Análise: Gynoug (Multi) é mais um exemplo de títulos que envelheceram muito bem

Encarne o papel do anjo Wor, nesse clássico da Sega, que precisa impedir que uma horda de demônios acabe com a raça humana.

em 18/11/2021
Ratalaika Games está mesmo querendo mexer no coração da galera mais nostálgica. Após trazer de volta Gleylancer (Multi), célebre shooter do Mega Drive, mais um título do console da Sega veio para reviver boas memórias.

Chegou a vez de Gynoug voltar do ostracismo e reclamar seu espaço entre as pérolas dos anos 1990. Nunca ouviu falar? Compreensível, pois na América do Norte ele foi lançado com o nome de Wings of Wor. Independente do nome, este jogo é mais uma flechada direta no peito dos gamers mais saudosistas.

As asas da vingança

Em certo período da história, entre a Idade Média (de 476 a 1453) e a Idade Moderna (de 1453 a 1789), os demônios começaram a ficar mais fortes, usando como alimento a ambição maligna das pessoas. Liderados por um ser das trevas chamado Destruidor (Destroyer), as criaturas acabaram realizando uma destruição em massa de todos os anjos, ou quase todos.

Wor foi o único sobrevivente de um massacre à sua tribo e agora parte para uma região chamada Iccus, onde deverá combater Destruidor e todos seus asseclas grotescos para impedir que ele dizime o restante da população. A narrativa é simples e até bastante batida, mas na época de seu lançamento, em 1991, era um pano de fundo básico para diversos jogos.

Ainda assim, isso ajuda a compreender melhor seu estilo de “shooter sem navinha”. Controlamos o anjo Wor em seis fases, carregadas de monstros, que trazem um desafio um pouco diferente para a época. Os estágios são longos e possuem tanto um chefe intermediário quanto um final. Ao chegarmos ao confronto derradeiro, precisaríamos derrotar alguns deles até enfrentar Destruidor em pessoa (ou demônio, no caso).

Como de costume no gênero, podemos coletar power ups para nos dar alguma vantagem durante o voo. Wor tem seus projéteis básicos, que podem ser fortificados, e magias, contidas em pergaminhos espalhados pelo caminho e que funcionam como uma munição especial, com um quantia limitada de usos.

O controle de Gynoug, apesar de seus 30 anos de idade, é muito preciso, graças a uma emulação bem feita. Entretanto, isso significa que alguns problemas daquela época também foram mantidos, como alguns trechos de slowdown, em que os efeitos sonoros simplesmente somem, mas por sorte esses momentos duram pouquíssimo. Por fim, foi incluso o já esperado recurso de “rewind”, que permite ao jogador voltar alguns minutos no tempo e refazer alguma ação que não teve o resultado esperado de primeira.

Por falar em trilha sonora, esse foi outro aspecto que envelheceu muito bem. Mesmo com a tecnologia daqueles tempos, os temas de cada fase acompanham muito bem cada incursão angelical das quais necessitamos fazer.

Tô de olho nesse padrão aí, hein!

Vamos trazer de volta a seguinte informação: Gynoug foi feito nos mesmos moldes do port de Gleylancer. Ou seja, os mesmos menus, atalhos, filtros de imagem e, infelizmente, falta de conteúdo. O jogo por si só é muito bom e divertido, porém, ainda assim é curto, podendo ser concluído em aproximadamente meia hora. E não há nenhum tipo de modo extra que motive o jogador a revisita-lo após sua conclusão.

Contamos apenas com o jogo em si, as mesmas opções de mudar a disposição da tela e a possibilidade de habilitar trapaças diversas logo de início, como invencibilidade, magia infinita e poder já no máximo - o que é sempre divertido. Outro ponto positivo, que também se mantém como uma constante nesses ports, é como a disposição do ecrã se acomoda muito bem de maneira ampliada, sem ficar distorcido quando esticado à dimensão de 16:9.

A Ratalaika, nesse caso, perde uma oportunidade de ouro ao não engordar esse pacote nostálgico com uma galeria que contenha artes daquela época, rascunhos, versões virtuais do cartucho, embalagem, manuais, jukebox… qualquer coisa! Quem é fã desses jogos antigos, e acreditem, não são poucos, iriam adorar esse tipo de conteúdo. Mas não. 

Outra alternativa, caso haja a intenção de publicar mais alguns títulos com esse mesmo padrão, seria reuní-los em uma espécie de coletânea. Já existem algumas centradas em franquias específicas, como Contra, Castlevania e Darius, e com certeza ter mais uma, focada nesses clássicos mais obscuros do Mega Drive, seria muito atrativo sem sombra de dúvidas.

É bom, mas é pouco

Este retorno de Gynoug é mais uma escolha acertada em valorizar um ótimo título dos tempos dourados dos games. Entretanto, toda a mística que envolve a época da qual ele veio, merece ser mais explorada com o devido carinho que os fãs esperam e merecem. Ainda assim, é sempre bom revisitar uma pérola perdida como essa.

Prós

  • A jogabilidade se mantém afiada para os padrões atuais;
  • Seu estilo visual único para o gênero se mantém muito bom;
  • Emulação fiel ao cartucho original;
  • A disposição da tela em widescreen fica satisfatória;
  • Ter trapaças a disposição é sempre bacana.

Contras

  • Poucas opções de extras;
  • Ausência de uma galeria;
  • A emulação também reproduz os defeitos da época.
Gynoug — PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.