Um tabuleiro de RPG de mesa
O primeiro detalhe que precisa ser esclarecido sobre Voice of Cards é que, ao contrário das impressões iniciais, não se trata de um jogo de cartas. Na realidade, a obra é um RPG tradicional e as cartas são apenas um detalhe estético. A obra busca emular uma experiência de RPGs de tabuleiro utilizando aspectos materiais como cartas e dados para reforçar essa identidade.
A proposta se assemelha, por exemplo, à de Crimson Shroud (3DS), que, em vez da estética de cartas, utiliza miniaturas para os personagens. Como fã de jogos de cartas, confesso que fiquei um pouco decepcionado logo ao começar a demo e descobrir que a proposta não se alinhava à minha expectativa. Ao optar por um estilo mais tradicional de RPG, a experiência que a demo revela implica em um jogo que não possui as sinergias e as mecânicas peculiares de jogos de cartas.
Após entender o que realmente seria o jogo, considero que a proposta possui alguns elementos interessantes, apesar de ser mais modesta do que eu esperava. Basicamente tudo do jogo é apresentado na forma de cartas. Isso inclui não apenas os personagens, mas também os cenários (que são tabuleiros de cartas justapostas), os ataques e menus.
No mapa, o jogador controla uma peça de tabuleiro como um peão. É possível se movimentar com um passo de cada vez ou clicar diretamente em uma carta de destino. Áreas ainda desconhecidas aparecem como cartas viradas para baixo, que são reveladas ao se aproximar. Na cidade, é possível encontrar NPCs e estabelecimentos prioritariamente comerciais.
Já no mapa-múndi e nas dungeons, há diferentes tipos de terreno e alguns baús. Andando por essas áreas, o jogador corre o risco de encontros aleatórios com inimigos. Há também eventos que podem variar de acordo com a rolagem de dados. Na demo é possível ver, por exemplo, uma pedra que pode virar um tesouro ou um inimigo escondido.
Utilizando cartas e dados
Nas batalhas, o jogador controla uma equipe de personagens que são vistos como cartas em uma mesa. Do lado oposto estão os inimigos com a mesma estética. Cada personagem possui golpes variados que podem ser aprendidos conforme seu nível aumenta.
Durante o combate, o turno de cada um varia de acordo com a agilidade dos personagens e o jogador recebe uma mão de cartas. Essas cartas são as habilidades já aprendidas pelo dono do turno, sendo na prática apenas uma visualização diferente para uma batalha de RPG de turno tradicional.
Explorando o conceito de RPG de mesa, o jogo utiliza dados e contadores para os golpes. Sem MP, SP ou qualquer outro tipo de pontuação individual para magias e habilidades, golpes especializados dependem do consumo de uma quantidade especificada de contadores. Além disso, a demo inclui tanto ataques que são baseados apenas nos atributos dos personagens e outros que dependem da rolagem de dados para definir quanto dano será causado no oponente.
Uma proposta modesta
Aparentemente, pelo que é possível perceber pela demo, Voice of Cards foca apenas no uso estético das cartas e sua proposta é uma reprodução do funcionamento de RPGs de tabuleiro. Obviamente, é possível que o jogo final não seja tão simples assim, mas essa é a expectativa que fica com a demonstração oferecida.
Porém, vale destacar que o aspecto história já dá indícios do estilo de Yoko Taro. Por um lado, a história principal possui algumas nuances curiosas para uma história de fantasia tradicional. Por outro, chamam bastante a atenção as cartas de personagens acessíveis no menu do jogo, que contam alguns detalhes curiosos sobre a vida daquelas pessoas. Confesso que esse aspecto foi o que mais me deixou com vontade de jogar o título completo.
Revisão: Thais Santos