Análise: Crysis Remastered Trilogy (Multi) mostra porque essa franquia de FPS clássica merecia uma nova oportunidade nas novas gerações

Separados ou em conjunto, os títulos da trilogia continuam ótimos e estão ainda mais bonitos.

em 27/10/2021

Tal como um bom filme, música ou material de leitura, muitas vezes “vale a pena ver de novo”. Os videogames não ficam de fora dessa máxima; inclusive, remasterizações e remakes são muito comuns na indústria atual, sejam eles voltados para fãs ou públicos mais novos. Crysis Remastered Trilogy é um excelente exemplo dessa situação, trazendo três clássicos do gênero de tiro e aventura em primeira pessoa. Nesta análise vamos conhecer as razões dela ainda ser tão interessante e divertida.

Uma nova (e merecida) oportunidade

Particularmente, eu nunca havia tido a oportunidade de jogar nenhum dos títulos, embora já conhecesse a fama da qualidade da franquia. Logo, ao saber da chegada da trilogia, fiquei entusiasmado com a possibilidade de finalmente experimentá-la. Obviamente, fãs de longa data com certeza ficaram igualmente felizes com a chegada da coletânea.
Uma incrível aventura da sétima geração de consoles
Vale uma rápida lição de história: a franquia começou em Crysis (Multi), de 2007, e se tornou uma verdadeira referência dos gêneros aventura e FPS. O sucesso motivou as sequências Crysis 2 (Multi), em 2011, e Crysis 3 (Multi), em 2013. O primeiro título, inclusive, já recebeu uma remasterização: Crysis Remastered foi lançado para Switch em julho de 2020 e para PS4, Xbox One e PC em setembro de 2020.
 
Finalmente chegamos ao 15 de outubro de 2021, com o lançamento da trilogia completa para os mesmos consoles, além da nova geração via retrocompatibilidade. Aliás, ambos PS5 e XSX se beneficiam de melhorias como aumento nas resoluções e nas taxas de quadros. Os títulos podem ser adquiridos em um pacote completo ou de forma individual.
A trilogia recebe uma nova e brilhante oportunidade
Embora os preços no Brasil variem bastante, incluindo as versões físicas, a tendência é que eles sigam o mercado americano: a trilogia completa custa aproximadamente o mesmo que dois títulos comprados separadamente. Em bom português brasileiro, o famoso “três por dois”. Infelizmente, quem porventura já possua o primeiro título não terá qualquer vantagem nessa situação.

Mais acertos do que erros

Como os três títulos são independentes, mesmo se adquiridos no pacote da trilogia, a análise abordará cada um deles separadamente. Antes disso, entretanto, é preciso considerar algumas características que são comuns a todos os games. As trilhas sonoras são muito boas, mas é o quesito visual que mais salta aos olhos (literalmente) graças as resoluções de até 4K, taxas de quadros de 60fps, opções para HDR, Ray Tracing e atualizações em várias texturas.
A qualidade gráfica é ainda mais relevante em comparações diretas
Infelizmente, existem alguns gargalos no desempenho, sobretudo nas telas de carregamento e nos pontos de checkpoint. Eles não comprometem a experiência geral, mas parecem terem saído do tempo dos jogos carregados diretamente de discos físicos (PS e PS2, estou olhando pra vocês). Em termos de coletânea, faltaram materiais extras, que são limitados somente aos já disponíveis nos games originais.
 
Infelizmente, os modos multijogador que estavam presentes em cada um dos títulos não foram incluídos nas remasterizações. Além disso, Crysis Warhead (PC), uma expansão de 2008, também ficou de fora. Embora o foco principal dos três games sejam as suas respectivas campanhas, é uma pena que essas opções extras tenham ficado de fora. Passemos agora para uma análise individual de cada título da trilogia.

O começo da franquia

As primeiras horas de Crysis deixam claras as razões pelas quais o game alcançou tanto sucesso. A história coloca o jogador como membro de uma força especial com a missão de salvar cientistas sequestrados em uma ilha paradisíaca. As coisas começam a dar errado logo na chegada e o enredo começa a se expandir em meio a questões políticas e depois pela descoberta de alienígenas. Embora um tanto exagerada, essas premissas oferecem desafios e mecânicas únicas.
Um jogo a frente do seu tempo e que se sustenta até hoje
As fases se desenrolam em grandes cenários, que por vezes até parecem de mundo aberto. As localidades são muito bonitas e variadas, com praias, matas fechadas, montanhas e rios. Essa variedade também se reflete nas mecânicas e na jogabilidade, que oferecem um leque de opções para o jogador concluir seus objetivos. Destaque para a Nanosuit, roupa tecnológica superequipada que conta com invisibilidade, escudos, aumento de força, mostrador de perigo, entre outras vantagens.
Prepare-se para missões emocionantes em Crysis
Para usar essas habilidades, é preciso gerenciar a energia da roupa, que se recarrega com o tempo. Além delas, temos uma farta variedade de armas e equipamentos para concluir as missões, seja de forma direta ou discreta. Existem alguns elementos datados, mas a profundidade e qualidade do jogo são incríveis, sobretudo para a época em que foram lançados, e oferecem muita diversão e desafio.

Continuando o sucesso

De maneira geral, acredito que Crysis 2 é a melhor das experiências disponíveis na trilogia. Ele reúne todas as qualidades do primeiro, mas com mecânicas e jogabilidade aprimoradas, resultando em uma aventura divertida e equilibrada. O enredo continua diretamente do anterior: os alienígenas, agora chamados Ceph, lançaram um ataque total à humanidade. Cabe ao protagonista, equipado com uma Nanosuit 2.0, mudar o rumo da guerra em meio a várias reviravoltas.
Ataques sorrateiros estão melhores que nunca em Crysis 2
Os visuais estão mais bonitos e bem acabados, com foco em uma ambientação mais urbana, assim como a jogabilidade, que está muito mais responsiva e moderna. Assim como no primeiro, jogar com furtividade e inteligência é, em geral, a estratégia mais indicada. A questão é que as mecânicas recorrentes estão melhores, como o gerenciamento da energia do traje, o sistema de mira e os ataques corpo-a-corpo.
As melhorias são complementadas por boas novidades, que incluem personalizações da Nanosuit, mapas mais concisos e colecionáveis espalhados pelas fases. Se o primeiro título vale pela sua fantástica inovação e por introduzir o incrível universo da franquia, o segundo evoluiu as boas ideias e mostrou o potencial delas. Caso opte por apenas um dos três games, sugiro ao leitor optar por este título, que justifica com méritos a remasterização da série.

A conclusão da saga

Crysis 3 fecha a trilogia com uma experiência, ainda que inferior à anterior, muito boa e divertida. A história continua a luta contra os Ceph, agora em uma busca pelo líder dos alienígenas. Além disso, temos a ascensão da corporação CELL, introduzida no game anterior e que agora busca utilizar as Nanosuits para seus próprios planos malignos. O enredo é mais carregado, mas felizmente o senso de aventura é o mesmo.
Iluminação e partículas, como os pingos de chuva, estão visualmente incríveis em Crysis 3
Os gráficos estão ainda melhores, embora os avanços sejam bem mais sutis. Quanto ao jogo em si, a maior novidade em termos de jogabilidade é o arco composto. Além de não gastar energia da roupa, ele tem várias customizações e pode ser utilizado em pleno modo invisível. Uma opção muito interessante e com variações legais, mas que acabou, em conjunto com outras escolhas, reduzindo o desafio geral do game.
É um ponto meio relativo, entretanto fica mais claro para quem se aventurou nos jogos anteriores no mesmo nível de dificuldade. Olhando por outro lado, essa mudança tornou possível se aventurar com mais agressividade e menos furtividade, algo mais complicado nos dois títulos anteriores. De qualquer forma, o terceiro game vale muito a pena, não só pela jogatina, mas também pela conclusão da obra, que termina com um final bem satisfatório.

Uma bela e divertida pedida

Trazendo de volta três verdadeiros clássicos, Crysis Remastered Trilogy mostra porque eles foram referências no mercado FPS e merecem mais uma chance na atualidade. A escolha ideal é optar pela saga completa, não somente pelo desconto considerável, mas principalmente pela ótima qualidade de cada um deles. Qualquer que seja sua opção, esses títulos são obrigatórios para qualquer biblioteca, sobretudo para os fãs de um bom (ou bons) jogo(s) de tiro e aventura. Fico na torcida para que a remasterização tenha sucesso e abra as portas para um novo e inédito lançamento da famosa franquia da Crytek.
Uma ótima pedida ontem, hoje e sempre

Prós

  • Trilogia traz clássicos imperdíveis do gênero FPS de aventura com remasterizações competentes e cheias de méritos;
  • Opções de compras individuais ou em pacote;
  • Visuais originais de boa qualidade e com melhorias bastante significativas;
  • Desafios únicos graças, sobretudo, as ótimas mecânicas de jogo;
  • Jogabilidade e trilhas sonoras são divertidas;
  • Experiência completa dos três games oferece uma aventura competente.

Contras

  • Ausência dos modos multijogador e da expansão Warhead;
  • Remasterização poderia ser mais bem otimizada e trazer extras inéditos;
  • Quem já possui o primeiro jogo não tem vantagem em adquirir a trilogia completa.
Crysis Remastered Trilogy — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia cedida pela Crytek

é produtor de conteúdo sobre games desde 2016 e um grande fã da décima arte, embora não tenha muito tempo disponível para ela. Seus games favoritos (que formam uma longa lista) incluem: KH, Borderlands, Guitar Hero, Zelda, Crash, FIFA, CoD, Pokémon, MvC, Yu-Gi-Oh, Resident Evil, Bayonetta, Persona, Burnout e Ratchet & Clank.
Também encontra-se no Twitter @MatheusSO02 e no OpenCritic.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.