The Medium foi lançado exclusivamente para o Xbox Series X e S e PC em janeiro deste ano. Porém, sua chegada ao mais recente console da Sony torna o jogo uma experiência ainda mais imersiva e impressionante com o uso dos recursos do DualSense. Confira como o título foi adaptado para o PS5 e as principais diferenças entre esta e a versão original.
Um suspense entre o real e o espiritual
The Medium apresenta a história de Marianne, uma poderosa médium que se projeta no mundo espiritual, ajudando almas a encontrarem a paz no além. Enquanto prepara o corpo de seu pai adotivo para o velório, a jovem recebe uma estranha ligação de um homem chamado Thomas, que pede para que Marianne vá ao antigo Resort Niwa para ajudá-lo e descobrir toda a verdade sobre seu passado.
Ao longo de suas aproximadas oito horas, número muito bom para o gênero, o enredo mostra um ótimo terror psicológico que, a cada descoberta, nos deixa mais curiosos e envolvidos para entender toda a história por trás do abandonado resort e sua ligação com Marianne. Apesar de, inicialmente, a trama ser apresentada de forma bem confusa, misturando a ordem dos principais acontecimentos do passado, ela consegue prender a atenção a cada novo objeto inspecionado e local visitado. No final, o jogo é bem-sucedido em entregar uma história rica em detalhes e satisfatória, com personagens muito bem desenvolvidos.
Apesar de ter total foco em enredo e tensão durante a jogatina, o título apresenta um baixíssimo nível de dificuldade. Os quebra-cabeças são todos muito simples, deixando o jogo com ainda mais cara de “walking simulator”. Há apenas dois tipos de ameaças que podem provocar a morte da protagonista e que aparecem apenas em momentos específicos do jogo. Então espere por mais aprofundamento de enredo e menos ação, que é quase nula.
Outra experiência graças ao DualSense
Agora podemos ir ao que realmente interessa nesse "port": as mudanças de jogabilidade. Os recursos do DualSense garantem maior imersão nesse mundo dividido, criado para The Medium, mas alguns pontos acabam escorregando. Vamos aos detalhes!
Durante a maior parte do tempo, controlamos Marianne no mundo real, no qual ela pode interagir com objetos e usar seus poderes para ouvir os Ecos: partes de lembranças que ficam presas a itens do mundo real. Uma novidade na questão de interação com certos objetos é a utilização do giroscópio do controle, mas que não foi tão bem implementada devido à alta sensibilidade, que incomoda bastante. Cheguei até mesmo a deixar o controle imóvel para poder investigar os itens com mais facilidade com o analógico.
Já o feedback háptico do controle foi muito bem aproveitado e aumenta a imersão na jogatina. Sabemos o quanto de fôlego a personagem tem quando segura a respiração para se esconder do inimigo de acordo com a frequência das vibrações. Ao utilizar o Escudo Espiritual para proteger Marianne de nuvens de mariposas, sentimos diversas vibrações espalhadas pelo controle conforme os insetos encostam na barreira.
Já os gatilhos adaptáveis criam resistência quando utilizamos o Choque Espiritual, uma descarga de energia para acionarmos geradores e caixas de resistência no mundo espiritual e, consequentemente, no real. Também há resistência ao corrermos com a personagem que, aliás, é bastante lenta. A forma que os gatilhos foram utilizados não fazem tanta diferença na jogatina, mas também não há nenhum problema em estarem lá.
A exploração de cenários é primordial em The Medium, e é o que mais passamos tempo fazendo no jogo. O sistema de dual reality permite que Marianne possa andar e interagir com os mundos real e espiritual simultaneamente. Quando ela "se divide" entre os dois mundos, devemos solucionar quebra-cabeças e interagir com objetivos em um para prosseguir no outro. É possível andar livremente apenas no mundo espiritual, quando Marianne separa sua alma de seu corpo, mas apenas por tempo limitado. Então você deve ser rápido para resolver puzzles e liberar o caminho para novas áreas.
Um ponto negativo muito comentado no lançamento do título no Xbox Series X foi as frequentes quedas de frame. Ao menos no Playstation 5, não presenciei esse problema. Algo que poderia ser bem melhor é o tempo de carregamento, principalmente após alguma morte. Para um console com SSD, esse quesito deveria ser melhor otimizado, já que outros jogos possuem carregamento praticamente instantâneo.
Na data de lançamento, a versão de PS5 não possuía suporte a Ray Tracing, o que foi incluído poucos dias depois. Outro grande destaque é a dublagem (apenas em inglês), cujo elenco entrega uma ótima performance e torna os personagens ainda mais interessantes.
Vale a pena?
The Medium entrega um ótimo terror psicológico, com um enredo envolvente e personagens marcantes. Apesar de alguns escorregões na abordagem do DualSense, no geral a nova versão faz ótimo uso do periférico e cria ainda mais imersão nessa fantástica experiência. Se você procura combates, ação frenética e jump scares, talvez este jogo não seja para você. Mas se gosta de um ótimo enredo e bastante exploração, não pense duas vezes.
Prós
- Enredo envolvente e muito interessante;
- Personagens muito bem-desenvolvidos;
- Ótimo uso do feedback háptico;
- Sem os problemas de queda de frames presentes na versão original;
- Tempo ideal de campanha;
- Ótimo trabalho de dublagem.
Contras
- Giroscópio e gatilhos adaptáveis mal utilizados;
- Tempo de carregamento poderia ser melhor, principalmente após as mortes;
- Movimentação muito lenta da personagem.
The Medium - PS5/XBX/PC - Nota: 8.5Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Matheus Araujo
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bloober Team