Em 2019 a 1047 Games lançou para PC Splitgate, um jogo de tiro em primeira pessoa com temática futurista que trouxe como destaque uma mecânica peculiar que fez sucesso com outro título: o famoso Portal (Multi), da Valve. Nele, além das já conhecidas e bem difundidas características do gênero que tem como referência os jogos das séries Call of Duty, Battlefield, Halo e outros, os jogadores fazem uso de portais para se deslocar pelas arenas onde as disputas são travadas.
Já em 2021, em meados de julho, o jogo chegou aos consoles PlayStation e Xbox em estágio beta, proporcionando ainda a funcionalidade de cross-play total entre as duas plataformas e o PC. Em 27 de julho, Splitgate finalmente sairá do beta para dar início à sua primeira temporada oficial, pretendendo se firmar como mais um título interessante no cenário dos eSports e fora do já inflado gênero battle royale.
Mas o que tem de tão relevante ou interessante neste game? É o que vamos saber na análise de hoje.
Entre balas e portais
Colocando na mesa alguns dos pontos que mais chamam a atenção de imediato para Splitgate, posso citar três: não é mais um battle royale, possui cross-play e é gratuito. Para mim, já é mais que suficiente para que eu tenha pelo menos a vontade de jogar, nem que seja para ver como o jogo é, e ainda poder reunir alguns amigos pra curtir comigo independente da plataforma. Para minha surpresa, a jogatina acabou rendendo cerca de 50 partidas muito bem aproveitadas enquanto eu criava material para esta análise.
Os jogadores podem votar nas sugestões de mapas que desejam para a próxima partida |
O uso desta mecânica dimensional é fundamental para quem quer tirar o máximo de vantagens do jogo. Ela consiste, basicamente, nos mesmos fundamentos do clássico da Valve. O combatente pode disparar dois portais em qualquer ponto do mapa que possua uma parede especial, podendo então usar este artifício para se translocar de um ponto a outro da arena de forma imediata.
O uso inteligente dos portais pode virar a vantagem para o seu lado #TEAMKILL |
Uma boa colocação propriamente dita dos portais em algum ponto de vantagem na arena pode ser a diferença entre a vitória e a derrota numa partida. Graças a essa mecânica é possível realizar investidas táticas, surpreender inimigos e auxiliar companheiros que estejam em apuros. Em minhas partidas, após algumas rodadas, aprendi a fazer um uso bem inteligente desta habilidade, o que rendeu excelentes e excitantes momentos.
As possibilidades de criar jogadas decisivas são infinitas |
A cor identifica de quem são os portais: azul para aliados e vermelho para adversários. Quando a cor do time está em destaque (quando está inativo, ele é cinza), significa que há um portal de saída em algum ponto do mapa e ele pode ser usado. Porém, com exceção dos seus próprios, como já dito, você não está vendo o que tem do outro lado. Pode muito bem ser um “esquecido” ou mesmo uma armadilha inimiga. Entrar em um destes é sempre uma decisão 50/50. O resto é sorte, ou a falta dela!
Já no lado mais tradicional da coisa, o combate propriamente dito, não temos nada de tão diferente do que já estamos acostumados a ver em jogos do gênero de tiro em primeira pessoa. Apenas a falta de uma ou outra coisa, mas nada que alguém já habituado ao gênero tenha algum problema.
Desative portais inimigos para prejudicar suas táticas |
Somando tudo isso, temos partidas extremamente rápidas e ágeis realizadas em locais num esquema de arena, em que os mapas são menores e com diversas passagens, proporcionando uma jogatina rápida com mínimas oportunidades de alguém ficar escondido. Trocando por miúdos: se ficar parado, você morre!
Portais aliados e inimigos podem ser usados, mas você não consegue ver o que há do outro lado deles |
Em Splitgate, se o chat de voz da equipe não está ativo, você está parcialmente “cego no tiroteio”. Não é possível avisar um companheiro sobre uma emboscada, que uma arma está disponível em tal ponto ou mesmo agradecer por um salvamento em cima da hora. A 1047 Games lembrou de colocar uma rodinha com comandos de emotes e checar a arma, mas isso não serve para pedir ajuda ou alertar sobre o time inimigo chegando para tomar um objetivo. Eu não sei vocês, mas eu não gosto de usar chat de voz com quem não conheço.
Suas proezas individuais são destacadas na forma de medalhas |
Como você quer jogar? Pode escolher!
Outro ponto alto da experiência de Splitgate são os modos de jogo. Apesar de serem basicamente a mesma rotina de derrotar o time inimigo realizando mais abates ou tomando territórios, as formas como esses objetivos devem ser obtidos são bem variadas.
De praxe temos o popular Mata-Mata em Equipe, um favorito e obrigatório em praticamente todos os jogos do gênero. Duas equipes de quatro integrantes lutam por tempo determinado para alcançar um número de abates para vencer a partida. Acho que não preciso dizer que este é o modo mais popular e onde encontramos jogadores com mais facilidade.
Swat é um outro modo que curti bastante. Ele é semelhante ao Mata-Mata, mas as equipes não contam com o auxílio do radar de proximidade e possuem uma vantagem extra: um único tiro na cabeça, mesmo que seja da arma mais fraca, abate instantaneamente o inimigo. Esse modo, durante minhas sessões de jogo, foi o que rendeu algumas das partidas mais empolgantes e ágeis.
Os modos parecem semelhantes, mas com objetivos bem distintos a serem cumpridos |
Dominação e Rei da Colina são bem semelhantes. No primeiro modo, três pontos da arena devem ser reivindicados pela equipe e defendidos. Para cada área dominada, o grupo ganha um ponto por segundo enquanto aquele setor estiver em seu poder. A oscilação da liderança é constante e saber como manter estes territórios é crucial para a vitória.
Já o Rei da Colina funciona de forma semelhante, mas com um único ponto do mapa para ser defendido por pelo menos um membro do esquadrão. O local muda conforme o tempo passa, obrigando os jogadores a rever constantemente suas táticas para acumular pontos e vencer.
Peque a bola... E CORRA!!! |
Aniquilação é o modo que deve ser mais difundido no cenário esportivo digital. Nele temos duas variantes em que duas equipes de três integrantes disputam rodadas para definir a vencedora. Na primeira os integrantes abatidos não retornam para o combate, dando a rodada para a equipe que derrotar todos os adversários primeiro; na segunda, os inimigos abatidos retornam após o abate, mas o tempo de renascimento aumenta gradativamente conforme são derrotados. Derrotar todo o time antes de dar tempo para alguém retornar é a chave para vencer. A equipe com mais rodadas ganhas é declarada vencedora nos dois casos.
O Jogo de Armas é um dos poucos modos individuais. Para cada abate realizado, seu nível de arma sobe e você marca um ponto. Entretanto, cada vez que você derrota um adversário sua arma muda, e você deve se virar com a que aparecer na sua mão para pontuar mais. Derrotar um inimigo com um ataque corpo a corpo é difícil, mas faz com que ele perca um ponto. Use isso a seu favor quando puder!
Não dê chances para o time inimigo reagir! |
Falando em desafio, com o fim do beta em 27 de julho temos aí mais um estímulo para quem procura uma experiência desafiante com os modos ranqueados na abertura das temporadas competitivas. Dentre os prêmios, os jogadores contarão com recompensas cosméticas e splitcoins, o dinheiro do jogo.
#QuemNunca |
Você não tinha dito que ele é gratuito para jogar?
Sim, disse! E fiquei particularmente surpreso com a quantidade de conteúdo que Splitgate tem a oferecer sem precisarmos gastar um único centavo. Chequei então se havia alguma particularidade nele em comparação com outros que também são oferecidos neste formato, como Rocket League (Multi) e Fortnite (Multi).
Passes de batalha estarão disponíveis assim que Splitgate sair do beta, mas um passe especial gratuito está disponível para quem jogá-lo antes do dia 27 de julho, com itens cosméticos exclusivos para quem participou do período. Ele possui oito níveis e consegui obtê-lo facilmente durante o último fim de semana. Desafios também estão presentes, premiando o jogador majoritariamente com itens de caráter unicamente estético.
Típico deste formato, há uma loja para comprar o dinheiro do jogo, passes e itens cosméticos |
Outra modalidade de passe está disponível e tem um funcionamento interessante, o de indicação. Como o nome já implica, ele consiste na obtenção de recompensas baseada no número de pessoas que você convidar para jogar Splitgate. Ao chamar um amigo para entrar pela primeira vez, você fornece um código para que ele registre, indicando que está ali graças a você. Quando seu amigo alcançar o nível 10 de jogador, receberá 50 splitcoins, e você também receberá algumas moedas e pontos para seu passe, que rende ainda alguns itens cosméticos exclusivos.
Chame amigos pro jogo e ambos ganham recompensas. Você pode usar o meu código se quiser! |
Bom, bonito e de graça!
O que começou como uma despretensiosa jogatina de fim de semana para mais um jogo gratuito acaba sendo uma ótima recomendação a quem procura desafio, competitividade e um excelente custo-benefício para um gênero que muitas vezes acaba sendo mais do mesmo. Se não acredita em mim, te desafio a jogar Splitgate agora mesmo. Se ele não fosse gratuito, até me comprometeria em devolver seu dinheiro caso eu esteja errado. Nos vemos na arena!
Prós
- A mecânica de portais adiciona um ótimo fator de gameplay ao gênero de tiro em primeira pessoa;
- Pouca dificuldade para encontrar partidas;
- Partidas rápidas, cheias de ação e com vários modos de jogo diferentes;
- O Passe de Indicação estimula a entrada de mais jogadores;
- Suporte ao cross-play total;
- Cara, é de graça!
Contras
- Ausência de uma ferramenta de comunicação básica para conversar com o time, limitada ao chat de voz;
- Sem premiação por conquistas individuais, como melhor jogador da partida, maior número de abates, mais tempo sem morrer, etc.
Splitgate – PC/PS5/PS4/XSX/XBO – Nota: 8.0Versão utilizada para análise: PlayStation 4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital gratuita adquirida pelo redator