Crisis Beat (PS1) é uma alucinante corrida contra o tempo

Em meio a um atentado terrorista em um navio, sua missão é salvar o mundo e resgatar uma garotinha.

em 27/06/2021



No alvorecer da época das locadoras de jogos, por volta da primeira década dos anos 2000, não são poucas as pessoas que dividem memórias sobre gastar muito tempo indo jogar os videogames e jogos que não tinham. Para mim, um desses jogos era Crisis Beat (PS1). Havia um navio, inimigos fardados e a possibilidade de jogar no modo cooperativo com outro amigo.


Antes de trazer Crisis Beat para a sessão do Blast from the Past, me recordei que nunca havia terminado sua história, e isso foi um grande motivador para mim. Como eu poderia ter tantas lembranças sobre pagar dois reais para jogar duas horas de PlayStation, quase todo dia de manhã antes de ir para a escola, e ainda assim nunca ter finalizado esse jogo?




Entre recordações de pequenas cenas de fases, alguns chefes e até táticas dos personagens principais, decidi jogar novamente e descobrir como termina essa narrativa e o que tanto me prendeu nela.

Um navio de luxo, quatro heróis e uma arma bioquímica

Crisis Beat é um jogo do gênero beat ’em up, também conhecido como brawler, onde você enfrenta diversas ondas de inimigos até chegar em chefões. O título foi lançado em 1998 para a PlayStation no Japão, e posteriormente na Europa em 2000. Feito pelo estúdio Soft Machine e publicado pela Bandai, ele nunca chegou a fazer sua estreia no mercado norte-americano.




A história de Crisis Beat é um roteiro batido, mas ainda assim pode prender a sua atenção. O enredo gira em torno de quatro personagens principais e um atentado terrorista que ocorre a bordo do navio em que estão. Os protagonistas fazem duplas e são eles:
  • Eiji Garland, um policial americano de Nova Iorque, típico protagonista dos filmes de ação dos anos 90;
  • Julia Jefferson, uma lutadora de wrestling que teve a amiga sequestrada durante a invasão;
  • Keneth Kirova, um agente russo de poucas palavras e que fica o jogo inteiro com as mãos nos bolsos, pois só usa as pernas para o ataque;
  • Han Feisu, uma jovem que trabalhava no navio e usa uma vassoura como sua principal arma;

Os heróis precisam derrotar grupos e mais grupos de inimigos até chegar nos chefes de cada estágio. A missão principal é deter um grupo terrorista que invadiu a embarcação com o intuito de detonar uma arma química capaz de destruir o mundo. 

A motivação do grupo de vilões não é nenhum plano mirabolante. Para o terrorista líder, trata-se apenas de exterminar a raça humana, que já fez mal demais ao planeta. De alguma forma, a chave para a ativação dessa arma é Miley, uma garotinha amiga de Julia Jefferson e que foi sequestrada. Detalhes não são fornecidos, apenas uma fala de que todo o corpo, voz e olhos da garota podem ativar a arma.


Ao fim da jornada, os heróis precisam decidir entre parar os vilões em um submarino acoplado ao navio ou derrotar o chefe dos terroristas. Independentemente do caminho que você escolher, a luta contra o boss é o final, o que deixa o enredo em aberto.

Crisis Beat é um clichê, por vezes um clichê meio sem pé nem cabeça. Você é simplesmente jogado na situação e não tem grandes explicações. O jogo não deixa de ser divertido, pois o gênero por si já é bastante animador. Contudo, a trama está longe de ser das melhores. 


Com várias pontas soltas, ela é apenas aceitável se considerado o ritmo de correria que permeia o enredo. Com um pouco de Duro de Matar em um tempo reduzido, você consegue finalizar a aventura em aproximadamente duas horas. Ele é divertido até certo ponto e nada mais.

Simples até demais?

Os estágios de Crisis Beat são curtos e rápidos. Você sempre tem um marcador de tempo em contagem regressiva no topo da tela. A lógica seguida é limpar determinada cena de inimigos e continuar prosseguindo até se encontrar com algum chefão.




Os gráficos e o cenário não fogem do escopo que o hardware do console permite. Um destaque positivo é a possibilidade de interagir com alguns objetos do cenário. É praticamente certo que haverá algo que possa ser quebrado ou utilizado para bater em inimigos, como lixeiras, bancos de madeira e galões de metal.

Não somente os objetos podem ser quebrados, como alguns inclusive podem fornecer itens, apesar de isso ocorrer em bem menor quantidade. Ora surgem kits de primeiros socorros que recuperam um pouco da vida, ora uma espécie de arma de fogo que é usada imediatamente após sua descoberta.




Não há, no geral, outros objetos que possam ser usados. Por vezes alguns dos inimigos podem soltar cassetetes ou facas no chão; você também pode usá-los, porém não são muito efetivos. O grande foco do combate vai, com toda certeza, para o combate desarmado e as habilidades dos próprios personagens.

O jogo segue com uma câmera que ocasionalmente muda de ângulo. Ela não varia muito, buscando sempre enquadrar o personagem e a cena, porém fica em ângulos estranhos. A sensação é de estar jogando um jogo com câmera fixa que do nada se torna uma câmera de vigilância. Essa ocasião pode atrapalhar em lutas em que você se prende no canto e a câmera não pega essa visão.




As cutscenes não fogem muito do escopo do jogo em geral e dividem espaço com cenas de CGI. Minha experiência com elas não foi das melhores, dadas as legendas em inglês da versão europeia, que às vezes parecem atrasadas ou pixeladas o bastante para confundir a leitura. 

A jogabilidade, por sua vez, é simples. Não existem grandes combos a serem feitos, pois há apenas dois botões capazes de desferir golpes, tanto fracos quanto fortes, que podem ser misturados em sequência. Outros botões incluem um de pular e outro que libera uma espécie de poder, que acaba consumindo um pouco na barra de vida dos personagens.




Parece que os personagens possuem combos definidos, o que mina um pouco da liberdade do jogador. Os personagens também podem realizar golpes de perto enquanto agarram o oponente, o dano infligido é menor que o de uma sequência, o que pode exigir uma boa reflexão da parte dos jogadores.

Algo que anima o jogo é a trilha sonora intensa no estilo arcade. Ela, infelizmente, não está presente ao longo de todo o gameplay.

Quando o relógio para

Crisis Beat é um jogo simples e que pode trazer alguns momentos de diversão. Não é o tipo de jogo que se passa horas e mais horas viciado, até porque ele não é tão longo assim. Confesso que minha memória afetiva pode ter feito o jogo parecer melhor do que realmente é, e nesse caso ele é no máximo "ok".




Revisão: Davi Sousa


É formada em Arquivologia pela UNIRIO. Amante de RPGs antigos e que quase enfartou com Fatal Frame, é fã assumida da série Red Dead e sempre se pergunta quando farão um crossover de Jurassic Park e Dino Crisis.
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