Desenvolvido pelo estúdio brasileiro Cafundó Estúdio Criativo, Tetragon chega ao PC (via Steam), PlayStation 4, Switch e Xbox One com uma proposta criativa de resolver quebra-cabeças manipulando o ambiente à sua volta para conduzir o protagonista por portais que o levarão de uma fase a outra. Confira a nossa avaliação de mais um título tupiniquim!
Jornada travada
Em Tetragon, damos vida a Lucios, um lenhador que perde seu filho em uma floresta. Ao começar sua busca pela criança, percebemos que esse desaparecimento esconde muito mais do que se poderia imaginar. Uma entidade misteriosa se oferece para ajudá-lo como guia, mas logo ele descobre que as coisas não são bem como aparentam.
Para concluir sua jornada, Lucios deve atravessar os cenários subindo e descendo de plataformas até chegar a um portal, que o conduzirá à área seguinte. A grande sacada do jogo é que, além de movimentar o personagem, podemos expandir e recolher as plataformas e girar o ambiente em 90º ao acionarmos chaves, simbolizadas por grandes flores de pedra. Assim, mudamos toda a disposição do lugar, criando uma nova perspectiva de como prosseguir.
A ideia em si é genial e muito bem aplicada aos mais de 40 estágios presentes na campanha. Além das colunas normais, existem algumas que pegam fogo, outras com espinhos e algumas outras que se recolhem sozinhas dependendo da direção do cenário. Todos esses elementos exigem bastante perspicácia por parte do jogador e ajudam a quebrar um pouco a repetitividade dos desafios propostos pelos obstáculos.
Entretanto, a movimentação em si é um pouco travada e acontecem algumas falhas que conseguem quebrar a imersão durante a jornada. Não é incomum os comandos não responderem mais em algumas situações após uma queda que faz nosso personagem ressurgir. Então, somos obrigados a reiniciar a fase pelo menu, que também demora para aparecer e às vezes até causa o mau funcionamento do jogo todo, sendo necessário fechá-lo e abri-lo de novo.
Uma situação que ficou particularmente mal-resolvida é a da movimentação das colunas. Enquanto no computador a decisão de qual será movimentada é feita livremente com o mouse, o que possibilita a escolha imediata daquela que você quer expandir, nos consoles essa seleção ficou mais travada.
Como ela é feita através dos botões da parte superior do controle, em algumas situações nas quais é preciso movimentar plataformas distantes em um curto espaço de tempo, os comandos respondem muito mal à urgência requerida. Isso resultou em bugs onde era mexida a plataforma/coluna errada ou a escolhida simplesmente não se mexia e travava no lugar.
Outro problema encontrado foi na movimentação do personagem, esse mais esporádico. O caminhar dele por si só já é um pouco lento, mesmo que “correndo”. Entretanto, em algumas ocasiões ele disparava a correr para um dos lados e caso colidisse com uma parede, ficava travado e era necessário reiniciar a fase. Em outras, ele simplesmente se lançava para uma queda longa, o que ocasionava sua morte e me fazia começar tudo de novo.
Estes defeitos por si só já são bastante incômodos, mas o estresse que eles geram é potencializado na fase final, a única batalha contra um chefe no jogo todo. Nela, devemos movimentar as colunas ao nosso redor para rebater os raios do grande cubo luminoso que se encontra no centro da fase, levando o inimigo ser acertado por seu próprio disparo. À medida que a sua vida é minada, ele rotaciona o cenário ao seu favor e devemos repetir o processo, tomando cuidado para não sermos atingidos e nem cairmos de uma altura muito grande.
Os problemas de controle de plataformas, somados ao andamento da batalha, a tornam totalmente anticlimática, uma vez que rebater os raios se torna mais um teste de paciência do que estratégia de fato.
A floresta é bonita, mas o silêncio incomoda
Como Tetragon é um jogo que requer concentração para a solução dos quebra-cabeças, já era de se esperar que a trilha sonora fosse algo mais calmo. De fato, ela combina bastante com os momentos de reflexão exigidos para cada resolução, que envolve ir e voltar diversas vezes em cada canto.
Porém, em alguns momentos, quando o jogador demora um pouco mais para achar a saída, a música simplesmente some. Ela volta normalmente caso a fase seja concluída ou reiniciada, mas ainda assim é algo que gera uma certa estranheza, porque cria uma espécie de espaço vazio na imersão.
Já o aspecto visual é um grande acerto, com seu estilo de arte bastante peculiar, como se fosse desenhado à mão. Tanto os elementos em primeiro plano quanto o cenário de fundo criam um aspecto bem-feito de “livro de histórias”, como se cada fase fosse uma página viva. O uso de cores fortes foi uma excelente decisão para conceber esse ambiente vibrante.
O único ponto incômodo é que quando estamos muito perto das laterais, algumas texturas são espalhadas pela tela, como se estivessem se desfazendo. É uma jogada visual até que bacana, mas nada prática, uma vez que isso acaba omitindo passagens escondidas pelos cantos.
Genialidade que se atrapalha
O conceito de Tetragon é muito criativo e até bem-aplicado, pois mesmo parecendo algo repetitivo na teoria, cada estágio possui uma resolução criativa única que é um prato cheio para quem curte o gênero. Infelizmente, seus deslizes de performance dificultam a diversão em certos momentos e acabam por interromper o triunfo que seria a ideia proposta pelo jogo.
Prós
- Grande variedade de quebra-cabeças;
- Belos visuais;
- Jogabilidade criativa.
Contras
- A escolha das plataformas/colunas às vezes apresenta falhas por causa da sua disposição;
- A movimentação do personagem trava em alguns momentos;
- Congelamentos no menu de pausa que obrigam o jogador a fechar o jogo e iniciá-lo de novo;
- Música some do nada em alguns momentos.
Tetragon — PC/PS4/Switch/XBO — Nota: 6.5Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela Buka Entertainment