Análise: Wing of Darkness (Multi) explora o drama da guerra em meio a combates aéreos

Belas cutscenes e mapas repletos de inimigos marcam este simulador aéreo.

em 06/06/2021


No controle das poderosas Held System, armaduras com capacidade de voo é alto poder de fogo, uma proeminente piloto deverá enfrentar objetos voadores não identificados em intensos embates aéreos enquanto aprende a lidar com a rotina de um dia a dia que tenta se aproximar do cotidiano normal da vida, mas que agora se vê em meio a um mundo tomado por uma força ameaçadora.

Esse tipo de jogo é popular por colocar o jogador no controle de aeronaves em fases de mapa aberto e com certa liberdade de movimento, proporcionando manobras divertidas e embates repletos de perseguições, ficando famoso em franquias como Ace Combat. 

Apesar de carecer de um pouco mais de profundidade no enredo, Wing of Darkness traz uma experiência sólida ao gênero.

“Inimigo do meu inimigo é meu amigo”

Quando o perigo é universal, as diferenças costumam ser postas de lado, até mesmo por grandes rivais, e uma aliança é forçadamente criada. É nesse palco que as nações bélicas decidem cessar seus conflitos e voltar a atenção para a chegada de um inimigo em comum chamado de Blankers, uma forma de vida alada misteriosa que almeja a destruição dos humanos. 

Essa é a premissa para a narrativa do jogo, que nos apresenta a uma jovem de origem humilde chamada Klara Ernst. A garota busca entrar para as forças armadas como cozinheira na tentativa de ajudar nas despesas de seus familiares. A tímida personagem só não contava que em seu interior reside a habilidade necessária para se tornar uma usuária do chamado Held System, uma espécie de armadura voadora capaz de combater a ameaça inimiga de igual para igual. Com seu potencial rapidamente descoberto por seus superiores, ela é transferida para a unidade de aviadores especiais na qual será capacitada a ingressar na força conhecida como Fraulein.




Apesar do clima acolhedor incentivado pelo responsável de sua nova unidade, a novata é inicialmente hostilizada pela veterana Erika em uma relação de rivalidade e companheirismo. É sob a ótica das duas personagens que a narrativa é contada. Acompanhar o desenvolvimento do vínculo das duas Fraulein é algo interessante, principalmente por essa alternância entre elas que nos dá uma visão mais ampla do contexto de cada acontecimento na história.

O único porém em toda essa história é que o jogo tenta transmitir o peso de se estar vivendo em um mundo tomado pelo conflito, mas carece de cenas que demonstram a carga dramática necessária. O ambiente no quartel chega a ser excessivamente simpático, o que em certos momentos nos distanciam do cenário assustador e emergencial de um ser poderoso e desconhecido que almeja destruir a todos. Além disso, fica um grande ponto de interrogação sobre a natureza dos Blankers e até mesmo sua forma física, já que durante as fases eles estão se movimentando em alta velocidade pelo mapa.

 


Recorrer a presença de coadjuvantes adicionais que pudessem ser vítimas durante a campanha seria uma boa alternativa de criar um laço com um personagem para mais tarde vê-lo sendo desfeito de maneira impactante. Não que o jogo seja desprovido desses momentos, muito pelo contrário, desfechos chocantes estão reservados ao jogador e com o desenrolar da trama descobrimos que o fardo dos Fraulein vai muito além da responsabilidade de vencer a batalha para a raça humana. Embora seja curta, a campanha conclui a jornada da dupla de pilotos sem colocar um ponto final para possíveis sequências.

Exército de um piloto só

No controle do Held System, aqueles que já jogaram simuladores de combate aéreo como Ace Combat irão se familiarizar rapidamente com a jogabilidade de Wing of Darkness. Embora se trate de uma pessoa voando em um traje bélico, seu comportamento é idêntico ao de uma aeronave, tanto na forma de movimentar-se quanto na hora de alvejar os alvos.




Um pequeno resumo do que esperar antecede cada missão, informando os objetivos, as condições de vitória e até mesmo a condição do clima. Nessa mesma tela é possível acessar a opção de carregamento do nosso traje, podendo equipá-lo com até três tipos de armamentos, distinguindo-se entre canhões de alto calibre, metralhadoras giratórias, mísseis teleguiados e até mesmo lasers. A diversidade é relevante, permitindo testar composições diferenciadas para cada missão ou, caso o jogador queira apenas desfrutar da ação, a opção de equipar automaticamente está disponível.

Os objetivos são relativamente simples, resumindo-se a missões de interceptação do inimigo e destruição de alvos específicos. A interface nas fases auxilia com uma série de informações sem poluir a tela excessivamente. O radar informa a chegada de inimigos e projéteis, enquanto vemos medidores para velocidade, altura e munição, além de um sistema de mira que pode ser manual ou automático. Esse último, por sinal, se mostrou muito eficiente em momentos de alta velocidade em que é preciso saber compensar a direção dos tiros em relação ao deslocamento dos adversários.




E por falar em alta velocidade, ela é um elemento constante no jogo. Em determinados momentos você se vê perseguindo Blankers muito velozes ou cercado por uma série deles disparando livremente na sua direção. Em ambos os casos, é necessário agilidade na hora de controlar nossa personagem, realizando manobras de evasão ou mantendo o curso atrás de um alvo tentando fugir. 

É possível acelerar drasticamente em todos esses momentos enquanto durar a barra de boost, não sendo necessária nenhuma parcimônia em seu uso, já que tanto ela quanto as munições e a vida recarregam automaticamente após um período de tempo.

Os combates me trouxeram um misto de nostalgia e diversão pelas semelhanças com o Star Fox e o Ace Combat 3, títulos que joguei com afinco em suas respectivas plataformas. Embora a dificuldade seja bem modesta, a sensação de estar controlando uma poderosa máquina alada é bem verossímil graças ao som dos tiros e as explosões dos alvos atingidos, enquanto que os efeitos do deslocamento com o turbo ativado ajudam na imersão do combate.

Recortes de um diário de guerra

Conforme mencionado anteriormente, a campanha transcorre através dos relatos de Klara e Erika. Elas narram os acontecimentos como se estivessem conversando com o jogador ou até mesmo registrando tudo em algum diário. Cada acontecimento é transmitido por meio de imagens em computação gráfica inspiradas na arte da animação japonesa. Algumas delas demonstram um grande capricho nos detalhes, principalmente nos cenários que chegam a confundir com fotografias reais. 

Já os detalhes nas fases não contam com o melhor dos gráficos da geração, ficando atrás de outros títulos do mesmo gênero lançados anteriormente. Ainda assim, eles conseguem entregar a experiência e a adrenalina de enfrentar os Blankers em contendas velozes.




Quase um Ás da aviação

Wing of Darkness consegue conciliar um roteiro com evolução consistente e personagens que desenvolvem uma relação cativante que resultam em desfechos impressionantes. Embora careça de momentos iniciais que criem uma atmosfera de tensão capaz de imergir o jogador no mundo ameaçado por uma força destrutiva desconhecida, o título ainda é capaz de trazer um desfecho emocionante para as duas personagens que conduzem a trama. 

Levando em conta suas limitações gráficas, a jogabilidade reforça o potencial de diversão dos simuladores de combates aéreos, um tipo de jogo pouco explorado na indústria atual ou subaproveitado em outros gêneros. Isso o coloca como uma opção divertida para os fãs e uma boa porta de entrada aos iniciantes devido à simplicidade das missões.




Prós

  • Belo estilo artístico das cutscenes;
  • História com desfecho impactante;
  • Boa variedade de armamentos;
  • Sonoplastia e explosões dos tiros convincentes.

Contras

  • Campanha curta;
  • Falta de aprofundamento dramático no cenário bélico e na apresentação dos vilões;
Wing of Darkness — PC/PS4/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Farley Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Clouded Leopard

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