Análise: Moss (PC/PS4) nos devolve a bravura diante dos desafios

Embarque em uma aventura em realidade virtual junto a uma pequena ratinha cheia de coragem e determinação.

em 30/05/2021
Moss

Já imaginou receber uma grande e assustadora missão quando se sente pequeno e impotente diante do problema a ser enfrentado? Moss (PC/PS4) nos mostra que nada pode nos impedir de vencer obstáculos se tivermos determinação e alguém em quem confiar.


Ultimamente a vida tem sido desafiadora para a grande maioria das pessoas. Apesar de tentarmos nos manter fortes, muitas vezes as dificuldades cotidianas abalam nossa confiança e nos fazem duvidar de nossa capacidade de superação. Desta forma, sentimos que somos menos capazes do que precisamos e que provavelmente iremos falhar nas tarefas que nos são atribuídas. Embora essa sensação seja frequente, ela quase nunca condiz com a realidade, e foi no dia em que tive a oportunidade de jogar Moss que isso ficou ainda mais claro para mim. 

Pelo folhear das páginas

Moss

Começamos o jogo em um grande salão com um livro sobre uma mesa de madeira. O ambiente é enorme e por estarmos em uma experiência em realidade virtual, a sensação de que somos pequenos fica ainda mais palpável. Ao abrirmos o livro, a história de Quill passa a ser narrada ao jogador. Pequena e bastante expressiva, a personagem se movimenta de forma fluida e apresenta bastante personalidade mesmo se comunicando apenas por pequenos sons e sinais.

Diferente da maioria dos livros, neste somos transformados em um personagem da história chamado Reader. Quill desperta entre as raízes de uma árvore e encontra uma pequena pedra esverdeada, mais tarde identificada como Glass. Depois disso temos o primeiro contato com a ratinha, interagindo com ela e com seu mundo por meio de uma esfera de energia mágica.

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O jogador controla os movimentos de Quill, como andar, pular, esquivar e atacar, ao mesmo tempo que direciona o controle com os sensores de movimento para qualquer coisa com a qual pretenda interagir. O ambiente muitas vezes reage aos toques da esfera de modo que seja possível quebrar caixas e barris, puxar elementos de metais e pedras, interagir com animais e até mesmo acariciar e fazer um high five especial com sua pequena parceira.

Em certos momentos tive dificuldade para compreender como ativar um artefato encontrado ou uma função nova. Embora os controles passem a ser naturais ao longo do jogo, alguns pequenos detalhes parecem pouco intuitivos, necessitando de um pouco mais de contextualização.

Há também elementos colecionáveis para agradar aos jogadores que gostam de caçar conquistas nos jogos. Essências coloridas e pergaminhos com pedaços de um vitral a ser completado podem ser encontrados nos ambientes por aqueles que topam um desafio a mais.

A busca pelos meios

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É comum que desafios nos assustem, mas o que muitas vezes esquecemos de considerar é que em meio aos processos que vivemos, somos expostos a inúmeras oportunidades para encontrar novas ferramentas e aperfeiçoar nossas habilidades. Isso acontece quando arriscamos tentar algo que nos é pouco habitual, e é exatamente quando cometemos erros que mais aprendemos sobre como lidar com um determinado problema.

Em Moss, Quill deve enfrentar puzzles e combates para conseguir novas espadas e armaduras. Esses itens dão novas habilidades à protagonista e possibilitam diferentes formas de prosseguir pelas fases. Quando o jogador falha ao tentar atravessar alguma tela, acaba sendo obrigado a explorar outras saídas, tornando-se cada vez mais preparado para enfrentar o grande vilão da história.

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Quando Quill encontra o Glass, ela o mostra a seu tio Argus, revelando que uma magia antiga foi despertada. Na intenção de resolver sozinho o problema com uma força maligna que ameaça aquele mundo, Argus acaba ficando em perigo. Durante a madrugada, uma luz vem ao encontro de Quill e a avisa de que seu tio corre perigo, incumbindo à pequenina a tarefa de salvar seu mentor e enfrentar o que vem aterrorizando os seres da clareira em que vivem. Embora a missão pareça impossível, Quill não está só. Assim como Reader está ao lado da ratinha oferecendo suporte para que ela consiga travar sua própria jornada, muitas vezes contamos com pessoas em nossas vidas que embora não possam viver nossas batalhas, trazem o suporte que precisamos para renovar nossa autoconfiança.

Apesar da relação entre Quill e o jogador se estabelecer de forma tão consistente, a trama é curta e se encerra pouco tempo depois de encontrarmos todos os equipamentos escondidos nos baús. Isso causa uma certa frustração, já que quando estamos aptos para colocar nossas novas habilidades em prática, temos poucas oportunidades para explorá-las. 

Submerso na história

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Quando nos reconhecemos como personagem que compõe a história de Moss, nossa primeira aparição se dá dentro de um lago. Estamos dentro da água e no reflexo é possível enxergar uma máscara que cobre nosso rosto. O ambiente todo que nos envolve é apresentado em tamanho real, partindo de uma perspectiva de alguém que está rente ao chão, próximo a joaninhas, flores e pedras. Ao olhar para cima, vemos copas de árvores e um céu deslumbrante. As pequenas casas parecem compor uma maquete detalhada de um lugar vivo, com vestígios de minúsculos moradores que por ali passaram.

A forma como somos posicionados favorece uma experiência imersiva, pois nos sentimos realmente presentes naquele universo, mas sem provocar motion sickness. Geralmente costumo enjoar com jogos em realidade virtual quando me desloco pelo cenário, mas em Moss o jogador fica em uma posição fixa na cena, acompanhando os personagens com o olhar e com o controle.

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Embora não sejamos os protagonistas da aventura, o game conseguiu despertar em mim a sensação de agência que busco ao jogar. Quill talvez não pudesse enfrentar a jornada sozinha, mas com minha ajuda como Reader, pudemos juntar nossas habilidades e atravessar o que surgisse em nosso caminho.

Houve momentos em que me senti intimidada por combates que pareciam impossíveis de vencer ou puzzles aparentemente irresolúveis. Até mesmo Quill vacilou em sua coragem em algum momento, mas quando percebeu que tinha a mim, retomou a bravura e voltou ao seu objetivo com ainda mais determinação.

Assim como ela, pensei algumas vezes em desistir — só não contava com a intensidade do apelo emocional em Moss que teria sido criado nos momentos de estreitamento de vínculo com minha companheira. Já não queria vencer as fases por mim. Queria ajudar Quill a atingir seu objetivo, e ela contava comigo.

Para os capítulos da vida

Moss me lembrou de que o medo é um sentimento compreensível diante do desconhecido, mas que a bravura nos leva além do que esperávamos quando nos consideramos tão pequenos e impotentes diante de tudo, ainda mais quando podemos contar com companheiros de jornada que estão lá para nos apoiar e ensinar lições valiosas para a superação de nossas provações.

Moss

Prós

  • Ambientação imersiva e deslumbrante;
  • Posicionamento que evita motion sickness;
  • Personagem principal extremamente cativante;
  • Jogabilidade inovadora;
  • Puzzles e combates desafiadores.

Contras

  • Trama curta, que se encerra quando parece que está para começar;
  • Algumas interações pouco intuitivas.
Moss – PC/PS4 – Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital adquirida pela própria redatora

 



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