prejudicadas pela estranha movimentação e bocas que quase não se mexem. Para sorte dos fãs brasileiros, o jogo está com textos em português, porém com diversos erros de tradução e palavras cortadas.
"Elementar, meu caro Watson."
Sherlock Holmes Chapter One entrega uma digna experiência para qualquer fã do detetive ou de jogos de investigação. Os 30 casos disponíveis trazem temáticas interessantes e, no geral, são bem divertidos de solucionar. A jogabilidade possui diversos recursos para a solução dos crimes e não deixa o jogo monótono ou repetitivo na maior parte do tempo. Apesar de o objetivo principal do enredo não ser amplamente trabalhado, garante uma história com momentos inesperados e surpreendentes reviravoltas.
Prós
- Apesar de curto, o objetivo principal do enredo é envolvente e garante momentos marcantes;
- 30 casos interessantes e divertidos de solucionar;
- Jogabilidade ideal para um jogo de investigação;
- Ótima dublagem;
- Textos em português.
Contras
- Ótimos gráficos, mas nada surpreendente para a nova geração;
- Mundo aberto com interações limitadas ao que diz respeito aos casos e pouco interessante;
- Textos e legendas em português com diversas falhas.
Sherlock Holmes: Chapter One - PS4/PS5/XBO/XBX/PC - Nota: 7.5Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Frogwares