Análise: Radio Viscera (PC) é uma sangrenta e descompromissada aventura de sobrevivência

Fuja e sobreviva à caça de uma seita satânica enquanto é cercado por muitos obstáculos, sangue e bugs.

em 12/07/2021

Radio Viscera é um jogo de ação 3D com visão isométrica produzido pelo estúdio canadense Fire Face e publicado pela Alliance. Nele, você é um fugitivo que tenta sobreviver aos ataques dos seguidores da seita satânica conhecida como Y2K. Por mais sinistro que possa parecer, Radio Viscera é um jogo bem-humorado e descompromissado com a realidade, nos apresentando um gameplay frenético, com muito sangue e uma porção considerável de bugs. Prepare-se para correr e explorar os cantos obscuros de um prédio recheado de armadilhas e inimigos que tentam a todo custo impedir sua fuga.

O fim do mundo está próximo e sua salvação está aqui

Em sua primeira cutscene, ao melhor estilo de comercial de televisão, Radio Viscera nos contextualiza de sua quase profética mensagem de fim de mundo. Convencendo a população de que o apocalipse está próximo, o DWC, Dimensional Wellness Center (Centro de Bem-Estar Dimensional), está construindo um refúgio equipado e preparado para recebê-los e protegê-los do mal que está por vir. Sem muita enrolação, somos jogados direto pra ação.

Após uma explosão no local, passamos a controlar o protagonista em meio aos escombros e é dado início ao tutorial do jogo. Inicialmente somos apresentados a obstáculos para praticar a movimentação e os pulos do personagem, importante em pequenos trechos de plataforma que aparecerão. Logo a seguir encontramos a arma de ar, seu único equipamento disponível na aventura, capaz de empurrar seus inimigos para longe. Quando a Y2K decide que você não é merecedor de estar no DWC, hordas de inimigos são lançadas em seu caminho para te exterminar.




Radio Viscera é dividido em 15 fases que se passam nos mais diversos setores da DWC. Ao longo de seus cenários fechados, você deve empurrar as hordas de inimigos em armadilhas como prensas, trituradores e piscinas de ácido, para tentar escapar. O caminho a se seguir é sempre linear, com a câmera se movimentando de maneira sutil na direção correta. No entanto, é possível, com o apertar de um botão, exibir uma seta que indicará o caminho correto, mesmo que não funcione perfeitamente em alguns momentos.

Alguns trechos apresentam segmentos alternativos, normalmente nos guiando até os colecionáveis de cada fase. Coletando todos, é possível desbloquear diversos itens de personalização do protagonista, além de algumas melhorias na sua arma de ar. Durante a jogatina, acabei não encontrando muitos desses itens por ficar sempre concentrado em tentar escapar vivo do tiroteio. Além disso, senti que a câmera fixa tornou o encontro desses caminhos menos intuitivos, porém isso não foi um problema, pois não interferiu na minha progressão.




As mecânicas de combate e exploração não apresentam mudanças significativas durante o jogo. Sua arma de ar é capaz de destruir um certo tipo de parede, vidros e empurrar seus inimigos para longe, e esse gameplay é o mesmo até o fim do jogo. Por não ser muito longo, essa limitação acaba não sendo tão cansativa quanto parece. No entanto, quando você morre diversas vezes em um determinado trecho e passa a ter que repeti-lo, ficar atirando e fugindo dos mesmos inimigos se torna uma atividade cansativa. 

Muito sangue e bugs espalhados por aí

O principal destaque de Radio Viscera fica para o banho de sangue que é possível fazer nas diversas armadilhas espalhadas pelos cenários. Tudo fica mais bem-humorado e descompromissado da realidade com a movimentação dos seus inimigos, parecendo verdadeiros bonecos de pano. Não existe muita variedade em seus perseguidores, porém todos possuem suas particularidades, seja de movimentação, seja de ataque. Alguns deles atacam com armas de fogo, enquanto outros usam ataque corpo a corpo, sendo que cada um necessita de uma estratégia para ser eliminado. Ao final de cada fase, é possível salvar GIFs de jogadas selecionadas pelo jogo, podendo ser uma morte sua ou dos inimigos.

Para ativar as armadilhas, é necessário apenas jogar os inimigos próximo a elas. Cada uma possui sua particularidade, podendo interagir com alguns elementos do cenário. Um pequeno problema na utilização da arma acaba atrapalhando na hora de acertar seus alvos. A mira funciona em 360º, seguindo o posicionamento do mouse ou do analógico direito do controle. Por conta da visão isométrica, em muitos casos, a sua mira passa a acertar partes distantes do cenário, pois seu posicionamento não está precisamente em cima do inimigo. Isso se torna cansativo, uma vez que não é possível atirar muitas vezes seguidas.




Caso tenha perdido uma parte da barra de vida devido ao ataque de seus inimigos, é possível recuperá-la apenas jogando-os nas armadilhas; isso quando a inteligência artificial faz isso sozinha. Caso a vítima seja você, a morte é instantânea. O posicionamento da câmera costuma interferir nessas situações, pois as armadilhas podem ficar encobertas por paredes.

Um ponto positivo é a possibilidade de usar diferentes estilos de jogo para passar de fase. Para os mais apressados, é possível apenas correr e desviar dos ataques, sendo obrigatório derrotar os inimigos apenas em alguns trechos específicos. Aos que procuram mais ação e exploração, derrotar os inimigos e percorrer os cantos do cenário também é possível. Todas as suas ações contam pontos, registrados no final da fase, que podem ser usados para desbloquear novos visuais para o protagonista e competir em um ranking com outros jogadores. Logo, o jogo atende tanto aos que gostam de fazer speedrun quantos aos mais fanáticos por pontuação.




Toda essa aventura também é acompanhada de alguns, porém persistentes, bugs. A movimentação maluca do protagonista foi um certo problema para os trechos que envolvem plataformas. Quando os pulos eram realizados próximos a paredes, era comum o personagem travar de forma que, para soltá-lo, era um certo sofrimento. Isso quando o pulo não atravessava a parede e fazia o protagonista cair no meio do nada, fazendo-o morrer e reiniciando o trecho desde o início.

Acompanhando toda a ação havia uma bela trilha sonora de rock intenso… que só tocava quando queria. Foram tantos casos de ficar jogando sem música que Radio Viscera se tornou meu companheiro de podcast. A música, quando havia, era realmente boa e dava muito mais emoção ao jogo. Porém, jogar apenas com efeitos sonoros de armas e corpos sendo estraçalhados em armadilhas torna a experiência mais tediosa e desinteressante.




Ocorreram ainda alguns crashes, principalmente quando as cutscenes estavam passando. O jogo apenas fechava e, quando reiniciado, iniciava do ponto seguinte à cena, não afetando a progressão. Isso me fez perder alguns trechos da história, o que no fim das contas não interfere em nada. Durante as cenas, aparece um botão gigante na tela para acelerar as cutscenes, me fazendo pensar que tudo aquilo não é uma prioridade. E de fato está longe de ser uma prioridade. Não existe nada muito elaborado e a história serve apenas para dar uma justificativa para a ação do jogo.

Um jogo de sobrevivência e paciência

Radio Viscera é uma interessante aventura para se passar o tempo, não mais que isso. Ele está longe de ser um jogo excelente e revolucionário, destacando-se apenas em apresentar um gameplay de ação cercado de bom humor. Mesmo curto, a possibilidade de explorar os cenários para encontrar colecionáveis e tentar pontuações maiores consegue estender bem a sua vida útil. Os bugs recorrentes interferem muito na experiência, fazendo com que diversos trechos se tornem frustrantes e repetitivos. Fica como recomendação apenas para os mais interessados em jogos nesse estilo e que estejam procurando algo para passar o tempo.



Prós

  • Gameplay frenético recheado de bom humor;
  • Possibilidade de salvar jogadas em formato .gif;
  • Muitos itens de customização;
  • Possibilidade de utilizar diferentes estratégias para passar de fase;
  • Uma boa trilha sonora (quando tinha).

Contras

  • Muitos bugs gráficos e de movimentação do personagem;
  • A trilha sonora só aparece quando quer;
  • O posicionamento da câmera atrapalha a mira;
  • O indicador de caminho não funciona perfeitamente;
  • A câmera fixa interfere na exploração e no encontro de armadilhas;
  • Alguns crashes em meio às cutscenes.
Radio Viscera – PC – Nota: 6.0
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Alliance


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