Impressões: Blast Brigade (PC) é uma agradável e bem-humorada aventura de plataforma

Este título indie se destaca ao explorar conceitos consagrados de maneira competente sem inventar coisas mirabolantes.

em 28/10/2021

Em Blast Brigade vs. the Evil Legion of Dr. Cread, um grupo de agentes desbrava uma ilha repleta de perigos para impedir os planos de um gênio do mal. O jogo é uma aventura de ação e plataforma com aspectos de metroidvania que se foca em executar bem conceitos básicos, resultando em uma experiência agradável, mesmo não sendo muito ousada. Lançado em Acesso Antecipado, o título já apresenta quantidade considerável de conteúdo e bom grau de polimento.

Tentando impedir um gênio do mal

O maligno Dr. Cread está planejando algo nefasto em uma ilha remota. Para resolver a situação, foi enviado para lá o B.L.A.S.T., um grupo de agentes altamente capacitados. Infelizmente, a nave da equipe foi abatida quando se aproximava da praia e os seus membros foram separados no impacto. Sozinho e desorientado, o agente Jeff Jefferson decide desbravar a região em busca de seus aliados para conseguir completar a missão.

O jogo usa como inspiração filmes de aventura e espionagem dos anos 1980 para montar a sua ambientação. O texto e as situações são leves e repletos de humor, sempre se apoiando nos estereótipos: Jeff é o típico norte-americano nacionalista tapado, a soviética Shura intimida com seus maneirismos duros e poucas palavras, já Dr. Cread é mais um daqueles vilões atrapalhados. As cenas são divertidas, mas achei que, às vezes, elas são bobas até demais. O texto está em português e a localização está ótima, até mesmo piadas foram adaptadas.



Controlando um grupo de agentes com aptidões distintas

Em sua essência, Blast Brigade é um tradicional título de plataforma e tiro 2D com aspectos de metroidvania. Pela aventura, os heróis exploram um extenso mapa com salas interconectadas e, como é de praxe, muitos trechos só podem ser acessados após adquirir certos equipamentos. A progressão é linear, com direito a indicação clara no mapa do próximo objetivo, mas raramente o caminho é trivial — conseguir chegar nos pontos importantes pode ser um grande desafio.


Os heróis utilizam armas de fogo para acabar com os inimigos e obstáculos que aparecem pelo caminho. Há dois tipos de armamentos: as principais contam com munição infinita; já as secundárias são mais poderosas e com projéteis diferentes, porém a quantidade de tiros é limitada. Fora isso, podemos utilizar emblemas para customizar levemente algumas características dos personagens, como aumentar a taxa de tiros ou atrair automaticamente os itens deixados pelos inimigos.

No decorrer da missão, novos personagens com habilidades distintas se juntam ao grupo, o que expande as possibilidades de exploração. Jeff é capaz de explodir barricadas com seu lançador de granadas, Shura atira um arpéu para alcançar locais distantes, já Galahad usa seu braço mecânico para quebrar partes do cenário ou se agarrar a tiras magnéticas. Podemos alternar livremente entre os heróis a qualquer momento e alguns equipamentos são compartilhados por todos.



A aposta certeira em conceitos tradicionais

Blast Brigade se concentra em executar muito bem o básico de títulos run and gun ao mesmo tempo que adiciona aspectos de exploração. O resultado é um jogo tradicional e divertido, mas que não ousa em nenhum momento — não que isso seja ruim, pelo contrário.

Apreciei o ritmo ágil da aventura, que equilibra perfeitamente bem diferentes estilos de situações. Em algumas salas, o objetivo é derrotar ondas de inimigos em combates frenéticos. Há também trechos cujo foco é superar desafios de plataforma, às vezes misturados com oponentes.


Puzzles também estão presentes em diferentes variedades: alguns deles põem à prova o uso das habilidades de locomoção para atravessar áreas complicadas, já outros exigem interpretar dicas de personagens e de objetos nos cenários para resolver os enigmas. Muitas das partes mais interessantes estão presentes em áreas opcionais, o que me incentivou a sair do caminho principal em busca de segredos. Certos itens, inclusive, ainda não têm uso, mas isso está dentro do esperado de um jogo em Acesso Antecipado.

A curva de dificuldade é suave e a complexidade dos desafios aumenta aos poucos, exigindo pulos precisos em conjunto com habilidades (como o gancho de Shura). A penalidade por ser derrotado é pequena, no entanto os pontos de salvamento são bastante distantes entre si. Nas áreas mais avançadas isso se torna cansativo e repetitivo, pois é necessário atravessar novamente grandes trechos complicados ao morrer. Felizmente, a desenvolvedora já está ciente desse problema e promete ajustes no futuro.


Fora isso, Blast Brigade cativa com seu belíssimo visual 2D que lembra um desenho animado. Tudo é muito colorido e elaborado, e cada área consegue transmitir uma atmosfera distinta com sua direção de arte. A dublagem em inglês é apoiada nos estereótipos dos personagens e ajuda a deixá-los mais interessantes, já a música, infelizmente, não é nada memorável.



Uma missão agradável e já bastante completa

Blast Brigade vs. the Evil Legion of Dr. Cread é um ótimo título de ação 2D que prova que nem sempre é necessário inovação para se destacar. A jogabilidade ágil e descomplicada e a boa diversidade de desafios são os pontos notáveis da missão dos agentes da B.L.A.S.T. Além disso, o jogo acerta com sua ambientação colorida e bem-humorada inspirada em longas de ação da década de 1980.

A versão de lançamento no Acesso Antecipado já é bem completa e polida, contando com aproximadamente metade do conteúdo planejado e mecânicas bem executadas. Falta um pouco de balanceamento em alguns cenários e algumas características ainda não foram implementadas, porém esses detalhes devem ser resolvidos no decorrer do desenvolvimento. No mais, Blast Brigade já vale a pena e é recomendado para quem gosta de aventuras de plataforma.

Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela MY.GAMES

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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